Guilherme Aquino
Pós-Expo
O amanhã da Expo começa a se desenhar mais nitidamente nas mentes e nos corações dos atores principais desta odisseia de deixar no local uma herança concreta para o futuro do planeta. Servem investimentos orçados em um bilhão de euros — sem contar os 300 milhões do terreno — para transformar tudo aquilo num centro internacional de pesquisa acadêmica, polo de inovação e escritórios públicos. Naturalmente, em tempos de vacas magras, o tempo também é bíblico. A previsão para algo surgir não contempla nenhuma data que não seja antes de 2019.
Arte em Exposição
Muitas galerias e fundações privadas pegam carona na Expo e realizam mostras de primeira grandeza, com uma programação de tirar o fôlego e de abrir o apetite (apenas para ficar no tema) cultural dos amantes da arte, em todas as suas declinações. A programação inclui uma visita milanesa à margem de Rho, fotografia futurista na Galeria Carla Sozzani, Lucio Fontana com uma instalação inédita pela homônima fundação junto com a Marconi, Cementi de Giuseppe Uncini na Cardi e Tony Cragg na Lisson Gallery.
Grafismo inteligente
Para evitar os atos de vandalismo que invadem muros e fachadas de monumentos e prédios públicos e privados, para não falar dos trens que circulam pela cidade, Milão decidiu fazer um mapa onde os grafiteiros possam exercitar a sua “arte” sem maiores problemas. Cem paredes externas serão colocadas à disposição dos grafiteiros profissionais. Em setembro, será lançado um referendo online para “proteger” as melhores obras. A iniciativa faz parte do projeto Muros Livres.
Luz vermelha
A prefeitura da cidade está estudando a implantação de uma zona para a prostituição. Diante da evidente constatação de que não se pode nem eliminar nem varrer para baixo do tapete, chegou a hora de enfrentar o fenômeno. Dignidade, segurança e o mínimo de conflito com os residentes vizinhos norteiam os debates. A zona urbana em questão começa na Praça da República, segue pela Praça Loreto e cobre avenidas como a Padova. A área é a mais densamente povoada por imigrantes, de toda a Milão. A capital da Lombardia segue o exemplo de Mestre, em Veneza, que conseguiu diminuir em até dois terços a prostituição depois de estabelecer as ruas e as praças onde os encontros são permitidos.
Calor e frio
O calor europeu não deu trégua em julho e promete ainda mais em agosto. Os milaneses nunca mais irão se esquecer das noites com temperaturas em torno dos 30 graus, um recorde. O único que esfrega as mãos com o vento quente que sopra nesta época é o egípcio Hai nel Mallah, produtor de gelo que vende o precioso produto a 50 centavos de euro por quilo. No mercado desde os anos 1980, ele apenas fica morto de frio quando pensa na burocracia italiana que ainda não permitiu a ampliação das instalações, com investimentos na ordem de dois milhões de euros. Tudo parado, congelado.