Comunità Italiana

Mãos à obra

Voluntários, organizações não governamentais, universidades e entidades da sociedade civil atuam em diversos projetos na área ambiental entre Itália e Brasil, contando, ou não, com o apoio de instituições e governos, como prefeituras e ministérios. Por outro lado, órgãos governamentais, a exemplo da Embaixada italiana, também têm desenvolvido programas com o objetivo de promover o desenvolvimento sustentável. Conheça algumas dessas iniciativas.

{mosimage}A bicicleta elétrica da Ducati
A  Ducati apresentou, em 2009, na cidade de Copenhague, durante a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, uma nova bicicleta híbrida elétrica, desenvolvida conjuntamente com o Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O projeto faz parte do programa Copenhague Green Wheel, que conta com o apoio do governo italiano. O sistema de funcionamento da bicicleta contempla uma bateria que é carregada enquanto se pedala, mas, diferentemente de outros modelos, a Copenhague Wheel concentra todos os seus componentes, bateria, freios e motor, em um pequeno dispositivo situado no centro da roda traseira. A bicicleta, além disso, é dotada de sensores externos que permitem obter informações em tempo real sobre a contaminação do ar, do volume de tráfego e dos tempos percorridos nas zonas urbanas. Estas informações ainda podem ser transmitidas para os responsáveis pela coordenação de tráfego para ajudar no desenvolvimento de vias menos poluentes. A bicicleta tem um dispositivo smartphone que se comunica com a roda traseira, permitindo ao ciclista eleger entre sete modos diferentes em que poderá pedalar.

BrazilFoundation
A  BrazilFoundation é uma organização não-governamental que apoia iniciativas da sociedade civil brasileira que propõem soluções criativas e diferenciadas para os desafios enfrentados por comunidades de todo o país. Em seus dez anos de atuação, conquistou mais de sete mil doadores e amigos, além de mobilizar cerca de US$ 17 milhões. Os recursos angariados permitiram à fundação identificar, apoiar e monitorar mais de 300 iniciativas locais em todos os estados brasileiros, beneficiando diretamente mais de 50 mil pessoas. Este ano, foram selecionados 28 projetos para receberem o apoio da entidade.

Comunidade remodelada
A  Itália e o Brasil planejam apresentar um projeto conjunto de remodelação de uma favela carioca no bairro do Leme, durante a Conferência Rio+20. A iniciativa foi divulgada pelo ministro italiano do Meio Ambiente, Corrado Clini. O nome da comunidade beneficiada será divulgado após a concretização do acordo entre os dois países. O projeto arquitetônico pretende utilizar parte das construções que já existem, evitando simplesmente derrubá-las. O projeto prevê a melhoria no acesso à comunidade. O objetivo principal é favorecer a circulação na favela e integrar o bairro ao resto da cidade, em vez de condená-lo por ser um ‘gueto’. O projeto conta com o apoio da prefeitura do Rio.

Projetos das comunidades
Representantes das comunidades da Cidade de Deus, do Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, do Chapéu Mangueira/Babilônia, do Vidigal, da Rocinha e do Alemão desenvolveram projetos que serão apresentados de 13 a 22 de junho, paralelamente à realização da Rio+20. Os eventos ocorrerão nas próprias comunidades e os chefes de Estado serão convidados. No Pavão-Pavãozinho/Cantagalo, os moradores farão uma feira de economia solidária. A Cidade de Deus promoverá os Jogos Abertos e da Jornada de Educação Socioambiental. Já os moradores da Rocinha pretendem entregar um documento sobre desenvolvimento sustentável, com um evento no parque ecológico da comunidade.

As queimadas
na Amazônia
Com índices de redução de queimadas que variam entre 50% e 98% nos estados da Amazônia, o Programa Amazônia sem Fogo segue para uma nova fase na América Latina. Fruto de parceria da Cooperação da Itália com o Ministério do Meio Ambiente, o programa começa os trabalhos na Bolívia. A Itália investiu US$ 2 milhões, e o Brasil, quase US$ 1 milhão na ampliação do projeto. A Corporação Andina de Fomento financiou com US$ 2,5 milhões o processo de levar as metodologias aplicadas no Brasil para outros países. Equador e Peru já solicitaram apoio. O projeto existe desde 1999, com o objetivo de reduzir o fenômeno dos incêndios florestais e de melhorar as condições de vida dos produtores das comunidades rurais.

