Desde 1983 não se via um fluxo tão grande de emigrantes deixar a Itália, mas a fuga de cérebros custa ao país 5 bilhões de euros por ano
Os italianos voltam a emigrar. Em 2012, 78.941 habitantes da península, inscritos no Aire (Registro dos italianos que residem no exterior), deixaram o país. É o número mais alto desde 1983, o que representa um aumento de 30% em relação a 2011, ano em que 60.635 pessoas partiram. O dado, no entanto, está bem abaixo do real, visto que a maior parte dos emigrantes não está inscrita no Aire ou se inscreve somente após deixarem o país.
O que é certo, porém, é que a Itália está sofrendo uma nova onda emigratória e os pesquisadores apontam uma tendência de crescimento para 2013. Infeliz consequência da crise econômica internacional, que inclui falta de emprego e de perspectiva no país e força milhares de italianos a procurarem oportunidade em outros lugares. O fenômeno lembra a última onda real de emigração que afetou o Belpaese, após a Segunda Guerra Mundial. Depois de 1945, a Itália se resumia a ruínas e, ao longo dos 15 anos seguintes, cerca de 4,5 milhões de pessoas foram forçadas a reconstruir suas vidas distantes de casa.
Hoje, como naquela época, os que partem são principalmente as pessoas entre 20 e 40 anos, parte da população que representa 44,8% do fluxo para o exterior. Ao contrário daquele momento em que os jovens levavam cultura e força, hoje eles são qualificados, muitas vezes altamente especializados e portadores de um precioso know-how. É a chamada “fuga dos cérebros”, que ameaça subtrair uma riqueza inestimável de talentos da sociedade italiana, reduzindo assim as esperanças de recuperação do país. Por outro lado, quando não conseguem segurar as mentes mais jovens e fervorosas, as esperanças de criar inovações, tornando-se competitivos em um mercado global cada vez mais complexo, tendem a ficar por um fio. Se o capital econômico se vai com as empresas que se ‘deslocalizam’, com os jovens que emigram se perde o capital humano, recebido de braços abertos nas universidades, nos centros de pesquisas e nas empresas do mundo todo.
Para o presidente da Confederação das Indústrias Italianas, Giorgio Squinzi, a ‘fuga dos cérebros’ custa ao país 5 bilhões de euros por ano.
— Basta pensar que cada pesquisador é um investimento coletivo de 800 mil euros — observou o número um da Confindustria.
O fenômeno, no entanto, vem acontecendo há algum tempo e compreende mais de um terço dos emigrantes: dos 2.320.645 expatriados a partir de 1990, quase 600 mil pertencem à faixa etária compreendida entre 20 e 40 anos.
Maior parte vem da Lombardia, e não do sul, como nas décadas anteriores
De forma geral, no final de 2012, os italianos residentes no exterior chegaram a mais de quatro milhões: mais precisamente, a 4.341.156. O identikit que é possível traçar sobre a base dos dados fornecidos pelo Aire indica que, atualmente, os que abandonam a Itália são mais homens (56%) que mulheres (44%), em grande parte jovens e provenientes principalmente do norte do país. Ainda sobre esse aspecto, se observa uma nítida pausa em relação aos grandes fluxos de saída dos séculos XIX e XX, quando era principalmente a população do sul a tomar o caminho rumo ao exterior. Em 2012, pelo contrário, a maior contribuição ao fenômeno migratório veio da Lombardia, região da qual partiram 13.156 novos inscritos no Aire. Logo após os lombardos, se posicionam os vênetos (7.456) e, em seguida, os sicilianos (7.003), os piemonteses (6.134), os oriundos do Lácio (6.134), da Campânia (5.240) e os da Emília-Romanha (5.030). Do total, 62% escolheram permanecer na Europa, enquanto, fora do Velho Continente, a meta preferida passou a ser a América do Sul, seguida das Américas do Norte e Central e, por fim, da Ásia, África e Oceania. Em termos absolutos, o fluxo migratório mais consistente destina-se à Alemanha, escolhida por 10.520 italianos. Logo depois, aparecem Suíça (8.906), Grã-Bretanha (7.520) e França (7.024). Do outro lado do oceano, os destinos mais cotados são Argentina (6.404), Estados Unidos (5.210) e Brasil (4.506), três países caracterizados por uma histórica e significativa presença italiana.