Comunità Italiana

la gente, il posto

 

 

  

Claudia Monteiro De Castro

 

 

Oratorio del Gonfalone
Em uma pequena travessa escondida da elegante Via Giulia, no centro histórico de Roma, existe um lugar especial pouco visitado pelos turistas. É o Oratorio del Gonfalone, cujos lindos afrescos retratam a Paixão de Cristo, em 12 episódios. Foi realizado na segunda metade do século XVI. É possível visitá-lo marcando hora. Mas o melhor jeito de conhecê-lo é através de um dos concertos organizados no local, onde predomina a música barroca, embora às vezes sejam outros tipos de música. É mágico assistir a um concerto em um lugar como esse.

 

 

 

 

 

A arte de ser zen em Roma
Hoje fiz uma grande descoberta. Quem quer meditar, ser zen, não tem que ir para a Índia. Tem que morar em Roma. Afinal, é fácil meditar e achar equilíbrio do alto de uma montanha ou num centro de espiritualidade, com aquela paz e panorama. Como diz Sartre, o inferno são os outros. Quem é zen de verdade consegue morar numa cidade caótica e manter o equilíbrio mental.
Roma é perfeita para praticar a arte da paciência e da harmonia com o universo. Com a depressão causada pela crise e o turismo de massa que invade as ruas, o mau humor impera. E, com o aumento do mau humor, desaparecem as boas maneiras.
Basta entrar num café para se ver. Todo mundo quer furar a fila e pedir o café antes de você. Ultimamente, peço um cappuccino e se eu bobeio por um segundo, olhando para cima e pensando na vida, alguém acaba bebendo meu cappuccino antes de mim, para ser servido antes.     
É nessa hora que precisamos fazer um esforço sobrenatural para ser zen e ficar acima de tudo isso, e não deixar que o fato de furarem a fila ou de nos acotovelarem para serem atendidos primeiro nos deixe irritados. Sorrir, sempre sorrir. Se o inimigo bater na tua face, oferecer a outra. Deixe que as galinhas se biquem sozinhas. Seja superior. Respire fundo. A uma grosseria responda com gentileza. Verá que só assim o mundo poderá mudar.
Assim deveria ser e esse é meu mantra. Para algumas coisas, me esforço em ser mais harmoniosa. Eu, que tenho pavio curto e sinto arrepio assim que alguém me fura a fila ou estaciona na faixa de pedestres onde quero passar, tento respirar fundo e dizer: isso não é importante. Não vale a pena brigar por tão pouco. Poucos segundos não mudam a minha existência. Deixe passar. Deixe estar. Pisaram no meu pé no ônibus? Calma, foi sem querer. Alguém está com tosse e tossiu bem em cima do meu docinho no balcão da padaria? Não é um bom motivo para sair do sério. Como me exercito, até mudei com o tempo. Eu, que era uma grande nervosinha, consigo, às vezes, me surpreender com uma calma incrível.
Basta de brigar por nada. Basta de fazer escândalo. Que me furem a fila. Seguro o tranco. Que se apropriem do meu pedido no café. Mas não deixo de dar a minha cutucadinha: “E aí, estava gostoso o meu cappuccino?