Embaixada Verde
Concebido há dois anos, o projeto Embaixada Verde continua. A instalação de 405 painéis fotovoltaicos no teto da sede diplomática italiana em Brasília, realizados pela Enel Green Power, soma-se à implantação de um sistema de fitodepuração de águas residuais do edifício realizado por várias empresas italianas, lideradas pela Ecomacchine. A economia energética obtida com os painéis solares é baseada na troca de energia com a Companhia Energética de Brasília (CEB). O sistema de depuração se apresenta como um jardim de aspecto esteticamente agradável, que não emite nenhum odor proveniente das águas residuais recicladas. Dessa forma, a Embaixada não é mais ligada à rede de esgotos de Brasília. Na Rio+20, serão apresentados os dados e mais detalhes sobre a iniciativa.

Slow Food
Para um verdadeiro gastrônomo é impossível ignorar as fortes relações entre o prato e o planeta, defende o Slow Food. Fundado por Carlo Petrini em 1986, como associação internacional sem fins lucrativos em 1989, o movimento conta atualmente com mais de 100 mil membros em todo o mundo e escritórios em vários países. O princípio básico é o direito ao prazer da alimentação através da utilização de alimentos artesanais de qualidade especial, produzidos com respeito ao meio ambiente e aos seus próprios produtores. O Slow Food opõe-se à tendência de padronização mundial do fast food. Petrini é um dos convidados do evento Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável para falar de segurança alimentar e nutricional, na programação oficial da Rio+20.

O norte e o
sul do mundo
O projeto CISS, sigla de Cooperazione Internazionale Sud Sud, enfrenta algumas das questões cruciais para o desenvolvimento humano, como os direitos das mulheres; a proteção à infância; o abastecimento de água e o apoio aos refugiados. As ações baseiam-se na concepção de que as relações entre Norte e Sul devem ser equilibradas, daí a necessidade de cooperação. As intervenções têm o apoio de fontes de recursos diferentes, através de parcerias com o governo italiano, a União Europeia, a ONU e instituições locais, além dos doadores privados. A CISS realiza mais de 200 projetos, atuando em vários países, como Brasil, Cuba, El Salvador, Costa do Marfim, Egito, Marrocos, Mauritânia, Quênia, Tunísia e Sudão.

Floresta das Crianças
O projeto Floc, o Floresta das Crianças, foi premiado na categoria de Educação Ambiental com o prêmio Chico Mendes, conferido pelo governo brasileiro. Seu objetivo é promover a proteção ambiental na região MAP: Madre de Dios, no Peru; Acre, no Brasil; e Pando, na Bolívia. O Floc é realizado pela Assis Brasil, Brasiléia e Epitaciolândia, com a ajuda da Associação dos Moradores e Produtores da Reserva Extrativista Chico Mendes, e em parceria com a Universidade Federal do Acre. A italiana Cesvi apoia o projeto, dentro do programa Promoção e uso sustentável dos recursos naturais da Floresta Amazônica do Brasil, financiado pelo governo italiano. Os alunos fazem o mapeamento de áreas florestais com GPS, criam hortas comunitárias e fazem workshops. O Floc existe em 37 escolas da zona rural.

Biocombustível
Desde janeiro de 2012, 20 ônibus de transporte público rodam pelas ruas da capital fluminense com 30% de diesel obtido a partir da cana-de-açúcar, acrescentados ao diesel fóssil. A utilização do biocombustível não implica em alteração mecânica nos motores dos ônibus, o que elimina a necessidade de investimentos adicionais para fazer a substituição do diesel fóssil. Os dados preliminares serão apresentados pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Rio de Janeiro durante a Rio+20. A perspectiva é diminuir a emissão de gases de efeito estufa em até 90%, já que o combustível é feito a partir de biomassa renovável. Testes vão determinar se haverá redução de custos para as empresas de ônibus.

