Comunità Italiana

la gente, il posto

O buraco de fechadura
Todo turista que se preze não pode deixar Roma sem conhecer o buraco de fechadura mais famoso da cidade. Fica em uma praça afastada, no alto da colina do elegante bairro Aventino, chamada Praça Cavalieri di Malta.
No portão da casa do Gran Priorato di Roma dei Cavalieri di Malta, onde fica a sede da embaixada da Ordem dos Cavaleiros de Malta, há uma fechadura bem bonita. Quem quiser olhar pelo buraquinho será presenteado com a vista de um dos monumentos mais belos de Roma.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lavar as mãos ou não, eis a questão
O mundo é dividido em dois tipos de pessoas: aquelas que lavam as mãos com uma certa frequência e não ousam comer o que caiu no chão, e aquelas que não estão preocupadas em lavar as mãos e, se o biscoito caiu no chão, ora, que mal pode fazer?
Eu faço parte, com moderação, é claro, do primeiro grupo. Lavo as mãos antes das refeições, depois de sair de transporte público e em muitas outras ocasiões. Não como biscoito que caiu no chão, nem que seja o melhor biscoito de Paris. Mas morro de inveja de quem sai do ônibus com mil germes e vai fazer o happy hour comendo batatinha e amendoim com aquelas mãos que tocaram tudo. Porque acho que pessoas assim vivem bem melhor, sem grilos e neuras.
Enfim, tudo isso para dizer que, quando cheguei a Roma, há mais de uma década, fiquei chocada com a falta de higiene de algumas mercearias, mesmo as mais chiques. Na Itália, os lugares de primeira categoria que vendem produtos gastronômicos prestigiosos, como queijos, frios, vinhos, patês, pratos frios e quentes chama-se gastronomia. Muitos amantes da boa comida que querem almoçar só um sanduíche vão a uma gastronomia para escolher um pão, queijos ou frios e pedir que o atendente monte o sanduíche para levar.
Minha primeira experiência foi no tradicional Volpetti, no bairro de Testaccio. Fui lá saborear um belo panino com gorgonzola ao mascarpone. Estava empolgadíssima. Enquanto o senhor que me atendeu segurava o pão com as mãos, e espalhava o queijo gorgonzola ao mascarpone, percebi que as unhas dele estavam pretas e sujas. Ele me entregou o sanduíche e pegou o meu dinheiro com as mesmas mãos. Eu fiquei besta com a higiene, pensei nos mil germes que ficaram impregnados no meu sanduba e fiquei olhando para ele chocada. Com as mãos bem sujas do dinheiro que eu dei, obviamente, lá foi ele preparar o sanduíche para o próximo freguês.
Sinceramente, ver que alguém pegou o meu sanduíche com as mãos sujas diminui o meu apetite, mas não podia desperdiçar tal delícia. Paciência. Peguei meu sanduíche, caminhei e fui a uma praça no alto do Aventino, o Giardino degli Aranci. Sentei num banquinho, curtindo a vista linda e comi meu sanduíche de primeiro mundo cheio de vitamina “S”, como muitos brincam, a famosa vitamina sujeira que, se não mata, engorda.
Como os anos na Itália, me acostumei com esse esquema “deixa eu fazer teu sanduíche com minhas mãos bem sujas”. Mas ficava sempre uma mínima alteração no prazer de comê-lo. Com o tempo, achei uma solução genial: deleguei ao meu companheiro: ele entra, compra os sanduíches e eu fico do lado de fora da loja. Não vendo as mãos do moço, posso comer na santa paz. O que os olhos não veem, o coração não sente. Nem o estômago.