Entradas para a Catedral…
O Duomo de Milão cobra dos turistas um euro para entrar na nave principal e quatro euros para visitar o teto. O motivo do ingresso a pagamento é a hora extra dos funcionários, além das despesas para deixar a catedral gótica lustrando como nova. O problema é que eles estão chegando em doses homeopáticas, ainda que os registros informem um leve aumento no número de visitantes. Eles são cerca de dez mil por dia, um incremento de 10%, comparado com o mês de maio de 2014. E, para piorar, a previsão inicial de 80 mil silenciosos espectadores desta obra-prima da engenharia e espiritualidade foi reduzida para 50 mil, em função do ainda tímido fluxo de pessoas atraídas pela Expo.
Monza, futebol e dívida
Cem anos de história de uma dívida de três milhões de euros estão indo pelo ralo. O débito foi julgado pelo Tribunal de Monza como falência para o clube. Esta é a segunda crise econômica do Monza; a primeira foi em 2004. De lá para cá, a dança das cadeiras dos dirigentes se alternou sem um resultado aceitável no campo financeiro. Apesar dos atrasos dos salários e deserções de alguns jogadores, o time tenta se manter concentrado no futebol. Porém, a esta altura do campeonato, tanto faz se está na série D ou na Divisione Unica: o importante é achar o dinheiro para que não sejam cortados os fornecimentos de luz e gás do estádio Brianteo, para não falar do desaparecimento completo de um clube de uma das zonas mais ricas da Europa.
Tesouro de Parma
Um tesouro deixou os almoxarifados da universidade de Parma e ganhou a merecida luz filtrada pelos imensos vitrais das janelas da Abbazia di Valserena, conhecida como Certosa di Paradigna. Nada menos que 12 milhões de documentos, esculturas, quadros, desenhos, projetos, pinturas e tudo o mais que se relaciona com o mundo das artes da segunda metade do século XX foram catalogados e avaliados, por baixo, em 60 milhões de euros. Eles fazem parte do acervo do novo Centro Studi ed Archivio della Comunicazione. Deste total, apenas 600 itens, como obras de Pistoletto e Fontana e esboços de Armani, foram colocados em exposição na monumental Abbazia, e irão se revezar ao longo dos anos. Todo o material foi doado durante décadas, por cidadãos e instituições públicas e privadas.
Falsa Expo
Estava demorando a acontecer. A invasão dos souvenirs falsos, com o logotipo da marca Expo, já se transformou num caso de polícia, mais do que de estudo antropológico das lembrancinhas extraoficiais, leia-se, não autorizadas. Fabricantes e vendedores (a última ponta do iceberg) não compraram a licença para produzi-los. Sendo assim, as autoridades confiscaram um milhão de objetos — como imãs de geladeira, cartões-postais e xícaras. Se fossem vendidos, arrecadariam cerca de 5 milhões de euros aos cinco italianos já presos, localizados em quatro bancas de jornais no centro de Milão. O material era importado legalmente da China. Em Milão, Turim e Carnate, recebiam o símbolo da Expo, ilegalmente.
…e riscos também
A praça do Duomo é o principal palco a céu aberto de Milão. A quase totalidade dos visitantes da cidade passa por ali e entram para ver o espetáculo de arquitetura e de obras de arte. Mas quando o show é do lado de fora, a música toca no volume máximo e o público pula e canta com o artista da vez, lotando a praça. Quem paga a conta são as frágeis agulhas e os vitrais da igreja. Por isso, a diretoria da Veneranda Fabbrica, responsável pelo Duomo, encomendou ao Politécnico um estudo sobre as consequências das vibrações e do barulho das notas musicais que voam e se “estilhaçam” nas fachadas. A pesquisa prevê ainda o possível uso de novos materiais e técnicas para amenizar ou eliminar os danos.