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Home > Mais diálogo e justiça social

Mais diálogo e justiça social

26 de dezembro de 2016 - Por Comunità Italiana
Mais diálogo e justiça social

Mais dilogo e justia socialO mais novo cardeal brasileiro nomeado pelo papa Francisco, Dom Sérgio da Rocha, conversa com Comunità sobre os atuais desafios da Igreja Católica no Brasil e ressalta a importância do diálogo entre os diversos segmentos da sociedade neste “momento difícil de crise econômica e política que estamos vivendo” no país

O arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, é o mais novo cardeal da Igreja Católica. Ele foi nomeado pelo papa Francisco em 19 de novembro, junto com outros 16 religiosos. A diversidade dos nomes escolhidos confirma a intenção do sumo pontífice de descentralizar o Vaticano. Pela primeira vez na história da instituição, o colégio cardinalício conta com mais eleitores não europeus do que representantes do velho continente. Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde abril de 2015, estudou filosofia no Seminário Diocesano de São Carlos (SP), teologia no Instituto Teológico de Campinas (SP) e concluiu mestrado em teologia moral na Faculdade Teológica Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, além de doutorado na mesma disciplina junto à Academia Alfonsiana de Roma. É o segundo purpurado nomeado por Francisco, depois do cardeal Orani João Tempesta. Outro cardeal brasileiro tem uma importância especial para o pontífice argentino: o franciscano Dom Claudio Hummes, considerado um “grande amigo”. Com a escolha de Dom Sérgio da Rocha, a Igreja no Brasil passa a ter cinco cardeais eleitores.
Na homilia aos novos cardeais, Francisco reiterou seu apelo a favor do acolhimento dos refugiados.
— Vemos, por exemplo, como, rapidamente, quem vive ao nosso lado não só possui a condição de desconhecido, imigrante ou refugiado, mas torna-se uma ameaça, adquire a condição de inimigo. O inimigo é alguém que devo amar. O vírus da polarização e da inimizade permeia as nossas maneiras de pensar, sentir e agir. Não sendo imunes a isto, devemos estar atentos para que tal conduta não ocupe o nosso coração, pois iria contra a riqueza e a universalidade da Igreja, que podemos constatar palpavelmente neste colégio cardinalício — afirmou o pontífice, recordando um princípio do evangelho.
No dia 19 de novembro, depois da nomeação, os cardeais receberam o público na sala Paulo VI, no Vaticano. O encontro significa o abraço com as pessoas, entre familiares e religiosos, compartilhando momentos de afeto. Na ocasião, Dom Sérgio da Rocha, torcedor do Palmeiras, concedeu entrevista à Comunità em um clima descontraído e de alegria, brincando até sobre futebol.

ComunitàItaliana — Em três anos de pontificado, o papa Francisco nomeou dois cardeais brasileiros, Dom Orani Tempesta e agora o senhor, arcebispo de Brasília e presidente da CNBB. Isso significa que o papa atribui uma importância especial ao Brasil?
Cardeal Dom Sérgio da Rocha — Não acho que seja só um gesto pessoal, embora o papa escolha os bispos com quem ele pode contar. Porém, ao escolher um brasileiro, sobretudo o presidente da Conferência Episcopal, o papa Francisco está expressando o seu carinho, seu amor pela Igreja no Brasil, pelo povo brasileiro e pelo episcopado brasileiro. Ao mesmo tempo, eu creio que isso traz uma responsabilidade ainda maior não só para mim, mas para a Igreja no Brasil e os bispos no país, porque se o papa nos confia uma missão esperando a nossa colaboração, não acredito que esta seja estritamente pessoal. Claro que sou eu que estou sendo nomeado. Portanto, ofereço a minha ajuda ao máximo possível. O melhor modo de ajudar o papa é ajudar a Igreja no Brasil a estar sempre unida com ele e ajudar os bispos do Brasil a estar sempre em comunhão com ele.

