Milão, terremoto I
Milão abriu três pontos de solidariedade para colher doações às vítimas do terremoto que devastou Amatrice e Accumoli, no centro da Itália. Os cidadãos podem doar mantimentos e, principalmente, roupas, já pensando no rigor do inverno, para as associações City Angels, Casa Jannacci e Arca. A prefeitura estuda ainda uma forma legal de encaminhar os “jetons” de presença dos ilustres vereadores para o fundo de ajuda, além de garantir a renda dos museus municipais de um domingo à causa, iniciativa do Ministério italiano dos Bens e das Atividades Culturais e do Turismo. No caso milanês, foram destacados 3.500 bilhetes, ou seja, um total de aproximadamente 30 mil euros.
Justiça milanesa
O risco de uma paralisia geral dos órgãos judiciários em Milão é alto, alarmismo à parte. Tudo porque falta pessoal de apoio aos magistrados. O total de vagas de 730 registra cerca de 33 a 40% a menos de chanceleres, diretores administrativos e funcionários gerais. Isso para não falar da falta de metade de procuradores públicos. O resultado deste vácuo judiciário está no atraso das causas civis, com um tempo médio de cinco anos, e, naturalmente, o aumento das prescrições. O problema se traduz ainda contra as empresas e os cidadãos condenados a fazer as contas com uma Justiça sempre em atraso.
Milão, terremoto II
O terremoto demonstrou a dura realidade de um país que se une apenas nos momentos de dor e tristeza. Mas a falha geológica se reflete também na secessão política, sem fim, até mesmo dentro de um único território, gerando um desperdício de energia tão grande quanto o gerado por um sisma. Desta vez, o presidente da região da Lombardia, Roberto Maroni, da Lega (partido de extrema direita), quer transferir os módulos habitacionais da Expo para a região atingida. O ex-presidente da Expo e atual prefeito de Milão, Giuseppe Sala (do PD, de centro esquerda), negou diante da possibilidade de usar estes mesmos módulos para abrigar os clandestinos.
Milão, terremoto III
Se a política local manipula a tragédia para ganhar votos, desta vez, corre o risco de ganhar o desprezo dos eleitores. Em Milão, sem olhar a carteirinha de filiação partidária, a sociedade civil se mobiliza para prestar socorro aos habitantes das zonas destruídas. Um helicóptero equipado para voo noturno decolou levando uma equipe de bombeiros. Desde as primeiras horas após o tremor, estabeleceu-se uma ponte aérea e terrestre para levar homens e equipamentos de Bérgamo até Amatrice, como as pequenas escavadeiras GOS, usadas na remoção de escombros, e de Usar (Urban Searche&Rescue), equipes especializadas com instrumentos de última geração para procurar e localizar os sobreviventes soterrados pela destruição de casas e prédios.
Efeito Expo
A bomba-relógio pelo fim da Expo se confirmou. Os turistas estrangeiros ocuparam a cidade como consequência direta da visibilidade conquistada durante a grande manifestação do ano passado. Já os milaneses, os residentes, viajaram durante o mês de agosto, exatamente como o previsto. Resultado: fila de turistas nas calçadas dos Navigli e na praça Gae Aulenti, além das margens da Darsena, o antigo porto de MIlão. Até mesmo a catedral do Duomo registrou a média de 9.500 visitantes, o que representa uma queda, já esperada, de 22% em relação ao ano passado, mas um aumento de 21% se comparado com 2014. Os apartamentos oferecidos por sites na internet registraram um aumento de 5% em relação a 2015 e de 15% sobre 2014. Bares e restaurantes ganharam 10% a mais de clientes e repetem os números de dois anos atrás.