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Memória em concreto

22 de outubro de 2015 - Por Comunità Italiana
Memória em concreto

Memória em concretoApaixonado pela capital paulista, o jovem designer romano Matteo Gavazzi cria projeto que resgata a história arquitetônica da cidade através da fotografia

A história de Matteo Gavazzi no Brasil se assemelha à de milhares de italianos que vieram para o país em busca de uma vida melhor entre os séculos XIX e XX. Com apenas 21 anos, decidiu que faria de São Paulo sua casa. Aqui ele chegou e decidiu tentar a sorte em 2008, atraído pelos dois grandes eventos que o país estava prestes a sediar: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
Apaixonado por arquitetura e pela história da arte, criou o projeto Prédios de São Paulo, que resgata a memória arquitetônica da cidade através da fotografia e de uma meticulosa pesquisa. A chegada causou um choque nesse romano de 28 anos que se recusava a se acostumar com o cinza característico da cidade.
— Assustadora e cinza seriam os dois primeiros adjetivos que eu cogitei. Com o tempo, vi que a cidade oferece mil e uma possibilidades para quem está atento a colhê-las. Foi assim que decidi fazer daqui a minha segunda casa no mundo — relembra.
E foi nessa cidade cinza, às vezes erroneamente taxada de chata, que Matteo conseguiu ver as reais belezas que passam despercebidas por muitos que ali vivem, escondidas pela ação do tempo.
— Hoje, vejo São Paulo com os olhos de quem quer ajudar a preservar as coisas lindas que oferece e quem sabe evitar que sejam destruídas pela especulação imobiliária, cega perante as belezas que não podem e não devem ser destruídas por nenhum valor. Eu sempre brinco que, se um sultão chegasse a Roma e oferecesse 100 bilhões de euros pelo Coliseu, a gente nem sentaria pra conversar. Há coisas que não têm preço. A história é uma delas  — resume Matteo.
Inicialmente, o projeto Prédios de São Paulo foi financiado pela imobiliária Refúgios Urbanos, fundada por ele, que trabalhou como corretor de imóveis, fazendo com que sua paixão se tornasse também o seu trabalho. A partir daí, foram contratados o designer gráfico Daniel Lasso, que criou o logo, e os fotógrafos Milena Leonel e Emiliano Hagge. As fotos e as histórias dos edifícios fazem sucesso na página do projeto no Facebook: cada nova postagem atrai novos admiradores e hoje a página reúne 14.200 fãs. Matteo investiu na criação de um site para que toda a informação coletada fosse catalogada. Com um belo acervo de fotos em mãos, nasceu a ideia de fazer um livro. O italiano e sua equipe lançaram uma campanha de crowdfunding (financiamento coletivo) por meio do portal Startando, no qual fãs do projeto puderam contribuir com doações para a publicação da obra. Ao final da campanha, cerca de 90.000 reais foram arrecadados, a partir da contribuição de 700 apoiadores. Aqueles que contribuíram com mais de 70 reais foram premiados com um exemplar impresso do livro.
Lançado no Museu da Casa Brasileira, em agosto, o livro Prédios de São Paulo exibe, ao longo de 200 páginas, imagens de 42 edifícios emblemáticos construídos a partir de 1924.
— O livro segue um percurso cronológico por meio do qual entendemos a evolução da arquitetura paulistana desde 1900 até hoje. É muito interessante folheá-lo de cima pra baixo, e vice-versa, para ver como a arquitetura foi evoluindo na metrópole paulista — explica Matteo.
A primeira tiragem foi de 2000 exemplares, esgotados em menos de 60 dias após o lançamento. Agora, Gavazzi trabalha para preparar o lançamento de uma segunda edição, assim como a reimpressão do primeiro volume, previsto para o primeiro semestre de 2016.

Livro conta a história dos edifícios que simbolizam a ascensão social e econômica dos imigrantes
O projeto resgata também a história de muitos conterrâneos de Matteo, que participaram da construção de São Paulo. Uma delas está ligada ao Edifício Martinelli, localizado no triângulo formado pelas ruas São Bento, avenida São João e Libero Badaró, no centro, construído pelo empresário ítalo-brasileiro Giuseppe Martinelli, que chegou ao Brasil em 1893. Com 105 metros de altura e 30 pavimentos, foi o maior arranha-céu do país entre 1934 e 1947 e, durante certo tempo, da América Latina. O prédio teve sua construção embargada várias vezes e, ao final do projeto, Martinelli construiu sua casa no topo do prédio para provar que a construção era de fato segura.
Gavazzi, que já tinha conhecimento prévio da presença italiana em São Paulo, se surpreendeu, pois não imaginava que a italianidade fosse tão marcante.
— Tenho escritório no centro e o simples passeio para ir almoçar me permite ver vários exemplares de prédios construídos por nossos antepassados. Óbvio que o Martinelli é exemplo marcante dessa história, mas temos também o Banco Ítalo-Francês, que fica na XV de Novembro, e lembra algumas construções renascentistas das cidades toscanas, e o prédio da prefeitura, que é o maior exemplo de arquitetura fascista em São Paulo, projetado por Marcello Piacentini, o arquiteto do duce  — comenta o jovem designer, citando alguns dos prédios retratados no livro.

Poucos paulistanos sabem que os três “M” da fachada do Palácio do Anhangabaú simbolizam Mussolini, Martinelli e Matarazzo
Famoso na história de São Paulo, o nome Matarazzo não podia faltar nas páginas do livro, representado pelo Edifício Conde Matarazzo, conhecido como Palácio do Anhangabaú, sede da prefeitura desde 2004. Projetado por Piacentini a mando do empresário Francisco Matarazzo Júnior, abrigava a sede de suas indústrias. Em estilo neoclássico simplificado, possui um detalhe que pode passar despercebido da grande maioria das pessoas: as três letras “M”, esculpidas na fachada, simbolizam a união fascista entre os dois mundos, de Mussolini e dos condes Martinelli e Matarazzo. Outra curiosidade é a posição das letras, exatamente acima das sacadas do edifício — outra forte analogia ao fascismo, já que a sacada era um dos símbolos do regime.
Por fim, não se pode falar de arquitetura, São Paulo e Itália, sem fazer menção ao Edifício Itália, cujo nome oficial é Circolo Italiano. Tombado como Patrimônio Histórico por ser um dos maiores exemplos da arquitetura verticalizada brasileira, tem como destaque o restaurante Terraço Itália no topo. A idealização do edifício ficou a cargo da colônia italiana em São Paulo, através do Circolo Italiano, cuja sede situava-se no terreno onde fora construída a torre. Sua construção tinha grande importância simbólica para a colônia, pois representava a ascensão social e econômica dos imigrantes. Ao reunir uma bela coleção de fotografias e riqueza de informações, o livro é recomendado não somente para arquitetos e amantes da fotografia, mas também para todos os apaixonados por São Paulo e sua história.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.