Pasquale Matafora alertou para “frenético desejo de poder”
(ANSA)
O ex-candidato a deputado da Itália pelo Partido Democrático (PD) Pasquale Matafora escreveu uma carta aberta alertando para o “frenético desejo por poder” dentro da legenda de centro-esquerda.
No texto, Matafora, que é funcionário do setor de cooperação judiciária da Embaixada da Itália em Brasília, acusa o ex-premier Matteo Renzi de “demolir” o PD, mas também critica outros expoentes da sigla, como os ministros Andrea Orlando (Justiça) e Dario Franceschini (Bens Culturais) e seu ex-presidente Gianni Cuperlo.
“O ‘reciclador’ [Renzi] pregava a intenção de demolir os veteranos da velha esquerda, mas acabou por demolir o próprio partido. De Orlando, furioso, mas sem coragem para levantar a voz o suficiente, ao teórico Cuperlo, privado de qualquer forma de pragmatismo, ou a Franceschini, continuamente esperando para tomar uma decisão importante que não toma nunca: até seus antagonistas foram incapazes de realizar uma renovação de verdade”, escreveu Matafora.
Segundo ele, a direção do PD muitas vezes “finge fazer política” e se limita a “baixos jogos de poder”. “Todos querem se aliar com quem tem o poder de fazer as listas […]. E nós, inscritos, assistimos atônitos e incrédulos a esse estrago”, acrescentou.
Na carta, Matafora ainda ressaltou que os eleitores de centro-esquerda estão “cansados” e se sentem “traídos”, com medo de “perder tudo aquilo que nossos pais conquistaram com sangue e trabalho”. “Temos uma forte necessidade de renovação, partindo de nós mesmos, da nossa história, do nosso símbolo e dos ideais que eles representam”, disse.
O PD é comandado interinamente por Maurizio Martina, mas os limites de seu poder ficaram claros há duas semanas, quando Renzi, também ex-líder da legenda, deu uma entrevista negando qualquer hipótese de se aliar ao Movimento 5 Estrelas (M5S) para formar um governo.
O partido é formado por diversas correntes de centro-esquerda e já sofreu várias cisões nos últimos anos. Matafora, ex-secretário do círculo do PD em Brasília, disputou uma vaga na Câmara dos Deputados da Itália nas eleições de 4 de março, pela circunscrição da América do Sul, recebendo 4.740 votos.
O único eleito pelo partido na região foi Fausto Longo, com 8.906.