Índice da Bolsa de Milão em queda e relatório da Fitch indicam cenário de incertezas com novo governo italiano
DA REDAÇÃO
A apresentação de um contrato de governo e a confirmação de Giuseppe Conte como primeiro-ministro da Itália não acalmaram o mercado financeiro. A tensão predominou nas últimas horas, os rendimentos entre os títulos do Tesouro italiano e os do alemão, que chegaram a atingir 189 pontos, nível mais alto desde junho do ano passado, fecharam em 185 pontos. O índice da Bolsa de Valores de Milão fechou em queda de 1,52%, para 23.092 pontos. Como se não bastassem oscilações das ações, um relatório da agência de classificação de risco Fitch apresentou uma opinião contundente sobre o cenário político italiano. Para a Fitch, o próximo governo representa um preocupante ponto de interrogação.
“A política [italiana] aumenta os riscos para o perfil de crédito da nação através, acima de tudo, de um afrouxamento de impostos e potenciais danos à confiança”, avalia a Fitch, para a qual o programa de governo da Lega e do Movimento 5 Stelle “confirma o compromisso das partes com medidas que implicam em uma política fiscal expansiva, aumentando a incerteza sobre o setor bancário italiano e tornando mais prováveis os confrontos com as autoridades da zona do euro”. Não está, portanto, descartado pelo mercado financeiro o risco de eclodir um “Italexit”, uma referência à saída da Itália da União Europeia, assim como o “Brexit”, que marcou o adeus do Reino Unido a zona do euro.
Não é de hoje que essa possibilidade existe. Em 2016, o instituto Sentix fez a seguinte pergunta para cerca de mil pequenos investidores do mercado italiano: “Qual a probabilidade de a Itália sair do euro?”. Quase 20% responderam que esse risco existia. Hoje, provavelmente, o percentual seria mais elevado.
O relatório da Fitch também aponta que a renda dos cidadãos, o imposto fixo e as mudanças na idade de aposentadoria “aumentaram significativamente no ano passado o déficit em 2,3% do PIB”.