Parque Valentino
Turim, para quem não conhece, parece ser cinza, de indústrias. Mas é um engano. É uma cidade linda, com dois museus espetaculares: o Museu Egípcio e o Museu do Cinema, uma torre que é o cartão-postal da cidade, ruas e cafés elegantes, e um parque lindo, o Parque Valentino, que fica perto do centro da cidade. É o mais antigo da cidade e onde foram realizadas diversas exposições internacionais. Possui várias atrações: um magnífico castelo cuja construção começou no século XVI, um vilarejo medieval, belos jardins, um jardim botânico, o rio Pó, que fica do lado do parque, e uma majestosa fonte. Vale a pena passar uma tarde ensolarada aqui depois de ter visto as atrações principais de Turim.
O sonho europeu
É famosa a expressão American dream, o sonho de morar nos Estados Unidos, na terra das oportunidades e do pragmatismo. Mas enquanto algumas pessoas sonham com uma vida naquele país, outras sonham viver na Europa. Eu pude viver os dois sonhos. O primeiro, aos 25 anos, na minha longa temporada californiana, e o segundo, aos 30, quando me mudei para a Itália.
Minha longa estadia americana deixou lembranças indeléveis e há muitas coisas que admiro no modo de vida americano. Mas é a Europa que sempre teve o mais doce sabor para mim, que sempre mexeu com minhas emoções.
A semente foi plantada cedo. Minha avó, nascida em Salerno, deixou sua amada Itália com os pais e seis irmãos aos 14 anos. Nunca mais voltou. Mas falava dessa terra com nostalgia e amor extremo. Tocava piano, cantava Parlami d’amore Mariù, e tantas outras canções italianas. Falava sempre de quando morava em Roma, Trieste e Salerno, as três cidades onde passou sua infância e início da adolescência.
Depois dos relatos de minha avó, aos completar 21 anos, vi com meus próprios olhos tudo de que tinha ouvido falar e me apaixonei pelo Velho Continente, que transborda de arte, de tesouros, de paisagens que mudam rapidamente, de línguas e culturas diversas, que convivem lado a lado. No Brasil, você viaja 48 horas de ônibus de São Paulo a Recife e está no mesmo país. Na Europa, em duas horas, muda de língua, de hábitos culinários, de filosofia.
Além dessa miscelânea de língua e cultura, a Europa, para mim, parecia mais próxima do meu mundo ideal, um mundo onde existem menos diferenças sociais, onde saúde e ensino são praticamente gratuitos, onde carros não são necessários, onde o presidente de uma empresa pega metrô. Um lugar mais à medida do homem.
E aqui embarquei, há mais de uma década, para viver o sonho europeu. Agora, com a crise que a Europa está enfrentando, está longe de ser a terra das oportunidades. Mas muito do que sonhei, aqui encontrei. O acesso enorme à cultura, poder abrir mão de ter carro, saúde pública grátis ou a preços módicos, ensino grátis para meus filhos. Como tudo na vida tem um preço, não é indolor estar longe de meu país de origem, vendo família e amigos com menos frequência do que gostaria.
Por outro lado, muitos europeus têm o Brazilian dream, imaginando como seria boa a vida num lugar quente, com pessoas alegres como o povo brasileiro, tomando água de coco todos os dias. Não há nada como a sabedoria dos ditados populares: a grama do vizinho é sempre mais verde.