O ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, informou nesta quinta-feira (8) que foi alvo de ameaças de grupos extremistas após visitar os feridos de um ataque racista ocorrido em Macerata, na região central do país
“Houve ameaças pela minha postura e da minha famílias. Várias ameaças. Por sorte, eu cresci rodeado por comandantes partigiani que me ensinaram que os fascistas não devem ser levados em consideração. No momento bom, eles sempre fugiram. Então, eles não me dão medo”, disse em entrevista à “Radio Capital”.
Durante a conversa com os jornalistas, Orlando lembrou que esse clima contrário aos imigrantes e de valores nacionais exagerados “estão crescendo a tempo” e afirmou que “não há reprovação social suficiente perante alguns comportamentos”.
Ao falar sobre o neofascista Luca Traini, que no último sábado (3) atirou a esmo e feriu 11 negros imigrantes, Orlando afirmou que não há que se destacar o cunho neofascista do ato – e não culpar a imigração em massa.
“Começaram a discutir sobre a ligação entre imigração e esse ato de Traini, como se fosse possível encontrar uma justificativa. Mas, se um cidadão italiano tivesse feito algo do gênero no exterior, o que teríamos falado dele?”, questionou o ministro.
O titular da pasta ainda informou que tentou se reunir com a família de Pamela Mastropiero, assassinada e desmembrada na última semana na região. Segundo Traini, o assassinato dela por um suposto imigrante foi o que causou sua revolta.
Orlando disse que não foi possível ver os familiares na última quarta-feira (07), durante sua visita a Macerata, mas que combinou com os parentes que haverá um encontro “nos próximos dias”.
O ataque neofascista causou uma série de manifestações públicas e políticas na Itália, já que Traini foi candidato pelo partido ultranacionalista Liga Norte. A sigla, para as eleições presidenciais de 4 de março, está unida com o Força Itália, de Silvio Berlusconi.
Todo esse cenário causou uma apropriação do tema também nas disputas políticas, com uma troca pública de acusações. (ANSA)