Local de estreia da seleção italiana, capital amazonense, conhecida pelo calor e umidade, recebeu pesadas críticas dos ingleses que irritaram o prefeito local
A Itália vai estrear na Copa do Mundo contra a Inglaterra em Manaus, área rica para o turismo, mas com pouca tradição no futebol. O clima equatorial, com calor, umidade e a longa distância de outras sedes não são convidativos, a ponto de o técnico da seleção inglesa, Roy Hodgson, ter dito que era uma sede a ser evitada. E logo ganhou a antipatia do prefeito de Manaus, Arthur Viríglio Neto, que se declarou Itália desde criancinha. Depois da péssima repercussão das declarações, Roy Hodgson escreveu a Omar Aziz, governador do Amazonas, fazendo elogios à cidade. O técnico da Inglaterra disse que vai visitar a capital amazonense em fevereiro.
Porém, o próprio coordenador técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira, declarou à imprensa brasileira de que, por ele, a capital amazonense não seria sede da Copa pelos mesmos problemas apontados pelo técnico inglês.
O jornal inglês Daily Mail exagerou e mostrou-se preocupado com a possibilidade de ver jacarés passeando pela cidade durante a Copa do Mundo. O mesmo diário havia definido Manaus como um buraco infernal na mão da criminalidade.
— Quem escreveu essas coisas está mal informado. Vou mostrar a todos como é Manaus. Os problemas sociais existem há muitas décadas e não posso fazer milagres para resolvê-los. Mas minha cidade não é um buraco infernal — comentou Virgílio durante entrevistas.
Problemas e folclores à parte, a capital é o principal pólo econômico-financeiro do Norte do Brasil, localizada no centro da maior floresta tropical do mundo. Tem 1.861.838 habitantes, segundo estimativas do IBGE de 2012. O ecoturismo é uma das principais atrações. O Amazonas ganhou o prêmio de melhor destino verde da América Latina, em votação feita pelo mercado mundial de turismo, na World Travel Market, realizada em 2009, em Londres. O encontro das águas é uma das atrações mais procuradas por turistas. É causado pelo encontro das águas barrentas do rio Solimões com as águas escuras do Rio Negro, que percorrem em torno de seis quilômetros sem se misturarem.
Arena da Amazônia pode virar elefante branco após a Copa
Um estádio em sintonia com o meio ambiente. Assim, prometem os responsáveis pelo projeto Arena da Amazônia, construída no lugar do antigo Estádio Vivaldo Lima, o Vivaldão. A inauguração está prevista para este mês.
A arena terá capacidade para 41.400 lugares vagas durante a Copa do Mundo e 44 mil após a competição. Haverá 400 vagas em estacionamento subterrâneo, acessibilidade para portadores de necessidades especiais, restaurante, sistema de aproveitamento de águas de chuvas, estação de tratamento de esgoto e ventilação natural para redução do consumo de energia. O material gerado com a demolição do Vivaldão foi utilizado ou doado para outros estádios amazonenses. A fachada e a cobertura, compostas por única estrutura metálica com design semelhante a um cesto de palha indígena, são as principais características do projeto arquitetônico do escritório alemão Gerkan Marg und Partner. A arena fica ao lado do Sambódromo e do novo Centro de Convenções do Amazonas e da Arena Poliesportiva Amadeu Teixeira, a seis quilômetros do centro histórico de Manaus, próximo a hospitais, bancos, restaurantes, shoppings e supermercados. O projeto está orçado em R$ 669,5 milhões, dos quais R$ 400 milhões provenientes de financiamento federal.
O futebol local costuma ter baixas médias de público. O primeiro jogo das finais do Campeonato Amazonense de 2013, Nacional 1 x 3 Princesa do Solimões, recebeu apenas 2.924 pagantes. Teme-se que o estádio vire um “elefante branco” após o Mundial. Por isso, há projetos de utilizá-lo em shows e outros eventos culturais.
Dois operários morreram nas obras do estádio, em 2013. Em março, Raimundo Nonato Lima Costa, de 49 anos, caiu de uma altura de cinco metros. Ele tentava passar de uma coluna para um andaime. Em dezembro, Macleudo de Melo Ferreira, de 22 anos, colocava a membrana de proteção da cobertura da lateral quando sofreu uma queda de 35 metros. No mesmo dia, morreu José Antônio da Silva Nascimento, 49 anos, mas fora do estádio e de outra forma: o operário sofreu um infarto enquanto trabalhava no vizinho centro de convenções.