Comunità Italiana

Minerva para todos

Joia da arquitetura da Roma Antiga passa por reforma e deve ser reaberta ao público

Ao partirmos ou chegarmos a Roma de trem, nosso olhar é capturado pela imponência do Templo Minerva Medica. Com forma decagonal, tem 32 metros de altura e 25 de diâmetro. Antigamente coberto por uma cúpula, foi construído no começo do IV século d.C., durante as reformas do imperador Constantino, fundador do Império Romano do Oriente. Hoje, as ruínas da grandiosa construção na Via Giolitti mostram o contraste entre a força e a fragilidade. A sua estrutura arquitetônica resiste, apesar das vibrações da principal estação ferroviária da capital, do vai e vem dos bondinhos e do metrô subterrâneo. Recentemente, o edifício foi submetido a uma obra de consolidação da Superintendência Especial para o Coliseu, o Museu Nacional Romano e da Área Ar   queológica de Roma, e em breve deverá ser aberto ao público.
— Após esta intervenção estrutural, que garante a segurança do monumento, o templo será aberto ao público como parte de um projeto de três anos. Deverá fazer parte de um itinerário de Constantino, que inclui Santa Cruz, em Jerusalém, e o mausoléu de Santa Helena, em Tor Pignattara  — explicou Francesco Prosperetti, superintendente do Coliseu.
Na verdade, não se trata de um templo, e sim de um monumental salão de festas nos jardins de uma luxuosa residência da época. Provavelmente é chamado de templo porque as escavações feitas durante o Renascimento revelaram estátuas de divindades romanas, como a de Minerva, a deusa da sabedoria e da estratégia. Segundo alguns historiadores, o edifício original que serviu como base poderia ser um ninfeu — um santuário dedicado às ninfas e ligado aos suprimentos de água da cidade, pois está próximo ao aqueduto Ânio Velho.
— O monumento foi construído no início do século IV, sobre as bases de estruturas que já existiam, como se fosse apoiado. Mas isso contribuiu para a sua fragilidade, tanto que, menos de cem anos depois da sua construção, foram necessárias obras de consolidação para o reforço com suportes externos — detalha à Comunità a arquiteta Marina Magnani, responsável pelo projeto das obras de consolidação.
A estrutura está bem preservada e sua cúpula só desabou completamente em 1828. No entanto, as vibrações causadas pelo tráfego de veículos podem causar danos fatais. Por isso, foram feitos trabalhos de reestruturação a partir de 2012, com o uso de sofisticados equipamentos, como vídeo endoscópio.

Monumento inspirou Piranesi, Pillement e Bruneleschi
O edifício consiste em uma grande sala com planta decagonal, cuja altura de 32 metros equivale a um prédio de oito andares, coberto por uma cúpula hemisférica com diâmetro de 25 metros. Era a terceira maior cúpula de Roma, depois do Panteão e das Termas de Caracalla. Em nove lados do perímetro, há nichos semicirculares nos quais ficavam as estátuas. Na decoração, foram usados mármores de diferentes cores, vindos de diversas partes do Império. As paredes eram cobertas por placas de mármores e alguns detalhes, como colunas coríntias, enquanto o piso tinha desenhos em mosaico. A cúpula era revestida com mosaicos em pasta de vidro e, provavelmente, com uma fina camada de gesso para desenhos em relevo. Imagina-se o esplendor das festas e dos fartos banquetes servidos no local.
A partir do século V, com a decadência do Império Romano, o monumento ficou abandonado, até que, mil anos depois, foi escavado para que fossem retirados os preciosos mármores e as estátuas para decorar igrejas e residências de papas. Mesmo depredada, a ruína, com paredes em pedras e tijolos antigos e ainda com parte da cúpula, inspirou diversos pintores do século XVIII, como os italianos Paolo Anesi e Giovanni Battista Piranesi, e o francês Jean-Baptiste Pillement. O genial projeto arquitetônico ainda tem o mérito de ter servido de modelo para os estudos de Filippo Bruneleschi, que marcou a história da arte com a cúpula do Duomo de Santa Maria del Fiore, em Florença (1418 -1436).