Comunità Italiana

la gente, il posto

Os murais de Orgosolo
No centro da Sardenha tem uma cidadezinha chamada Orgosolo, famosa por seus murais. São lindos, coloridos, bem-feitos e muitas vezes de conteúdo social e político. O primeiro mural foi pintado em 1969 por um grupo de anarquistas milaneses. Mas o grande boom dos murais veio em 1975, quando o professor de origem toscana Francesco Del Casino e seus alunos de Orgosolo realizaram vários murais para celebrar os 30 anos da Resistência e da Liberação. Outro pintor local que contribuiu com os murais foi Pasquale Buesca. O fenômeno do “muralismo” continuou com os anos, retratando outros temas importantes na Itália e no mundo. Hoje, há mais 150 pinturas em paredes e muros da cidade.

 

 

 

 

Saudade da Tia Violetta
Pais e irmãos geralmente são as pessoas mais importantes da nossa vida. Os avós marcam muito, são como segundos pais. Mas os tios dão um colorido todo especial. Eu tenho muitos tios, considerando meus tios-avós. Só em minha família materna, onde todos têm ascendência italiana, são seis tias-avós e um tio-avô, que estão agora nos seus 90 anos cada um. Alguns se foram e, na última vez em que estive no Brasil, foi a vez da tia Violetta.
E agora que ela se foi, dá uma saudade danada dela.
Das seis irmãs, quatro se casaram. Sobraram duas: Violetta e Lena, que ficaram solteiras e acabaram passando a vida juntas, na mesma casa. Formavam um duo sui generis, uma tia alta e a outra mais baixinha, uma mais séria e a outra mais risonha. Provavelmente se completavam e faziam companhia uma para a outra. O fato que elas nunca tinha tido um companheiro me dava uma certa tristeza, pois acho que acabaram não casando para não deixar a outra sozinha.
Quando eu morava só em São Paulo, ia sempre visitá-las. Ir à casa da tia Violetta e da tia Lena era algo mágico. Primeiro porque tia Violetta era costureira e eu adorava ir ao segundo andar e olhar no espelho dela, estilo biombo, que reproduza mil imagens além, mil Claudias. Ela fez o meu vestido de formatura e tantos vestidos de festa. Tia Lena tocava piano para mim. Depois, vinha o almoço, que era preparado com o maior capricho. Pimentões recheados, com os quais até hoje sonho, berinjela a parmigiana. Mas o que eu aguardava com maior emoção: seu famoso pudim de beterraba. Ela era muito sábia, não desperdiçava nada, como ninguém de sua família e como ninguém que sabe o que é o sacrifício. Cozinhava as beterrabas e fazia uma sopa deliciosa e cremosa. Na água que ficava na panela, ela fazia o pudim, sua marca registrada. Era tudo uma delícia, como uma refeição italiana que se preze. Ficávamos sentadas à mesa por umas boas três horas, contando as novidades, e ouvindo o barulho dos aviões que pousavam perto da casa delas, no aeroporto de Congonhas. Eram tardes muito gostosas e na hora de embora, era sempre igual. As tias, preocupadas, alertavam: Claudia, cuidado, com isso, cuidados com aquilo, mil advertências carinhosas. Ai, que saudades da tia Violetta!