Comunità Italiana

Milão

Força tarefa
Os estaleiros navais italianos tentam estancar a hemorragia dos pedidos apontando a proa dos iates para a costa brasileira. Nos últimos três anos, a queda do faturamento das empresas do setor foi de 50%. A redução de 6,2 bilhões de euros para 3,4 obriga à exploração de novos mercados. O Brasil e a China aparecem em primeiro lugar. A vantagem brasileira é que a cultura do mar já existe, enquanto aquela chinesa deve ser criada. Recentemente, 200 empresários visitaram o país. Resultado: os construtores italianos retomam o caminho aberto pelo navegador Americo Vespúcio. E a melhor rota vai ser apresentada durante o Salão Náutico de Gênova, entre 6 e 14 de outubro.

Ruínas italianas
Em tempos de terremotos, as ruínas também são outras, se observadas sob o prisma social e demográfico. Segundo o relatório do Istat, apenas 12 % dos filhos da classe operária, contra 40% das classes mais elevadas, conseguem, através da instrução pública, uma ascendente mobilidade social. Em um país de velhos, os administradores delegados e presidentes dos bancos possuem 59 anos em média, com picos de 63 e 67 anos como média etária de professores universitários.

Agulhas
do Duomo
O Duomo foi construído com a ajuda de famílias generosas e mecenas. Alguns por devoção à fé, outros como garantia de um lugar no paraíso, outros ainda para imortalizar o próprio sobrenome diante da eternidade. Pois bem, os séculos passaram e eis uma nova oportunidade para fazer o bem comum diante dos 5 milhões de visitantes anuais: os administradores da maior igreja gótica italiana lançam um apelo para a adoção privada das 135 agulhas, que custam 5 milhões de euros de manutenção por ano devido às intempéries naturais e econômicas. Os benfeitores terão direito ao nome gravado em mármore e visitas exclusivas às pessoas ou empresas que financiarem o projeto de restauração permanente. A contribuição mínima é de cem mil euros.

Milão solidária
A fundação Cariplo anuncia a reforma de um antigo imóvel como símbolo de integração social. Ele fica na rua Padova, famosa pelo seu multiculturalismo devido aos moradores dos quatro cantos do planeta, principalmente dos países da África do Norte, como Egito e Marrocos, e de Bangladesh. O velho prédio, caindo aos pedaços, vai ser reconstruído seguindo as normas do projeto de “social housing” Masoin du Monde. Ou seja, os 50 novos apartamentos de diferentes tamanhos vão ser oferecidos à população com aluguéis mais baixos do que os praticados pelo mercado.  Estudantes universitários e idosos vão ter a preferência das chaves que irão ser entregues em março de 2014.

Polêmica milanesa
Um dos bairros mais boêmios e artísticos de Milão, o Navigli, está em pé de guerra. A exemplo do verão do ano passado, os meses de junho, julho e agosto representam uma revolução para os moradores que devem aturar os anônimos visitantes dos bares abertos até às três horas da madrugada por conta do horário especial, no caso de atividades internas, e até às duas horas, no caso de mesas e cadeiras nas calçadas. Intelectuais e artistas plásticos, habitantes dali, denunciam que a confusão incide na queda das vendas das lojinhas “descoladas”, que sofrem com a invasão dos restaurantes e bares. Com a  palavra, o prefeito Pisapia — como se não tivesse outras preocupações.