La gente, il posto – Coluna Claudia

Casas romanas
Há dois meses dividi com você, caro leitor, a história das casas da minha vida. Não pude incluir as casas romanas, pois ficava muito longo para o tamanho desta coluna. Então aqui vai meu relatório de casas romanas. Quando cheguei a Roma, meu primeiro endereço por uma semana foi um hotel perto da estação Termini: mais triste não poderia ser. Fiquei lá só por alguns dias até liberar um quarto num apartamento que aluguei em Trastevere, onde morava uma inglesa, com quem tive amizade por muitos anos, e dois americanos. O lugar era bem localizado, mas o apartamento estava sempre uma bagunça. Uma pilha de louça que me dava calafrios! Ninguém lavava os pratos, nem limpava a casa. Aos 32 anos, eu não estava mais preparada para um esquema de “república”.
Três meses depois, consegui achar um quarto num outro apartamento, no bairro de Prati, que dividi com uma italiana que hoje é uma de minhas grandes amigas e madrinha de meus filhos. Morei com ela seis meses. Depois, seu irmão viria a Roma estudar e ocuparia “meu” quarto. Como muitos prédios de Prati, tinha um pátio interno de paralelepípedos, com flores, árvores e gatinhos.
De lá fui para o charmoso bairro de Monti, onde aluguei um quarto com balcão no primeiro andar, com vista para o Coliseu. Ah, realmente, foi mágico viver num dos meus bairros preferidos, boêmio, equivalente à Vila Madalena, em São Paulo. Tinha também um cheirinho de pão, da padaria que ficava logo embaixo. Único problema: era proibido trazer visitas ao apartamento. A vista para o Coliseu tinha um preço muito alto. Mas valeu. Gostava de comprar um Coliseu de chocolate numa loja lá perto, na Via Leonina, e de vagar ociosamente pelas ruelas.
Mas logo acabei voltando pra o bairro do meu coração, Prati, onde aluguei um apartamento e dividi com minha aluna de inglês, Donatella, que, por sinal, me deu um grande presente: foi na sua festa de 30 anos que conheci meu companheiro, o pai dos meus filhos. São os caminhos da vida e cada decisão é seguida por novos desdobramentos.
De lá, fui morar finalmente sozinha de novo, aos 35 anos, num grupo de apartamentos rosados, com um pátio interno cheio de buganvílias e glicínias na primavera e com uma biblioteca bem no centro do pátio. Por esta casa, foi amor à primeira vista. Tinha uma vizinha, Rosa, maravilhosa, que foi como uma espécie de segunda mãe, convidando-me sempre à sua casa, para um café ou uma refeição. Foi o primeiro endereço de meus filhos.
De lá, por necessidade de espaço, fui para a casa onde estou hoje, que não tem o charme do pátio interno, mas tem um quarto a mais para os meninos e um gostoso terraço onde se pode comer durante o verão. Estou feliz aqui, como fui feliz em cada uma das outras casas. Existirão casas futuras? Só os deuses sabem.
La Bottega del Cioccolato
O bairro de Monti é um dos mais charmosos de Roma. Fica entre o Coliseu e a Via Nazionale, e é cheio de ruelas estreitas com enotecas, restaurantes e algumas lojinhas. Uma delas é a Bottega del cioccolato. Além da variedade de chocolate de todos os tipos, vendem miniaturas do Coliseu, da Bocca della Verità e de San Pietro de chocolate. Uma simpática e gostosa lembrança para levar para os amigos