Ecoa na Rio+20
O Ecoa — Educação Comunitária Ambiental — é fruto de parceria do Centro Integrado de Estudos e Programas de Desenvolvimento Sustentável com diversos órgãos, fundações e empresas, entre elas a Alcoa, líder na produção de alumínio. O projeto busca encorajar comunidades de 18 municípios brasileiros para a construção de sociedades mais sustentáveis, promovendo oficinas, cursos e atividades lúdicas culturais, sociais e esportivas. Todos os núcleos vão participar da atividade intitulada Xitiloio, que visa, através de cartas, fazer uma articulação conjunta de organizações e pessoas para a mobilização da juventude na Rio+20, refletindo e diagnosticando problemas, demandas e soluções ambientais para as localidades onde o Programa Ecoa atua.

Casa ecológica
A EkóHouse é inspirada na tradição dos índios tupi-guaranis. Ekó, na língua indígena, significa maneira de viver. A construção foi pensada com características que valorizam a harmonia entre homem e natureza, e priorizam o sol como fonte de energia e vida. Toda a energia utilizada para o funcionamento da casa é obtida através de painéis fotovoltaicos. Um dos módulos abriga os sistemas elétricos e de automação, enquanto outros dois são constituídos pelos sistemas hidráulicos, de aquecimento de água e climatização. O mobiliário da cozinha foi planejado para ajudar na separação do lixo. A equipe brasileira é coordenada pela UFSC e USP, com a participação da UFRJ, Universidade Estadual de Campinas e UFRN.

Kaiowá-Guarani
A Reserva Indígena de Dourados, no Mato Grosso do Sul, é a mais populosa do país, com cerca de 15 mil habitantes, sendo quase metade crianças e jovens. Cercada por fazendas de soja e de cana-de-açúcar, teve suas águas represadas, o que ocasionou grande escassez. A pouca água que resta está poluída pelo veneno da soja produzida. A paisagem é árida e as terras estão totalmente exauridas, com pouquíssimas pessoas vivendo de suas plantações, sendo necessária a evasão dos jovens em busca de sobrevivência. O Grupo de Apoio aos Jovens Indígenas nasceu da organização dos próprios jovens e  projeto busca minimizar problemas de saúde derivados da falta de alimentação e de acesso à água e à terra, além da carência de políticas e serviços públicos, como a coleta sistemática de lixo.

De bici
O incentivo ao uso da bicicleta será debatido na Rio+20. Os organizadores da conferência prometem disponibilizar bicicletas e estacionamentos para os participantes. A prefeitura do Rio ampliou, nos últimos anos, em 120 km, a rede de ciclovias e ciclofaixas do município que, de 150 km em 2008, já soma 270 km. A meta é ampliar para 300 km até o fim do ano e, até 2016, ano das Olimpíadas, chegar a 450 km. Mas ainda há poucos estacionamentos específicos para bicicletas. Segundo a prefeitura do Rio, existem mais de três mil bicicletários públicos na cidade. Até a Copa do Mundo de 2014, a proposta é instalar mais mil. Para instalar bicicletários nas calçadas, os comerciantes devem solicitar a instalação, por e-mail, à Secretaria de Meio Ambiente. A iniciativa tem o apoio da ONG Transporte Ativo.

Ipê floresce
O Instituto de Pesquisa Ecológica (Ipê) trabalha há 20 anos pela conservação da biodiversidade, unindo educação ambiental e envolvimento comunitário. Ao longo dos anos, desenvolveu seu próprio modelo de conservação, com ações de pesquisas de espécies ameaçadas, educação ambiental, envolvimento comunitário e geração de renda. Na região do Baixo Rio Negro, no Amazonas, indígenas e ribeirinhos mantêm uma relação direta com os recursos naturais e uma forte dependência dos mesmos para as suas atividades cotidianas. Os produtos da agricultura familiar da região alimentam o comércio local entre os moradores. Mas essa atividade não traz melhoria efetiva na renda e na qualidade de vida local por causa da dificuldade de escoamento da produção e de inserção dos produtos no mercado por um preço justo.