Exposição inédita reúne o esplendor do barroco brasileiro e italiano em exposição comemorativa à inauguração da nova sede da Casa Fiat de Cultura na capital mineira

Ao atravessar o Atlântico no século XVII, provindo da Itália, o barroco se metamorfoseou no Brasil — e de modo muito especial em Minas Gerais, onde o movimento artístico europeu, caracterizado pelas curvas exacerbadas e pela sobriedade transformada em emoção e sacralidade, trouxe novos significados e possibilidades. Para comemorar a inauguração de sua nova sede no Circuito Cultural Praça da Liberdade, após dois anos de mudanças e reformas, a Casa Fiat de Cultura preparou a exposição Barroco Itália Brasil – Prata e Ouro, com 40 esculturas que apresentam a suntuosidade da prata italiana e o esplendor do ouro brasileiro. A inauguração, em junho, contou com a presença do presidente mundial da Fiat Chrysler, Sergio Marchionne, e do embaixador da Itália no Brasil, Raffaele Trombetta.
Dentre os exemplares selecionados para a mostra, 20 são moldados em prata, provenientes de importantes museus e coleções da Itália. Outras 20 peças policromadas são de grandes artistas do barroco brasileiro, que traduzem o período colonial. A curadoria italiana é de Giorgio Leone e Rossella Vodret, e a brasileira de Angelo Oswaldo.
— A mostra sintetiza uma de nossas intenções permanentes, que é fazer com que sejamos um portal de ligação entre as culturas brasileira e mundial. Lembremo-nos que nosso barroco não é um fenômeno isolado, mas que se insere em um conceito artístico e histórico mais amplo, com manifestações diferenciadas, que se integram por uma matriz comum — destaca o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira.  
As esculturas pertencem aos mais conceituados artistas ourives italianos da época, como Domenico Antonio Ferro, Domenico Capozzi, Filippo Del Giudice, Giacinto Buonacquisto, Giovan Battista d’Aula, Bartolomeu Granucci, Lorenzo Vaccaro, Nicola Avitabile e Tommaso Treglia. Gênios do barroco brasileiro completam a mostra, incluindo Aleijadinho, Mestre Valentim, Mestre de Piranga, Francisco Vieria Servas, Antônio Pereira da Costa e Joaquim Gonçalves da Rocha.
Dentre os destaques, estão São João Batista (1718- 1719), de Nicola Avitabile, uma das raridades do Museo Del Tesoro di San Gennaro, e Sant’Ana Mestra (século XVIII), de Aleijadinho — artista que este ano recebe homenagens em todo o Brasil, em função dos 200 anos de sua morte.
Enquanto a prata marcava a produção napolitana, o Brasil resplandecia em ouro, sobre esculturas de madeira.
— No reino de Nápoles e na capitania das Minas Gerais, prata, ouro e madeira mediaram a expressão barroca com que italianos e brasileiros traduziram, em períodos históricos muito próximos, seu trânsito nas glórias do mundo. O legado dessa efervescência artística sugere um diálogo que ilumina e amplia a percepção do fenômeno criativo, seja ao largo do mar Tirreno, seja nos cumes do espinhaço sul-americano — ressalta o curador Angelo Oswaldo.   
A mostra, realizada pela Casa Fiat de Cultura, em parceria com a Base7 Projetos Culturais e Ministério da Cultura, conta com o patrocínio da Fiat Automóveis e com o apoio do Banco Safra.