As posições dos dois partidos têm se aproximado nos últimos dias
O secretário do partido ultranacionalista Liga Norte, Matteo Salvini, telefonou nesta quarta-feira (14) para o líder do antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S), Luigi Di Maio, para abrir negociações sobre o comando da Câmara dos Deputados e do Senado, cujos presidentes serão escolhidos em 23 de março, dia da posse da nova legislatura.
Salvini começou a se movimentar um dia depois de ter recebido mandato da coalizão de direita, vencedora das eleições de 4 de março, com 37% dos votos, para iniciar tratativas sobre a chefia do Parlamento com o M5S, partido mais votado individualmente, com 32%, e as outras legendas com representantes eleitos.
O telefonema a Di Maio ocorreu no fim da tarde desta quarta, em uma conversa “franca e cordial”. No entanto, o líder do M5S disse a Salvini que, como primeira força política do país, a legenda antissistema deve ficar com a presidência da Câmara.
“Para nós, essa vontade é sacrossanta”, escreveu Di Maio no Facebook.
Não se sabe qual foi a resposta de Salvini, mas ele já havia dito que o comando das duas casas do Parlamento deveria ficar com os partidos “vencedores” das eleições, ou seja, Liga e M5S.
Caso Di Maio bata o pé quanto à Câmara, a legenda ultranacionalista ficaria com a presidência do Senado.
Salvini também telefonou para o secretário “regente” do centro-esquerdista Partido Democrático (PD), Maurizio Martina, e para o líder da lista de esquerda Livres e Iguais (LeU), Pietro Grasso, presidente do Senado na última legislatura.
O processo – Na eleição para presidente do Senado, o candidato deve obter a maioria absoluta dos votos (161), mas, se ninguém atingir esse patamar nos três primeiros escrutínios, há um “segundo turno” entre os dois mais bem posicionados.
Já na Câmara o processo pode ser mais demorado: na primeira votação, o postulante precisa de dois terços dos votos (420) totais; na segunda e na terceira, o patamar cai para dois terços dos deputados presentes na sessão; da quarta em diante, o candidato só será eleito se obtiver a maioria absoluta.
Como nenhum partido tem os votos necessários para eleger sozinho os presidentes das duas casas, será preciso formar alianças entre grupos rivais. Por outro lado, tanto Di Maio quanto Salvini tentam desvincular as negociações para as presidências da Câmara e do Senado das tratativas para empossar o próximo primeiro-ministro – ambos pleiteiam o cargo.
Um sinal de abertura de Salvini ocorreu durante o telefonema a Di Maio, quando ele prometeu se empenhar para abolir as aposentadorias vitalícias dos parlamentares, uma bandeira histórica do M5S. Além disso, o líder da Liga negou haver qualquer disputa com Di Maio sobre a poltrona de premier.
“Sobre cargos, não há preconceitos, me interessa o projeto”, afirmou, em encontro com a imprensa estrangeira. (ANSA)