Comunità Italiana

la gente, il posto

Um restaurante bem mal educado
Só em Roma mesmo se paga para ir num restaurante para ser ofendido. O restaurante La Parolaccia (o palavrão) existe há 65 anos no boêmio bairro de Trastevere. Assim que alguém entra pela porta do restaurante, já leva bordoada, quero dizer, xingamento. Não ouso aqui repetir os termos, mas certamente proibido para menores. Tem quem se divirta, e ache graça das brincadeiras, da animação, dos personagens desbocados que passeiam pelo restaurante. Mas tem quem se ofenda também. Um lugar clássico de Roma. A comida não é lá essas coisas; existem muitos restaurantes melhores no próprio bairro de Trastevere. Mas quem quer passar uma noitada insólita vai se divertir. E se você não gostar, ora bolas, vá plantar batatas…

 

 

 

 

 

 

Palavrinhas mágicas
Quando eu era pequena, me lembro que me ensinavam a palavra “por favor”. Uma palavra necessária sempre, em qualquer idade, para obter as coisas. Outra palavrinha mágica: “desculpa”. São palavras fora de moda na Itália, particularmente em Roma, onde a arrogância de muitos pedestres, motoristas, ciclistas, companheiros de metrô e busunga não usam mais. Essas palavrinhas mágicas fazem maravilhas. Podem evitar brigas, contratempos, mau-humor, pancadas e tantas coisas mais. Isso sem contar o despretensioso bom dia!
Em um bar perto de casa, colocaram um cartaz simpático que diz: Um café: €1,10. Um café, por favor: €1. Bom dia, um café, por favor: €0,90. Concordo totalmente!
Roma é uma cidade belíssima, encantadora, mas a educação de alguns (ou muitos?) romanos está deixando a desejar. Isso para não falar do comportamento no trânsito.
Na semana passada eu estava caminhando na calçada com o carrinho de bebês, quando um carro veio em minha direção, em cima da calçada, com as quatro rodas. O motorista estava manobrando para estacionar atrás do lixo, num lugar, é claro, proibido, palavra completamente ignorada pelos guardas de trânsito de Roma, e, portanto, também pelo prefeito, pois a culpa, é claro, é também de quem pode mudar algo e não o faz. Eu desabafei comigo mesma, fazendo imprecações mudas, mas o olhei com meu olhar fulminante, sai da minha frente ou… Não é que o fulano desce do carro pra partir para briga e me diz: Ora você, com dois filhos, nunca estaciona na escola em fila dupla, para deixá-los?
Eu respondi: “Sou coerente, não tenho carro.” E ele voltou para o carro, com certeza, ainda achando que tinha razão. Sem entrar no mérito da indecência de tal motorista que dirige na calçada, não podia sair do carro e dizer: “Desculpa, estou errado, mas, por falta de opção, achei um lugar para parar atrás do lixo e tive que subir na calçada”. Ele teria placado minha ira com um pouco de boa educação.
Isso acontece em Roma ao menos uma vez por dia. Se cada um de nós recuperasse a memória dessas palavras que movem montanhas, “desculpa”, “por favor”, “bom dia”, a cidade seria caótica, mas, ao menos educada.
Obrigada, caro leitor, por ouvir meu desabafo. E tenha um bom dia!