{mosimage}Cerca de 300 empresas de 16 regiões italianas estarão no Brasil em maio para visitas, encontros e oportunidades de negócios
A criatividade e a vontade de crescer são os principais motivos que levam os empresários italianos a atravessar o oceano para encontrar parceiros brasileiros. Com este objetivo, 300 empresas italianas estarão no Brasil de 21 a 25 de maio para participar da grande missão promovida pelo Ministério italiano do Desenvolvimento Econômico, em colaboração com o Instituto de Comércio Exterior (ICE), Câmaras de Comércio Ítalo-brasileiras e 16 regiões da Itália.
A missão envolve diversos setores: aeroespacial, agroalimentar, agroindustrial, automóveis, construção, urbanística, madeira, decoração, energia, logística, mecânica, náutica e moda. A abertura será em São Paulo, em 21 de maio, com conferência na Fiesp (Federação das Indústrias do estado de São Paulo). Em seguida, as diversas empresas vão se dividir em setores para encontrar empresários brasileiros de acordo com os respectivos campos de atuação em quatro cidades: São Paulo, São José dos Campos, Belo Horizonte e Curitiba.
Em tempos de globalização, as disputas estão cada vez mais acirradas. Agora, mais do que nunca, o conhecimento é fundamental para transformar informação em criatividade e atrair novos consumidores. As alianças culturais e a facilidade de comunicação se transformaram em valores agregados que fazem a diferença. Enquanto os brasileiros possuem profundas raízes na cultura latina, as dificuldades de entrada na China, apesar do estímulo à gula empresarial, são causadas não apenas pelas barreiras comerciais, mas, principalmente, pelas culturais.
Os motivos que ligam Itália e Brasil são históricos, marcados pelo grande fluxo de imigração italiana a partir da metade de 1800. No último século, as ligações bilaterais se reforçaram, criando uma relação de simbiose entre ambos. Além disso, os italianos e os brasileiros têm uma característica em comum: são extrovertidos.
Amigos sim, negócios à parte
No mercado atual, conta mais a eficiência do que a amizade. Pietro Celi, diretor geral do Ministério italiano do Desenvolvimento Econômico, recebeu, em seu escritório, em Roma, ComunitàItaliana para falar desta missão. Durante a conversa, abordou os pontos em comum entre brasileiros e italianos, mas alertou:
— Apesar dos idiomas serem diferentes, os italianos e os brasileiros comunicam-se com facilidade. Basta um gesto, um sorriso com simpatia para se entenderem. No entanto, é preciso prestar atenção. Os italianos, às vezes, confundem este caráter extrovertido do brasileiro com uma disponibilidade total, ou seja, com sinais de abertura para se fazer um bom negócio. Não é verdade. A nossa experiência profissional demonstra que o empresário brasileiro é extremamente atento, preciso e eficiente. Portanto, se o italiano se apresenta com eficiência e precisão, poderá alcançar um objetivo incomum com o brasileiro. Caso contrário, será só ilusão.
Esta missão no Brasil apresenta algumas características que a diferenciam das outras, feitas no passado. Trata-se de uma viagem de negócios organizada pelo governo da Itália, junto com as regiões, as quais, no passado, promoviam missões autônomas de internacionalização, oferecendo oportunidades de negócios que muitas vezes entravam em concorrência com os próprios italianos e criavam confusão.
— Vou citar um exemplo, como o dos Estados Unidos. Se uma região italiana promovia uma missão em Nova York para vender seus produtos alimentares e, depois de duas semanas, outra região organizava o mesmo tipo de viagem, acabava encontrando os mesmos interlocutores do mercado americano. O resultado é que isso criava incerteza e confusão. Portanto, a nossa estratégia mudou e optamos por construir um percurso único unindo as forças — explicou Pietro Celi.
Agora, o governo italiano e as diversas regiões trabalham juntos na organização, selecionando as empresas, os respectivos campos de atuação e onde estão as melhores oportunidades para encontrar interlocutores brasileiros.
— Com o tempo, a experiência e a maturidade nos levaram a repensar as políticas autônomas de organização das missões no exterior. Internacionalização não significa viajar ao exterior e estar seguro de vender o próprio produto. Para internacionalizar, é preciso conhecer bem o país destinatário, as regras de comércio internacional e, principalmente, o gosto dos consumidores — disse Celi.
As 16 regiões italianas que aderiram à missão empresarial no Brasil são Marche, Molise, Piemonte, a província autônoma de Trento, a Puglia, a Sardenha, a Sicília, a Toscana, a Úmbria, o Vêneto, a Basilicata, Calábria, a Emília-Romanha, a Ligúria, a Lombardia e a Campanha.
A missão prevê aprofundar diversos temas com especialistas, visitas aos pólos produtivos e encontros B2B com interlocutores locais selecionados.
Impostos e obstáculos comerciais persistem
Enquanto as relações diplomáticas e culturais são fortes, o intercâmbio comercial ainda encontra obstáculos. Os impostos alfandegários do Brasil e as barreiras protecionistas da Itália dificultam a entrada nos respectivos mercados. Em palavras simples, um toma lá, dá cá. O Brasil respeita o regulamento do Mercosul, e a Itália, o da União Europeia. Isso significa que ambos estão vinculados a regras econômicas que não dependem das relações bilaterais. De um lado, os produtos brasileiros encontram dificuldades alfandegárias para entrar no mercado da UE — e, portanto, também na Itália. De outro, os produtos italianos se debatem com os impostos de importação no Brasil.
— Infelizmente, as barreiras protecionistas ainda constituem um obstáculo. Não podemos resolver este problema de modo bilateral, pois estamos vinculados à União Europeia. Nossos representantes em Bruxelas ilustram estas dificuldades para exportar os produtos italianos, especificamente ao Brasil, por causa dos altos impostos e também das normas europeias — explicou Pietro Celi.
A Itália e o Brasil, há anos, se empenham através de uma constante atividade entre as Câmaras de Comércio para tentar superar estas regras protecionistas que ainda impedem a plena abertura para intercâmbios. Com este propósito, ambos os países ativaram o “Mecanismo para monitorar o comércio e os investimentos bilaterais Itália-Brasil”, que se reuniu, pela primeira vez, em Brasília, em novembro de 2009 e, em seguida, em Roma, em abril de 2010, com a intenção de dar continuidade ao trabalho com outros encontros periódicos.