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Internacionalização de franquias para a Itália ganha incentivos

{mosimage}A proximidade entre a cultura italiana e a brasileira é apontada como fator que estreita a relação comercial entre os dois países. A internacionalização de franquias, no entanto, deve ganhar impulso nos próximos anos, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF).

O diretor executivo da ABF, Ricardo Camargo, diz que o formato franquia permite o crescimento mais acelerado da marca.

— A internacionalização de franquias gera aumento de competitividade. O Brasil tem ligação cultural forte com a Itália, por isso buscamos acordos comerciais, visando redução de tarifas comerciais — afirma Camargo. 

A Câmara de Comércio e Indústria bilateral também se mobiliza para ampliar a internacionalização brasileira para a Itália.  De acordo com a instituição, em outubro de 2011, um evento será organizado, em parceria com a ABF e a Associação Italiana de Franching, em São Paulo. A data ainda não foi definida. 

Atualmente, existem 68 redes brasileiras atuando no exterior. Elas estão presentes em 49 países, em todos os continentes, o que representa 4% do total das marcas nacionais.

A Itália é um dos países que recebe unidades franqueadas brasileiras. Possui 11 franquias, além das lojas próprias e de marcas licenciadas.

— A transferência de franquias é o foco da nossa parceria. A internacionalização brasileira pode ter muito sucesso na Itália, os italianos têm simpatia por empresas do Brasil — informa o presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio de São Paulo, Edoardo Pollastri.

Este será o segundo ano que o evento reunirá as entidades em prol da parceria Brasil-Itália. A ABF possui aproximadamente 900 membros franqueados e a Associação Italiana de Franching conta com 400. O diretor de varejo da Via Uno, Alexandre Sá Pereira, acredita que os empresários devem estar informados sobre as tendências do produto, quando estiverem no exterior.

— A Via Uno tem lojas próprias na Itália. A franquia é um formato que facilita a administração. Porém, é preciso ter muita atenção com os produtos, o público gosta muito de moda, temos que atualizar sempre — revela o executivo.

A Via Uno está há quatro anos na Itália, onde tem sete lojas, e a marca é exportada para o país há uma década. Em Milão, Torino, Gênova, Firenze e Sicília é possível encontrar os produtos. No total, a marca possui 160 lojas no Brasil e mais 280 lojas em 20 países.

Sá Pereira alerta sobre as dificuldades que empresários podem encontrar.

— Os custos trabalhistas e da compra do ponto, na Itália, são mais pesados. O capital inicial ou luva é quase o mesmo do que no Brasil — completa.

De acordo com o porta-voz do departamento de promoção comercial e investimentos do Ministério das Relações Exteriores, a Itália é uma das prioridades do governo brasileiro, pois existe grande afinidade cultural. A internacionalização de empresas brasileiras está em ascensão exponencial, porém, o Brasil ainda carece de políticas e apoios públicos.

A grande parte das empresas brasileiras ainda prefere internacionalizar para a América Latina. A Argentina é o país que mais recebe franquias do Brasil, por conta da competitividade da região, que apresenta taxas elevadas de consumo. O setor de vestuário é o primeiro no ranking dos franqueados, no exterior. A Itália, por sua vez, é atrativa, mas ainda não recebe volume expressivo de empresas brasileiras, além disso, o país tenta se recuperar da crise econômica e do envelhecimento da população.

— O mercado italiano é considerado competitivo, principalmente em moda, alimentação, beleza e saúde e deve atrair mais franquias, no futuro. Mas, o empresário deve considerar que internacionalizar tem custo elevado — diz Camargo. Segundo a ABF, o registro da marca fica em torno de US$ 5 mil, o contrato de franquia é de US$ 10 mil. Já os procedimentos para a internacionalização são, basicamente, os mesmos para abertura no Brasil. 

Um dos obstáculos que podem ser encontrados pelos empresários é o desconhecimento de legislação local e a falta de políticas incentivadoras por parte do governo brasileiro. Em 1998 foi promulgado o Acordo-Quadro de Cooperação Econômica, Industrial e para o Desenvolvimento entre Brasil e Itália. A partir de então, outras políticas efetivas não ganharam força.

De acordo com o relatório de internacionalização do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior, o governo brasileiro tem ciência de que é necessária a adoção de políticas mais ativas em relação ao tema.

A empresária Cibele Paim Batista, que levou a franquia Armazém Amazônico para a Itália, encontrou dificuldades nas exigências italianas.

— A burocracia é grande, principalmente, em relação aos cosméticos, porque os produtos devem ser em conformidade com a lei europeia. Antes de importar, temos que enviar uma completa documentação para ser aprovada pelo Ministério da Saúde italiano — pondera.

Segundo a empresária, apesar dos desafios, é vantajoso exportar produtos brasileiros.

— O Brasil é uma tendência mundial. É um país muito amado pelos italianos e mostrar, para a Europa, a riqueza única da nossa Floresta Amazônica é nosso principal diferencial. Estamos com bons resultados e em fase de expansão para abertura de novos afiliados — diz Cibele, que em 2009 inaugurou a franquia Armazém Amazônico Store na Itália.

Transferência

Para o Ministério do Desenvolvimento, a internacionalização da produção acontece quando residentes de determinado país obtêm acesso a bens e serviços, com origem em outro. Este processo faz parte da globalização econômica. Para entender as opções das empresas, no momento de atuar na economia global, deve-se atentar para os condicionantes microeconômicos e comportamentais da escolha entre a entrada em outro mercado ou a exportação.

No caso das relações contratuais, há transferência de ativo específico (tecnologia de produção, patente ou marca, entre outros) para outra empresa no exterior, que passa a produzir segundo as regras definidas em contrato.

Os custos da concessão de licenças estão relacionados à possibilidade de perda de controle do know-how, difundido por meio do contrato. A entrada e a operação em outros países acarretam custos maiores às empresas, em comparação com a atuação no mercado interno. É necessário que a empresa possua algum tipo de vantagem que permita a obtenção de lucro que compense. A vantagem específica consiste na posse ou disponibilidade de capital, de tecnologia e de recursos gerenciais, organizacionais e mercadológicos.

Além dos benefícios para os países sede, a internacionalização permite às empresas proteção contra taxas de câmbio desfavoráveis (dependendo do país); diluição de riscos pela diversificação de mercados; acesso facilitado aos sistemas de comercialização dos países receptores do investimento – melhor conhecimento do atacado e varejo local –, acesso a capital de baixo custo; menor dependência do mercado interno; maior disponibilidade financeira para reinvestimentos na produção e na inovação, entre outros.

Um estudo da UNCTAD (2006) aponta que as pequenas e médias empresas (PMEs) que investem no exterior encontram vários obstáculos, como a falta de experiência internacional e competência de gestão. A escassez de informação sobre oportunidades de investimento e o ambiente de investimento do país receptor constituem problemas mais sérios para as PMEs do que para as grandes.