Comunità Italiana

La gente, il posto

Catedral de Otranto

A graciosa cidade de Otranto encontra-se no ponto mais oriental da Itália. Com um mar transparente e belo, toda a região é famosa por suas praias espetaculares. Sua catedral foi construída a partir de 1080, quando a cidade estava no auge de seu esplendor. A Cadetta reúne diversos estilos: paleocristiano, bizantino e românico. É famosa pelos mosaicos intactos do piso, realizado pelo monge Pantaleone, e pela capela dos mártires, com os teschi de 800 mártires da região que defenderam Otranto da invasão dos turcos.

Sogra all’italiana

A Itália é um dos países do mundo com maior expectativa de vida: 79 anos de idade para homens e 85 para mulheres. Se, no conceito do Brasil, idoso é a partir dos 60, então a Itália tem uma grande população de “super idosos”. No meu bairro, Prati Trionfale, em Roma, existe alta concentração de super idosos. E eles são super ativos: vivem para cima e para baixo nos trams e metrôs, comprando frutas e legumes no mercado do bairro, engatando uma conversa no jornaleiro ou nos cafés.

Essa questão da longevidade tem consequências. Uma delas é que a sogra também dura bastante.

A sogra italiana tem, como tudo na vida, e como todas no mundo, lados positivos e também negativos. O mais famoso dos defeitos é que ela é uma opinião ambulante. Tem que se intrometer em tudo e sempre faz tudo melhor que a nora, é claro. A sogra italiana sempre cozinha melhor que a nora, passa melhor que a nora, cuidou (e ainda cuida…) melhor dos filhos, enfim, cuida do filho (lembra, o famoso mammone) muito melhor do que a nora cuida do marido.

Se a nora têm filhos, aí não tem jeito: a intromissão veio pra ficar. Não poderá dar mais um passo sem ter um comentário. “Teus filhos têm um ano e sabem andar? Puxa, meus filhos com seis meses já andavam e falavam voglio acqua…”, “Teus filhos são tão magrinhos…” e faz questão de trazer a foto do seu príncipe rechonchudo.

Mas chega de falar mal da sogra. Devo dizer que, apesar da famigerada “incompatibilidade de gênios” entre nora e sogra, fico impressionada com a minha super sogra de 91 anos. Ela é uma força da natureza. Cem por cento lúcida e fìsicamente, “quase” perfeita. Só tem alguns acciacchi, ou seja, as dorzinhas típicas da velhice. Acorda cedinho, prepara o almoço, coloca no tupperware, pega o metrô, atravessa 15 estações, desce, anda diversas quadras com suas costas encurvadas, seu metro e meio de altura e seus passinhos lentos, quase como um trote em câmera lenta, com sua bolsa pesada cheia de quitutes, e chega em casa.

E quando vem visitar os netos, geralmente fica uma semana. E coloca mãos à obra. Se eu não estou, fica com o filho e o ajuda com os meninos, dá mamadeira, papinha, brinca, abraça, pega no colo, lava a roupa dos netinhos e, se eu saí correndo de manhã para trabalhar cedo, até faz minha cama. Às vezes, volto do trabalho e pego ela com a vassoura na mão. E ela brinca: “Onde é que você vai achar uma sogra como eu? Que cozinha, lava, passa e tudo mais…”

Bendita longevidade italiana!