O presidente da Itália, Sergio Mattarella, decidiu dar mais tempo para o antissistema Movimento 5 Estrelas (M5S) e a ultranacionalista Liga negociarem um acordo de governo. Desta vez, no entanto, o chefe de Estado ainda não estipulou um prazo para o fim das tratativas
O pedido de mais tempo foi feito pelos dois partidos, que avançaram nas negociações na última quinta-feira (10), quando Silvio Berlusconi deu permissão para a Liga conversar com o M5S sem o risco de romper a coalizão de direita.
As duas legendas já entraram em acordo sobre as bases do programa de governo, mas, segundo o secretário da Liga, Matteo Salvini, as posições ainda estão bastante distantes em temas como infraestrutura e justiça.
“Partimos de posições diferentes, e eu estou neste papel não apenas como líder da Liga, porque não quero romper a aliança de centro-direita”, declarou Salvini, após uma reunião com Mattarella, deixando claro que não pretende fechar um contrato de governo que desagrade a Berlusconi na questão judicial.
Outra exigência do secretário da Liga é ter as “mãos livres” para combater a migração em massa no Mediterrâneo, uma de suas principais promessas de campanha. “Sobre imigração, na qual Liga e M5S partem em notável distância: no respeito dos direitos humanos e dos tratados, me recuso a imaginar o enésimo verão do negócio da imigração clandestina. Se formos ao governo, quero mãos livres para tutelar a segurança dos italianos”, disse.
Salvini é cotado para assumir o Ministério do Interior, pasta responsável pela gestão migratória, mas isso só deve acontecer caso o líder do M5S, Luigi Di Maio, também tenha um cargo de relevo no governo – fala-se no Ministério das Relações Exteriores.
Os dois também garantiram que não estão discutindo sobre quem será o primeiro-ministro, já que nenhum deles aceitaria um governo guiado pelo outro. “Seja eu, seja Salvini, estamos de acordo sobre o fato de não falar em nomes publicamente”, declarou Di Maio.
Ambos ainda reforçaram a intenção de submeter um eventual acordo às bases da Liga e do M5S: os ultranacionalistas, por meio de reuniões públicas, e o movimento antissistema, em uma votação online. (Agência ANSA)