Comunità Italiana

milão

Sabor de Itália
Foi com pompa que o Eataly de Milão abriu as portas. A cultura gastronômica ocupa o lugar da cultura musical. Onde cantaram Adriano Celentano e Mina, entre outros ídolos, agora se homenageia o melhor do cardápio no lugar do cartaz do antigo teatro Smeraldo, na Praça 25 de Março, ali, na Porta Garibaldi. O food design pede passagem e conquista corações e mentes. Em seus três andares, o freguês, ou melhor, o público, encontra o melhor da produção culinária do país-produtor de comestíveis, livros e objetos de design, além de dois cursos de cozinha, selecionados a dedo pelo proprietário Oscar Farinetti. Neste momento de crise, o empresário continua sua escalada iniciada alguns anos atrás em Turim, mas que já se espalhou pelo mundo. A abertura da Eataly brasileira será em São Paulo, em novembro. Aqui, quem entra sai com sacolas de salames e vinhos, cantarola a música que ouviu no palco suspenso sobre as barraquinhas de frutas, como se estivesse no mercado… e é um mercado.

Expo
A Expo 2015 comemora o começo das obras do pavilhão alemão. E a adesão dos Estados Unidos, após a recente visita de Barack Obama a Roma. As escavadeiras e os tratores correm contra o tempo para preparar o terreno aos participantes. Milão, frenética como sempre, aproveita cada instante para avaliar as próprias qualidades e defeitos para fazer bonito durante o evento. Por isso, centenas de jovens se espalham pelas ruas da cidade durante o Salão Internacional do Móvel. Eles têm como objetivo pesquisar a relação entre os serviços oferecidos e o turista. Afinal, a Expo vai ser em Rho, lugar da Feira. O evento foi um grande banco de provas e os dados elaborados vão servir para traçar estratégias de recepção aos esperados 20 milhões de turistas.

Arquitetura brasileira
Milão também abre as portas para a grande mostra dedicada ao arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha, vencedor do Pritzer Prize, o “oscar” da arquitetura. O espaço anfitrião será o templo mundial do design — o prédio da Triennale. A exposição vai  mostrar os conceitos e os passos que dão o norte para as criações de suas obras. Além dos desenhos rigorosos dos projetos, a exposição vai apresentar rabiscos e esboços inéditos sobre temas distantes da arquitetura. Aparentemente maquetes e fotografias irão ajudar o visitante a mergulhar nas formas e nas construções de autoria de Paulo Mendes da Rocha. O acervo conta com 150 fotos e documentos de época, revistas e livros, 200 desenhos, dezenas de maquetes e vídeos.  Além de uma série de poltronas Paulistano para o visitante sentar e refletir sobre a obra do arquiteto. A mostra abre no dia 6 de maio.

Do galpão carioca ao hangar milanês
O  artista plástico Cido Meireles ganha a sua primeira retrospectiva na Itália. O principal nome brasileiro no cenário internacional da arte conceitual trouxe 12 instalações. Elas estavam expostas em museus da Espanha e de Portugal. Agora, juntas, as obras ocupam o gigantesco Hangar Bicocca, o velho galpão industrial, na periferia de Milão, transformado em um dos maiores espaços culturais da Europa, sob o patrocínio da Fundação Pirelli. As instalações percorrem toda a carreira do carioca, que cria torres de rádio, oceanos de papel, pavimentos com cascas de ovos (de madeira) e cabanas com cédulas, em uma celebração à arte como um eterno laboratório da existência humana. A mostra vai até 20 de julho.

Berçário do design
Se Milão é a capital do design, Monza é a capital da produção industrial do setor. Não por acaso, as contas do Salão Internacional do Móvel são feitas pela Câmara de Comércio Monza Brianza, província (em vias de extinção) que reúne os principais municípios onde estão localizados os distritos industriais do setor moveleiro. A razão é muito simples. A suntuosa Villa Reale, antiga residência de caça dos Savoia, precisava ter bons pintores, carpinteiros e arquitetos nas vizinhanças. A decoração do palácio foi o motor da industrialização de Brianza, como é conhecida esta vasta e rica área da Lombardia. Era assim dois séculos atrás. E continua sendo nos dias de hoje. Sem falar no Parque de Monza, o maior da Europa em centro urbano, e no autódromo, templo máximo da velocidade, onde correram Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet e Ayrton Senna.