Um novo baricentro urbano está surgindo em Milão. Depois dos arranha-céus de Porta Garibaldi, ganha corpo, alto e espetacular, o distrito de escritórios e residências de Citylife, na velha zona Fiera. As 34 horas de despejo, sem interrupção, de seis mil metros cúbicos de concreto armado para a fundação da nova torre, marcaram a contagem regressiva para o surgimento de mais um desenho no novo skyline da cidade.
O complexo futurístico recebe as “sapatas” da Torre de Libeskind (nome do arquiteto inglês Daniel Libeskind), depois da Allianz, desenhada pelo japonês Arata Isozaki, e da Generali, projetada pela iraniana Zaha Hadid. Mais um cenário se concretiza, literalmente, na capital econômica do país.
Presépio da discórdia
O diretor de uma escola primária de Rozzano, na grande Milão, decidiu renunciar ao presépio e aos cantos de Natal, em respeito aos alunos de origem islâmica. São mil alunos, cerca de 20% de religão não católica. E, diante de si, abriram-se as portas do inferno político-religioso. Baixou o espiríto da extrema direita, encarnado no líder da Lega, Matteo Salvini, que pediu a demissão do diretor. Até o primeiro-ministro Matteo Renzi o reprovou, para não falar de alguns pais de filhos mulçumanos que não se importariam com as festas de rito católico. Pecado por excesso. Amém.
Alarme terrorismo
M Milão, depois da eterna Roma, é a principal cidade sinalizada pelos serviços secretos que regulam o nível de alerta. A Exposição Universal foi um batismo de fogo, um ensaio sem precedentes, e serviu para azeitar a máquina de segurança. Os dectores de metal já funcionam na porta da catedral do Duomo e diante do teatro La Scala — dois símbolos da cidade e pontos de encontro de multidões.
Estação engaiolada
A Centrale de Milão, imenso monumento de aço e concreto, fecha-se sobre si mesma, a despeito dos sem-teto que nela buscam abrigo do rigor do inverno, que congela os ossos e a alma. Entre uma e quatro horas da manhã, horário de fechamento da estação, os portões de ferro — já em montagem — irão impedir o acesso ali dentro de pessoas que não têm onde dormir ou passar a noite. A desculpa de evitar a degradação provocado pelos mendigos e clandestinos de passagem camufla a frieza (não apenas aquela do frio em si) e a falta de calor humano para ajudar quem não tem onde cair morto.
Arte em Milão
O Museo del Novecento, na Piazza del Duomo, abre as portas para duas grandes mostras: uma dedicada ao pintor Eugenio Carmi, “Anotações sobre o Nosso Tempo”, com obras históricas do período entre 1957 e 1963 deste agudo observador da sociedade; e outra que celebra Licalbe Steiner, “Gráficos Partegiani”, do casal Lica e Albe, intelectuais e gráficos italianos. Ambas as exposições vão de 5 de dezembro até 28 de fevereiro. Os artistas são importantes representantes do renascimento da arte italiana do pós-guerra.