Calorosa recepção dos brasileiros, forte presença italiana na cidade maravilhosa e uma chuva de medalhas marcam a primeira semana da Itália nos Jogos Olímpicos

Como era de se esperar, foi uma linda festa a abertura dos XXI Jogos Olímpicos da era moderna. Realizada no Maracanã, a cerimônia que durou quase quatro horas deu as boas-vindas às delegações dos países participantes. A abertura, que contou com a participação do italiano Marco Balich, a coreógrafa Debora Colker os cineastas Fernando Meirelles, Andrucha Waddington e Daniela Thomas, abordou aspectos da história, cultura e música brasileira, e recebeu elogios da imprensa internacional. A cerimônia abraçou causas como a sustentabilidade, a inclusão e os refugiados, fazendo referências aos índios, aos escravos e aos imigrantes que aqui chegaram ao longo da história do país. Nas redes sociais, porém, muitos descendentes lamentaram a ausência de uma referência à imigração italiana. Na página de facebook da Comunità, na postagem com vídeo da entrada dos atletas italianos, a leitora Ivete Secco escreve “os italianos fazem parte da história do Brasil, realmente deveriam ser lembrados, pois foram de grande importância para o desenvolvimento do país!”.
Com orçamento enxuto, os diretores do espetáculo trabalharam com iluminações no gramado, fazendo belos efeitos, além da colaboração de cinco mil voluntários. Ao todo, cerca de 75 mil pessoas e 45 chefes de Estado, incluindo o premier italiano Matteo Renzi, estiveram presentes no Maracanã, que contou com um forte aparato de segurança. Além do primeiro-ministro italiano, estiveram presentes o novo embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, o Cônsul Geral da Itália no Rio de Janeiro, Riccardo Battisti, o presidente do comitê promotor dos Jogos Olímpicos de Roma 2024, Luca di Montezemolo, assim como o líder do Comitê Olímpico Nacional Italiano (Coni), Giovanni Malagò, o Secretario Geral Roberto Fabbricini e membros italianos do COI. Ao todo, o desfile contou com 12 mil atletas de 207 delegações de 206 países, mais a delegação dos refugiados. Ao entrarem no estádio, cada atleta que participou da cerimônia de abertura recebeu uma semente. As sementes eram de 207 espécies e serão plantadas no local onde hoje está instalado o Parque Radical, no Complexo Esportivo de Deodoro, onde será criada a Floresta dos Atletas.
A brasilidade deu o tom da festa. O hino nacional foi cantado por Paulinho da Viola e um trecho de Garota de Ipanema, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim, marcou o desfile de Gisele Bündchen sobre desenhos do arquiteto Oscar Niemeyer. Outros grandes nomes da música brasileira, como Elza Soares e Zeca Pagodinho, também se apresentaram. Na principal festa do esporte, muitos foram os atletas homenageados. A bandeira olímpica foi carregada por brasileiros que tiveram uma carreira de destaque, como Marta Vieira (futebol), Sandra Pires (vôlei de praia), Oscar Schmidt (basquete), Torben Grael (vela), Emanuel (vôlei de praia) e Joaquim Cruz (atletismo).
Após os discursos dos presidentes do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Nuzman, e do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, o presidente interino Michel Temer declarou abertos os Jogos Olimpícos da Rio 2016.
O momento mais esperado por todos os presentes, a chegada da tocha ao Maracanã e o acendimento da pira olímpica coube a outros grandes nomes do esporte nacional. O ex-tenista Gustavo Kuerten foi quem teve a honra de entrar no estádio com a chama eterna. A pira olímpica foi acesa pelo maratonista e único brasileiro consagrado com a medalha Pierre de Coubertin, Vanderlei Cordeiro de Lima, depois de ter recebido a chama da ex-jogadora de basquete Hortência.
A euforia marcou o momento da entrada da delegação italiana, uma das mais bem recebidas pela torcida brasileira. Conduzida pela sua porta-bandeira, a nadadora e aniversariante do dia Federica  Pellegrini, a delegação dos atletas italianos foi ovacionada. A Itália desembarcou no Rio de Janeiro para celebrar o estilo e a força do esporte através dos Jogos Olímpicos. Com uma delegação de peso que incluiu também grandes executivos como o Ceo mundial da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, o país trouxe grandes atletas que mostraram suas qualidades e força durante as competições.

Itália marcou presença em vários pontos da cidade-sede
Para hospedar suas estrelas e autoridades olímpicas, equipamentos foram instalados em vários pontos da cidade. Para isso, foi importante a sinergia entre o Coni e empresas como a Armani 7, responsável pelos uniformes da esquadra italiana; a Pirelli, que financiou as obras da manutenção e reforma decididas pela Arquidiocese do Rio de Janeiro; a Technogym, fornecedora oficial de equipamentos de academia dos Jogos que instalou em Ipanema a Casa Technogym, um centro de bem-estar; e a Fiat, uma das principais patrocinadoras da Casa Itália juntamente com a Vodafone, Gruppo BNP Paribas, Armani, DHL, Kinder e Unipol Sai.
A bandeira tricolor e a atmosfera italiana puderam ser vistas e sentidas em vários pontos da cidade, como na Casa Itália, instalada na Joatinga com extensão no Arpoador, onde pranchas são disponibilizadas para a prática de surf, no Consulado Italiano e no Museu Nacional de Belas Artes, no centro da cidade, na Rocinha, onde projetos sociais são mantidos por instituições italianas, e na Lapa, local em que o escolhido melhor chef do mundo, Massimo Bottura, instalou o restaurante RefettoRio Gastromotiva. Já na chegada, os atletas puderam ver o Cristo iluminado com a bandeira tricolor em sinal de boas vindas. Toda essa atmosfera parece ter contagiado os italianos e feito com que eles se sentissem em casa. Logo no primeiro dia de competição, após a abertura, a Azzurra conquistou sua primeira medalha: uma de prata com a bela Rosella Fiamingo na disputa individual de espada. Ao fim da primeira semana de competição, a Itália que chegou a ocupar a segunda colocação depois do primeiro e marcante domingo de Jogos com as conquistas de dois ouros – Daniele Garozzo, no florete individual, e Fabio Basile, no judô até 66kg –, cinco pratas – Rossella Fiamingo na espada individual, Odette Giuffrida no judô até 52kg, Giovanni Pellielo no tiro esportivo, a dupla Tania Cagnotto e Francesca Dallape nos saltos ornamentais, Marco Innocenti, no tiro na fossa dupla – e dois bronzes – Elisa Longo Borghini, no ciclismo de estrada, Grabriele Detti na natação 400m livre. Até o fechamento desta edição, os azzurri continuam entre os seis primeiros colocados no quadro geral de medalhas e a expectativa de muitos pódios que, segundo o presidente do Comitê Olímpico Giovanni Malagò, devem chegar a, ao menos, 25 conquistas.