Em Roma há um museu feito especialmente para os pequenos, que mostra o dia-a-dia de modo divertido. Vários campos são explorados: ciência, meio ambiente, comunicação, sociedade, economia e novas tecnologias. Em um supermercado, com produtos de mentira, as crianças podem fazer as compras com um cestinho e passar no caixa. Tem o caminhão de bombeiros, uma fonte hidráulica, uma horta e um banco de faz-de-conta, para pegar dinheiro para as compras. Para visitar o local, é preciso fazer reserva. Os pequenos têm uma hora e 45 minutos para ficar no museu. Depois, devem deixar espaço para outros pequenos exploradores.
Quando eu era pequena, uma das grandes diversões era brincar no playground de minha avó. No fundo do prédio, havia uma área onde as crianças faziam a festa. É comum nas grandes cidades do Brasil que os prédios tenham uma área reservada às crianças. E, às vezes, também um salão de festas, para crianças e adultos.
Na Europa, e em Roma, em particular, é preciso improvisar. Quanto às festinhas de criança, quando o tempo é bom, tem quem opte por organizar a festa em um dos parques da cidade. Os pais levam pipoca, batatinhas e bebidas. Contratam teatrinho ou palhaço. Assim, resolve-se a falta de espaço dos prédios de uma forma bem gostosa.
Quando à área para brincar, é estranho, mas, apesar de alguns prédios de Roma terem um pátio interno, na maioria é proibido jogar bola, andar de bicicleta, fazer barulho, e obviamente, criança silenciosa não existe.
O negócio é apelar para os playgrounds que existem em cada bairro. Não são muitos, mas quebram o galho. No meu bairro, Prati, existe um playground bem simpático na Via Pomponazzi. É um parque numa rua de pedestres, entre duas ruas principais. Tem um escorregador, quatro cavalinhos, duas gangorras e duas balanças. A criançada faz a festa à tarde, quando saem da escola, e nos finais de semana: sopram bolinhas de sabão, empurram carrinhos com bonecas, andam de bicicleta e patinete, jogam bola, trocam brinquedos com outras crianças, fazem novas amizades.
Mas, dizendo assim, parece tudo muito idílico e poético. O que sai de quebra-pau não está escrito no gibi (me perdoe, caro leitor, a expressão em desuso; meu irmão Denis me alerta sempre que devo atualizar minhas gírias, mas sou meio démodé mesmo)… Algumas crianças sobem pelo próprio escorregador ao invés de subir as escadas. Outras pegam o brinquedo do amigo e dizem: “É meu!”. Tem até quem jogue o brinquedo do outro no bueiro. Muitas mães acabam fazendo o papel de juiz de paz, ajudando as crianças a resolverem a questão. Outras não estão nem aí, e ficam mandando torpedo pelo celular. É uma amostra colorida do mundo de crianças e pais — uma preparação para a vida.
Mas do que eu mais gosto nesse parque, além do fato de ser uma preparação para a vida, é de um casal de idosos, a sra. Siena e o sr. Angelo, na casa dos 80 anos. Eles batem cartão todo dia, sentando-se num dos banquinhos do parque. São tão queridos pelas crianças que elas os adotam como avós; sentam-se ao lado deles, puxam conversa, dão um beijo.
Na Via Pomponazzi não falta nada: diversão, amizades, inimizades, beijos, brigas, vista para a Catedral de São Pedro, e até um casal de avós emprestado!