Comunità Italiana

La gente, il posto

Parque dos monstros

A uma horinha de Roma, perto da cidade de Viterbo, tem um parque muito curioso: o Parque dos Monstros. É uma área verde com várias esculturas gigantes esculpidas em grandes blocos de pedra, nos mais inusitados formatos. A mais famosa é a de uma cara enorme de um monstro, com a boca aberta, onde os visitantes podem entrar. Tem também a tartaruga, os dragões que lutam, a bela adormecida, o elefante e o guerreiro, o monstro com três cabeças. O parque foi projetado em meados do século 16, pelo arquiteto Pirro Ligorio, o mesmo que realizou a Villa D’Este em Tivoli, a mando do príncipe Pier Francesco Orsini, que estava com o coração aos pedaços, depois da morte de sua esposa, Giulia Farnese. O parque foi abandonado nos séculos seguintes e reaberto e restauradoem 1954. O nome original do lugar encantado era “La Villa delle Meraviglie”. Mas devido às suas estranhas esculturas, acabou sendo batizado popularmente de Parque dos Monstros.

Em busca da casa perfeita

Apenas um ano e meio atrás eu morava sozinha. Então veio o namorado morar comigo que, como brinde, trouxe o cachorrinho, no velho estilo “pague um, leve dois”. E menos de um ano depois, veio a noticia: gêmeos à vista. Resumindo, de uma família de um, em questão de um ano e meio, passo a uma família de cinco. Falta mesmo só o papagaio para completar a alegria.

As consequências são tantas. Uma delas é achar uma casa nova. Afi nal, em 55 metros quadrados fi ca meio apertado, mesmo se nos anos pós-guerra na Itália, moravam mãe, pai, 8 fi lhos, cachorro, gato, hamster e canarinho num espaço como o meu. Já foi uma novela achar este apartamento onde moro há seis anos. Vi lugares mais horripilantes, li os anúncios imobiliários mais mentirosos do mundo. Uma constante era ler “seminterrato luminoso”, ou seja, um apê que fi ca metade no subsolo e outra no térreo, que de iluminado não tem nada. Ou “casa graciosa” que era um verdadeiro pulgueiro. Enfi m, custou, mas achei este lar de hoje,num bairro bonito perto do Vaticano, com umpátio interno cheio de árvores e roseiras, inclusive com uma biblioteca pública dentro do condomínio. Ah, e a sorte foi incrível: o apartamento era todo reformado e, mais importante, no mesmo gosto que o meu, simples, com janelas bonitas, piso de madeira, ladrilhos de primeira no banheiro, banheira (o remédio antistressnúmero um!).

E eis que mais uma vez vou em busca do Santo Graal, um apartamento nos trinques, de razoávelbom gosto, em Roma. Quando esta decisão de mudar de casa foi tomada, já coloquei mãos, ouvidos, pés e tudo mais à obra e comecei a minha busca desenfreada, de olho nos cartazes, nos anúncios dos jornais e na internet, falando com os porteiros do bairro. Em uma semana, vi dez apartamentos. Um pior do que o outro. Um era caro porque era recém reformado com um gosto estapafúrdio: banheiro com ladrilhos laranja, cozinha com azulejos roxos, quarto com parede pintada de verde, outro quarto com parede pintada de vermelhoe crème de la crème ao contrário: piso de mármore preto – logo eu, que sigo o lema “tudo branquinho”. Outro até que era bonito, mas super barulhento, localizado numa rua principal. Um terceiro, longe do metrô. E para finalizar, um estava literalmente aos pedaços sendo que, do elevador, já dava para sentir um cheiro de desmaiar. Isso porquea proprietária tinha um inusitado bicho de estimação: um gambá. Mas faz favor!

É claro que um pouco da culpa é minha. A minha casa ideal metropolitana seria uma cobertura, com uma sala com lareira, uma bela vistada janela, localizada numa rua bonita, um prédio com fachada bela, num bairro bom, perto dos meios de transporte, pois não tenho carro e que não custe os olhos da cara. Ou seja, impossível! Mas, brincadeiras e exigências à parte, quando se trata de procurar casa, melhor se for como no amor: paixão à primeira vista. Que seja por um pequeno detalhe, uma vista, uma sacada, uma cozinha. Mas que acenda uma chama no coração.