Mesmo com volume de vendas inferior a 2013, Rio Boat Show apresenta novidades e empresas italianas demonstram otimismo em relação ao mercado brasileiro, mas pedem investimento em infraestrutura
A Marina da Glória voltou a sediar o Rio Boat Show, o maior evento náutico da América Latina. Ao todo, 100 expositores, entre estaleiros, empresas especializadas em motores e produtores náuticos apresentaram seus lançamentos ao logo de sete dias. Realizada em abril, a 17ª edição do evento recebeu 34 mil pessoas e movimentou cerca de R$ 193 milhões em negócios realizados, um pouco abaixo da expectativa dos organizadores e 43% abaixo em relação aos R$ 276 milhões registrados no ano passado.
— Consideramos um balanço positivo. O setor náutico costuma acompanhar o ritmo da economia como um todo, mas a boa surpresa é que observamos que a Rio Boat Show não sofreu tanto o impacto macroeconômico. Isto demonstra a maturidade do setor. A chuva dos dois últimos dias nos atrapalhou, mas a volta à Marina da Glória foi um ponto de destaque. A Marina é a casa dos barcos — afirmou o diretor técnico do Rio Boat Show, Marcio Dottori.
O salão mais uma vez apresentou o que há de mais moderno na indústria náutica nacional. Foram expostos 180 barcos no salão, com destaque para os modelos da Azimut-Bennetti e da Sessa Marine, que, além da origem italiana em comum, possuem fábricas em Santa Catarina. A presença em território nacional se traduz na expansão do mercado consumidor brasileiro e na necessidade de um melhor atendimento pós-venda ao novo proprietário.
A fabricante Azimut marca presença no território nacional desde 2010, quando inaugurou sua unidade de produção em Itajaí. Este ano a fábrica apresentou o luxuoso e sofisticado Azimut 70, de 22 metros, feito com design italiano, tecnologia de navegação americana e uma sala de jantar para oito pessoas.
— A Azimut decidiu investir no país também devido ao clima propício para a navegação o ano inteiro. Investimos na expansão da instalação em Itajaí (SC), um espaço com 16 mil metros quadrados de área construídos com espaços distintos para concentrar processos como laminação, montagem, marcenaria, pintura e acabamentos — explica.
A Azimut Yachts é uma marca italiana do Grupo Azimut-Benetti, o maior e mais importante construtor de iates a motor de lazer do mundo. Reconhecida mundialmente, traz a experiência e a tradição de mais de 40 anos no setor. Ao todo, 10% do volume de negócios do grupo e 25% de negócios da marca são representados pelas vendas de seus barcos no Brasil. Com mais de 300 colaboradores, a sede da fábrica brasileira conta com uma área administrativa completa, incluindo setores como vendas e suporte aos representantes, pós-vendas e assistência técnica em toda a costa brasileira:
— Teremos novidades para este ano, como o lançamento de mais um novo modelo da marca, que começará a ser produzido em solo brasileiro até o final de 2014, e a inauguração de centros de serviços e assistência em Angra dos Reis (RJ), Guarujá (SP) e Balneário Camboriú (SC) — revelou à Comunità o CEO da Azimut do Brasil, Davide Breviglieri.
Consumidores com perfis parecidos
Breviglieri destacou os pontos comuns e as diferenças entre o consumidor brasileiro e o italiano:
— Temos muitas colônias italianas no Brasil e já pelo próprio fator histórico se percebem similaridades no perfil de consumidor. Por isso, o brasileiro é bastante sensível aos produtos fabricados pelos italianos. Ambos são exigentes e prezam por alta qualidade em todos os detalhes e pelo prazer da vida a bordo. A Itália, porém, tem maior tradição no universo náutico, lança as tendências mundiais no setor. Já o Brasil é um mercado jovem, porém com potencial para se tornar um grande pólo náutico — concluiu.
A Sessa Marine também esteve presente pela quarta vez na feira e apresentou o Sessa FLY 42, lançado na última edição do São Paulo Boat Show, além da Cruiser 36 e Cruiser 40, esta última o best-seller da marca no Brasil. Desde a sua chegada ao país, já são mais de 100 barcos comercializados. Só no ano passado, a empresa produziu 41 embarcações, juntamente com a parceira Intech Boating. O diretor de produto da Sessa Marine no Brasil, Massimo Radice, se mostrou otimista quanto às operações da empresa no país:
— Apesar da retração do mercado e do momento político que o Brasil está vivendo, estamos felizes com nossos resultados. O mercado respondeu satisfatoriamente e a introdução do modelo F42 no final de 2013 foi um sucesso, contribuindo para nosso crescimento. Estreamos no mercado brasileiro no Rio Boat Show de 2011 e sempre tivemos bons resultados.
Ancorada no sucesso de vendas do passado, a empresa aposta em seu lançamento para consolidar sua posição no mercado brasileiro, que representa hoje cerca de 20% das vendas mundiais.
— Acredito que este ano a nossa participação marca o amadurecimento da Sessa Marine no mercado brasileiro. Nosso último lançamento, a F 42, teve nove modelos vendidos em menos de cinco meses e com certeza é a grande atração no nosso espaço — afirmou à Comunità.
Super iate da Benetti não sai por menos de R$ 30 milhões
Um dos destaques do evento foi a Delfino 93, da Benetti. Batizado como Zaphira, o super yatch tem tamanho de 28,5 metros de comprimento e uma largura máxima de 7 metros, conta com um design arrojado composto por linhas externas e grandes janelas de vidro. As linhas externas que contornam a embarcação são assinadas pelo designer italiano Stefano Righini. O barco é dotado de alta tecnologia, funcionalidades exclusivas, e o tradicional luxo e conforto característicos da marca. A Delfino 93 ainda conta com quatro cabines de convidados (duas com camas de casal e duas com camas de solteiro), além da suíte master. Mas tanto estilo e exclusividade têm seu preço: a versão mais barata da Delfino 93 não sai por menos de R$ 30 milhões, valor que pode subir dependendo da customização escolhida pelo cliente.
Entre as marcas brasileiras, estiveram presente a Solara, do Rio Grande do Sul; a Schaefer; de Santa Catarina; a Triton Boats, do Paraná; a Royal Mariner, de Pernambuco; a Colunna Yatchs, Arthmarine, Mestra Boats, de São Paulo; e a Phoenix Boats, de Alagoas.
No balanço geral, as empresas estão satisfeitas com o mercado nacional, que não para de crescer. Reflexo disso é o constante investimento nas instalações de produção. Tudo indica que, para o mercado continuar crescendo, deverá haver investimentos em infraestrutura, uma vez que o Brasil dispõem de um grande potencial náutico que não é explorado.
— É preciso amadurecer em relação a alguns aspectos, como infraestrutura e qualificação de mão de obra. É preciso uma visão ainda mais expressiva do poder público para a construção de marinas, gerando incentivos aos empresários para uma estrutura adequada de acessos, equipamentos e novas tecnologias voltadas para o mercado. Com esses investimentos, com certeza, haveria um grande desenvolvimento no Brasil para o setor náutico como um todo e para os vários setores direta ou indiretamente envolvidos — defende Davide Breviglieri.