Comunità Italiana

la gente, il posto

La fattorietta
Quem pode imaginar que, a vinte minutos a pé do Vaticano, existe uma fazendinha, com porcos, burrinhos, galos, ovelhas e cabras? La Fattorietta (lafattorietta.org) é uma agradável surpresa na caótica Roma. O endereço já evoca um mundo bucólico: vicolo del gelsomino, ou seja, beco do jasmim. Um programa gostoso, principalmente para crianças, que podem correr no seu extenso gramado com vista para a Cúpula de São Pedro e visitar os animais e acariciá-los. Todos os bichos têm nome, alguns até nome de gente: os burrinhos Ernesto e Giulia; os pôneis Gelsomino, Bella e Ettore; a vaca Polly; as cabras Mina, Salina, Biancone, Pelo e Ponneso; as ovelhas Nina, Marcello e Gaetano; o coelho Vasco; a porquinha Isotta… E os bichinhos adoram receber um carinho da criançada.

 

 

 

 

 

 

 

Meu “muso” inspirador

NãSobre o relógio biológico feminino já se escreveu de tudo. Todos sabem que, quando chega certa idade, para muitas mulheres, bate aquela vontade de ter filhos. E ninguém segura uma mulher que está louca para ter um bebê. Dizem que o tal relógio bate na casa dos 30 anos. Hoje, para muitas, bate um pouco atrasado, chegando aos 40. Mas não gosto muito do termo relógio biológico. Prefiro chamá-lo de “momento de inspiração”. Ou “momento de revelação”, quando se sente no mais profundo da alma que ser mãe é imprescindível. Ou então, quando se sente que não se quer ser mãe. Todas as opções são válidas. Até os 30 anos, eu estava muito preocupada em viver uma paixão, conhecer o mundo, descobrir minha vocação. Só depois de minha vinda a Itália, quando tinha 32 anos, o tal momento chegou. Meu “muso” inspirador foi o Adriano. Não falo do grande imperador romano, que inspirou Marguerite Yourcenar a escrever o belíssimo livro Memórias de Adriano, uma autobiografia imaginária do imperador. Meu Adriano era apenas um menino. Ele era o filho de meu namorado. Na realidade, me “apaixonei” primeiro pelo filho, depois pelo pai. Era um menino doce, inteligente, curioso, divertido. Nunca vou me esquecer quando eu estava com dor de garganta e ele veio com uma colherzinha de mel. Opa, pensei, também quero ser mãe!!! Deve ser tão bom. Fizemos vários programas juntos, fomos a piscinas, corremos no campo, viajamos. Ele foi a semente que se instalou no meu coração de futura mãe. Outra semente foi durante uma mostra de arte no Mercado de Traiano sobre esculturas realizadas com mármore colorido. Numa das salas, um menino de sete anos observava com máxima atenção um vaso de alabastro, e depois disse ao pai, categoricamente: “Pai, sabe de uma coisa? Eu não gosto de alabastro”. Só na Itália mesmo uma criança tem tanto acesso à arte que pode se dar ao luxo de gostar de um material e menos de outro.
O tempo foi passando, eu fui adiando a maternidade por razões sentimentais (ora bolas, para ser mãe, é preciso também um homem que a gente ame e que queira ser pai!), mas o desejo era absoluto e intenso. Demorou, mas tive meu desejo realizado. E ter tido filhos aos 40 anos, gêmeos ainda por cima, matando dois coelhos com uma cajadada só, é uma bênção que devo agradecer todo dia a Deus, através do meu vizinho, o Papa. Felicidade é pegar o bonde andando e ainda sentar na janelinha.