Monte Epomeo
A ilha de Ischia é pouco visitada pelos brasileiros, que acabam escolhendo a famosa, chique e bela Capri. Ischia é uma ilha que é o contrário de Capri. Pouco luxo, muita natureza e estupendas águas termais. Para quem gosta de fazer trilha em montanhas, também satisfaz. Um programaço é escalar e descer o Epomeo, monte de quase 800 metros. A escalada pode começar no meio do monte para dar tempo de incluir no programa um almoço no restaurante La Grotta di Fiore e Maria, com vista deslumbrante do alto da ilha e com o famoso coelho à moda cacciatora, ou seja, preparado com vinho branco, alho, pimenta e alecrim. Cuidado só para não exagerar no vinho da casa. Senão o perigo é, durante a descida, rolar monte abaixo.
Teoria da quebrabilidade
O Einstein inventou a teoria da relatividade. O Newton descobriu a lei da gravidade. E eu descobri a teoria da quebrabilidade.
Não precisa ser gênio. Basta observar para se chegar à conclusão. Quando quebra alguma coisa em casa, logo depois quebra outra. Num efeito dominó, a casa inteira vem abaixo. Como aconteceu nessa semana comigo. Quebrou a máquina de secar. Depois de uma semana, eis que foi a vez do boiler e acabou a água quente. De repente, pifa também o aspirador de pó. É a lei da atração dos pequenos desastres domésticos. Preste atenção. Nada quebra sozinho.
Da mesma forma que, quando quebra uma coisa em casa, quebra tudo, se você pisa fora de casa e já acontece um contratempo, pode ter certeza de que outros virão. Por exemplo, está chovendo e você pisa na poça d’água e suja todo o sapato. Pode ter a certeza matemática de que dali a cinco minutos vai passar um carro e espirrar água na sua roupa limpinha e você ficará todo sujo.
Afinal, quando o dia começa mal, pode ter certeza de que acabará mal. O tal do Murphy era mesmo um gênio. Já me ganhou quando disse que quando cai o pão com manteiga no chão, a parte da manteiga é a que cai virada para o chão. É óbvio.
Assim vale para tudo na vida. Quando a desgraça vem, vem tudo junto. Perde-se o emprego, a namorada, roubam o carro. Só os fortes aguentam. Não adianta se benzer ou pedir a um santo de umbanda para tirar o olho gordo. Alguns botam a culpa no horóscopo e dizem que é o maldito inferno astral.
A melhor coisa é se deixar levar pelos eventos e esperar que os desastres cessem. Como em um terremoto. De repente, a terra para de tremer e só então é que dá para começar de novo. É preciso ser estóico e ver o mundo cair com ar de aparente indiferença e autocontrole.
Mas não tem sentido entrar em desespero só porque quebrou meia dúzia de eletrodomésticos em casa. Para o negócio afundar mesmo, só morando na Itália. O termo “serviço ao cliente” não existe por aqui. Para consertar a secadora de roupa dentro da garantia, levou oito meses. Para ter a honra de receber a visita do primeiro técnico disponível para reparar o boiler, passaram-se duas semanas.
Foi uma ótima oportunidade de fazer grátis uma viagem no tempo e de esquentar água na panela, à moda antiga. Viva o otimismo!