Mais uma sorveteria espetacular
Não me canso de descobrir novas sorveterias em Roma. Demorei para conhecer a Cremeria Aurelia, mas tornou-se logo uma das minhas preferidas. Fica fora do circuito turístico e, portanto, é preciso vir ao bairro só pela sorveteria. Fica perto da Piazza Irnerio e do metrô Baldo degli Ubaldi. É famosa por diversos sabores. Aqui provei um dos melhores sorvetes de nocciola (avelã) da minha vida! Mas há muitos sabores originais, como o de abacate com amêndoas, ou o bacio del deserto, feito com tâmaras e mel, ou o delizia di salvatore, feito com figos secos, amêndoas tostadas e frutas cítricas da Sicília, ou ainda o perfumado sabor de lavanda.
Entre lunáticos e metereopáticos
Já mencionei nesta coluna que os italianos são um pouco hipocondríacos. Claro, não posso generalizar, mas conheci vários italianos com esta característica. Um remediozinho a mais cai sempre bem, só para garantir.
Além de hipocondríaco, é comum encontrar um italiano que seja lunatico. Lunatico, em italiano, não significa louco, como em português, mas sim, “de lua”, ou seja, uma pessoa que passa do bom humor ao mau humor facilmente e vice-versa. Tem dia que a pessoa está saltitante e alegre, e outros que “sai de baixo”! Essas flutuações de humor podem ocorrer também de um momento para outro. Melhor, por precaução, manter cinco metros de distância.
Mas na Itália, ainda mais comum que um lunatico, é encontrar um metereopatico. O metereopatico é uma pessoa cujo humor depende do tempo, do clima. Muito simples. Se o dia é ensolarado, com aquele céu azul e sem nuvens, o metereopatico esbanja sorrisos, fica generoso, de bem com a vida, cantarolando pelas ruas. Mas, se o dia está cinzento, nublado e chuvoso, o metereopatico fica meio tristonho, mergulha na melancolia, fica sem inspiração ou vontade de muita conversa e, às vezes, fica até irritável facilmente.
Lembro-me bem do primeiro ano em que me mudei para Roma, e que quando notava que as pessoas estavam meio borocoxô ou com a cara fechada e eu perguntava o que tinham, elas me respondiam:
“Sabe, como é … é que sou metereopatico.”
Como era uma resposta frequente, percebi, pelo menos no que se refere à Roma, que uma boa parte da população é metereopatica. Num site que li (talvez um pouco exagerado), até estava escrito que um terço da população mundial sofre desse mal.
Enfim, ainda bem que estamos em plena primavera e que os dias
são mais bonitos e cheios de sol. Posso sair na rua tranquila, que as pessoas
não vão economizar sorrisos.