CI — Durante a homilia, o papa fez um apelo pela união dentro da Igreja e reiterou seu pedido pelo acolhimento dos imigrantes. Como o senhor interpreta tais apelos?
CDSR — Eu creio que a palavra do papa interpela todos nós, a sociedade e a Igreja. Baseada na palavra de Deus que foi proclamada, o papa nos motiva a uma atitude de maior respeito, diálogo e tolerância. No mundo de hoje está faltando muito isso. Infelizmente há muita agressividade, sobretudo quando as pessoas pensam diferente. O fato de pensar diferente tem levado muita gente a pensar que o outro é um inimigo. Nós não podemos entender assim, seja no campo da politica, seja no campo da religião, seja em outros âmbitos. Ninguém pode entender que quem pensa diferente seja um inimigo. Entre nós, cristãos, ou numa comunidade eclesial, jamais pode existir a figura do inimigo. Um irmão pode errar, mas ele precisa do perdão porque ele deve ser amado e não se trata de um inimigo. Portanto, é muito importante que entre nós, da Igreja, haja esse testemunho de caridade, misericórdia e perdão que é fundamental para a paz. Na medida em que testemunhamos a misericórdia dentro da Igreja, estamos estimulando a sociedade a fazer o mesmo e, sobretudo, nós estaremos oferecendo a nossa contribuição para que a justiça e a paz aconteçam no mundo.

CI — Que ajuda a Igreja no Brasil pode dar nesta crise política e econômica brasileira?
CDSR — Nós temos procurado oferecer a nossa contribuição. Como Conferência Episcopal, buscamos iluminar esse momento difícil de crise econômica e política que estamos vivendo no Brasil. A CNBB tem feito vários pronunciamentos como Igreja no Brasil. Neste momento, gostaria de ressaltar a necessidade que temos de ampliar o diálogo. Precisamos dialogar muito para que as medidas que se tomam no Brasil, no campo econômico ou em outras iniciativas politicas, sejam fruto de um diálogo amplo, não só dentro do Congresso Nacional, ou entre os poderes públicos. Na verdade é o diálogo que deveria existir com a sociedade civil organizada. Esse diálogo é necessário, sobretudo quando se trata de iniciativas que mexem com a vida do povo. Se fossem decisões restritas ou limitadas a um grupo, a ênfase seria menor, mas quando envolvemos a sociedade brasileira e quando as iniciativas políticas e econômicas repercutem no conjunto da ação, com muito mais razão precisamos do diálogo. A Igreja insiste na defesa do direito dos mais fracos, dos mais fragilizados, dos mais pobres. Quem vai defender essa gente, se não forem as Igrejas cristãs, a CNBB e aqueles que compartilham valores éticos e valores do Evangelho? Nós temos obrigação e procuramos fazer isso. Queremos este direito de defender os mais pobres porque sem isso não há justiça social. Na história recente da Igreja no Brasil, insistimos para que haja justiça social no país como condição para a paz. Temos que superar as desigualdades e as tantas situações de violência sofridas pelo nosso povo.

CI — O que é necessário neste momento no país?
CDSR — Nesse momento é necessário cultivar muito o diálogo, o respeito e também não perder de vista o horizonte que rege a vida da Igreja, um horizonte de valores éticos. Precisamos resgatar a ética na política e a credibilidade dos próprios políticos que é indispensável para a democracia. Que nós tenhamos os políticos atuando, afinal não se pode ter uma postura anárquica que excluiria o valor e a importância da atuação política e partidária. A Igreja Católica, como instituição, não tem atuação política e partidária, mas nós insistimos para que os cristãos católicos, leigos e leigas, tenham militância político-partidária porque a política é necessária para o país. Claro que insistimos em que não podemos limitar a política de atuação do povo brasileiro à política partidária, mas sabemos que é fundamental para o destino de uma sociedade democrática.

Novo equilíbrio geográfico
O papa Francisco interrompeu o eurocentrismo da hierarquia católica, na qual predominavam cardeais europeus e principalmente italianos, dando mais importância ao que ele chama de “periferias do mundo”, como África, Ásia e América Latina. Em 2013, quando o pontífice argentino foi eleito, 61 cardeais com direito de voto eram europeus e 56 de outros países. Agora, 54 são da Europa e 67 de outros continentes — com um aumento significativo dos africanos, que passaram de 11 para 15, e dos asiáticos que de 11 passam para 14 membros. Francisco nomeou bispos de países que não tinham representantes entre os chamados “príncipes da Igreja”, como Maurice Piat, bispo de Port-Louis, capital das Ilhas Maurício; John Ribat, bispo de Port Moresby, capital da Papua Nova Guiné; e Patrick D’Rozario, bispo de Daca, cidade de Bangladesh que mais sofre com a fúria jihadista. Destaca-se Dieudonné Nzapalainga, arcebispo de Bangui, cidade marcada pela violência na República Centro-Africana. Aos 49 anos, ele é o mais jovem de todos os cardeais e um dos protagonistas nas negociações de paz no seu país.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.