BIANUAL

BIANUAL

A partir de
Por R$ 299,00

ASSINAR
ANUAL

ANUAL

A partir de
Por R$ 178,00

ASSINAR
ANUAL ONLINE

ANUAL ONLINE

A partir de
Por R$ 99,00

ASSINAR


Mosaico Italiano é o melhor caderno de literatura italiana, realizado com a participação dos maiores nomes da linguística italiana e a colaboração de universidades brasileiras e italianas.


DOWNLOAD MOSAICO
Vozes: Cinco <br>Décadas de Poesia Italiana

Vozes: Cinco
Décadas de Poesia Italiana

Por R$ 299,00

COMPRAR
Administração Financeira para Executivos

Administração Financeira para Executivos

Por R$ 39,00

COMPRAR
Grico Guia de Restaurantes Italianos

Grico Guia de Restaurantes Italianos

Por R$ 40,00

COMPRAR

Baixe nosso aplicativo nas lojas oficiais:

Home > La gente, il posto

La gente, il posto

13 de junho de 2011 - Por Comunità Italiana

Caffè Greco

Muitas cidades italianas têm o maior orgulho em exibir o café mais antigo da cidade, que representa uma espécie de “pai dos cafés” e onde se respira história. Em Florença existe o Caffè Giubbe Rosse. Em Pádua, ninguém pode visitar a cidade sem fazer uma paradinha em seu café mais famoso, o Caffè Pedrocchi.

Em Roma não poderia ser diferente. Seu café mais antigo é, como diz o nome, o Antico Caffè Greco e fica na via Condotti, a rua mais elegante e cara da cidade. Foi fundado em 1760 e muitos famosos passaram por ele, como: Gabriele D’Annunzio, Gogol (um verdadeiro fã de Roma), Giacomo Leopardi, Carlo Levi, Schopenhauer, Richard Wagner, Orson Welles, Casanova, Goethe.  Era um café onde se reuniam os intelectuais. E até hoje tem esta função, em encontros organizados no local.

Para quem quiser ter o privilégio de visitá-lo, um café no balcão custa o mesmo preço de um café qualquer de Roma. Mas quem quiser apreciar os antigos quadros, esculturas do local e quiser curtir o café sentado, tem que estar preparado a pagar bem mais que o dobro.

Roma desaparecida

Durante meu primeiro ano em Roma, escrevi “Os endereços curiosos de Roma” para a coleção da Editora Panda. Fazendo o guia, pude explorar bem a cidade, da capo a coda, ou seja, da cabeça aos pés, conhecendo cada esquina, cada ruela. Foi um ano cheio de eventos e de entusiasmo, pois nada se compara ao primeiro ano vivido numa cidade desconhecida; me sentia uma criança olhando a vitrine de uma loja de pirulitos. Cada dia era cheio de novidade, de um novo endereço, de uma descoberta.

Depois de tantos anos na caput mundi, descobrir um lugar novo, do qual nunca ouvi falar, ficou muito difícil. Mas sou afeiçoada àquele primeiro ano e a todos os lugares que conheci em tão pouco tempo. Hoje, passeando pela cidade, fico com nostalgia dos primeiros anos romanos. E fico triste que algum dos lugares que conheci em quase uma década, já não existem mais. É a Roma desaparecida, que só existe na minha memória.

De todos os tipos de lugares, os que fecham com maior freqüência são os restaurantes. Os tradicionais, históricos, felizmente ficam, mas outros têm vida mais curta. Lembro de um deles, que eu adorava, que se chamava Furore. Era especial por vários motivos. Para começar, conheci pela primeira vez num jantar com uma pessoa especial. Depois, era pequenino, acolhedor. As paredes eram decoradas com azulejos coloridos e os quitutes servidos em pratos de cerâmica. E ainda mais importante: a comida era uma gostosura, uma cozinha em homenagem à Calábria, com peixe regado à fruta bergamota e um sensacional bolo quente de chocolate com um toque de geléia de pimenta bem delicado por dentro.

Além dos restaurantes, alguns bares que conheci em 2002 também fecharam. Entre eles o histórico Bar Vezio, aberto em 1911, que ficava perto da sede do Partido Comunista Italiano na via delle Botteghe Oscure, mais precisamente na via dei Delfini 23. Era uma homenagem aos partidos comunistas do mundo, com bandeiras de tantos partidos, inclusive o PT.

Outro lugar que nem sempre tem vida longa é salão de cabeleireiro. Fiquei tristíssima quando, passando recentemente de frente ao Biancaneve e i sette nani na via Metastasio, descobri que o antigo cabeleireiro para crianças, que tinha carrinhos ao invés de cadeiras fechou. Onde é que vou poder levar meus filhos agora?

Mas o que me deixa mais triste é o fechamento de uma bottega. Botteghe são ateliês ou laboratórios com profissionais manuais: carpinteiros, vidreiros, marmoreiros.

Roma não é uma metrópole como outras cidades europeias. É como se fosse uma cidade de interior. Seu valor, seu charme está nesses locais históricos que compõe sua alma. Fico desesperada quando fecha um lugar histórico; é como se Roma perdesse uma parte de si. Por sorte ainda restam tantos lugares tradicionais, restaurantes com quase cinco séculos como La Campana, cafés como o Caffè Greco, e algumas botteghe que conseguem se manter vivas apesar da força dos McDonalds da vida, das lojas de marca presentes em todas as metrópoles do globo. Roma não seria Roma se não fossem esses verdadeiros heróis de resistência, lugares de personalidade única e insubstituível.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.