M de metrô e de máfia
A praga se espalha pelos contratos nebulosos e canteiros cheios de lama. Duas empresas terceirizadas nos trabalhos de construção da linha 4 do metrô milanês foram afastadas por risco de infiltração mafiosa. Uma tinha ganhado a licitação para o fornecimento de combustível no valor de 100 mil euros. A outra, com cifra de 2 milhões de euros, cuidava do corte de árvores e outras questões ligadas ao meio ambiente, além da supervisão de achados arqueológicos. Desde o fim da Expo, o estopim para grandes obras, a prefeitura de Milão já expediu 104 suspensões de contratos de 71 empresas. E essa conta ainda é provisória.
Salão do Livro
Milão trouxe para casa a tradicional feira do livro de Turim. O salão deve ocorrer na Fiera Milano, ao custo de 200 mil euros, contra 1.200.000 euros para renegociação do projeto torinês com a GL Events. Com tudo isso, e meio, dança sem saber ainda qual vai ser a melodia, o modelo BookCity, criado cinco anos atrás como uma resposta de Milão para os leitores ávidos por encontrar os autores e as histórias das entrelinhas dos romances. A Associação Italiana dos Editores bateu o martelo para deixar Turim e desembarcar em Milão. Mas 11 editores independentes pediram demissão da instituição por não concordarem com a transferência, naquele que parece ser apenas o primeiro round.
Milão jovem
O prefeito recém-eleito Giusepe Sala deu uma espanada no poeira da administração pública. A sua equipe é composta por integrantes com menos de 40 anos, uma revolução “renziana” que traz novos ventos, rostos e energia. O assessor ligado à inovação, Davide Agazzi, tem 35 anos, sete a mais do que a responsável pelas relações internacionais, Olimpia Vaccarino, por sua vez, cinco anos mais jovem do que o chefe de gabinete e braço direito de Sala, o advogado Mario Vanni, e a lista continua… Uma nova geração passa a ocupar cargos de confiança e de chefia. O tabu cai também na área política, com as nomeações sem levar em conta a cor e a matriz ideológica do candidato e, muito menos, a da recomendação que sai para a entrada da meritocracia. Em cinco anos, todos, todos os dependentes públicos da prefeitura devem ser capazes de falar — e bem — inglês.
Lombardia olímpica
A região é a campeã de atletas olímpicos na delegação oficial italiana para a Olimpíada do Rio de Janeiro: são 43 no total dentro do conjunto azzurro. A cidade de Busto Arsizio, ao lado do aeroporto de Malpensa, detém o recorde de um selecionado para cada 20 mil habitantes. Dali, por exemplo, partiram Arianna Castiglione, nadadora do estilo peito, e seus vizinhos de origem ou residentes de casa, o atirador Riccardo Mazzetti, a canoísta Sara Bertolasi e o ginasta Ludovico Edalli. Busto Arsizio faz parte da província (que resiste à extinção política) de Varese, terra de tradição esportiva e também do presidente da Lombardia, Roberto Maroni, músico nas horas vagas.
Reforma San Siro
As águas acalmaram-se em Milão por conta da hipótese de construção de um segundo estádio. A ideia do Milan de ter o seu próprio campo naufragou com o projeto em Portello, poucos meses atrás. A prefeitura avisou aos proprietários diretos e coproprietários do velho San Siro, Milan e Inter, que um estádio é suficiente. Agora, trata-se de identificar as necessidades e as melhorias e, principalmente, de distribuir a verba para aperfeiçoar outras estruturas esportivas, tornando-as capazes de hospedar grandes competições e atletas de nível internacional. Por exemplo, a pista de atletismo da Arena, no centro de Milão, está caindo aos pedaços e não pode abrigar nenhuma prova.