{mosimage}A ítalo-brasileira Rejane Cadore explica à Comunità como a técnica milenar do patchwork pode criar uma moda que respeita o meio ambiente através da criação de vestidos de papel ou de plástico inspirados no Cerrado brasileiro ou na Sardenha
Patchwork é uma palavra inglesa que quer dizer retalhos. Trata-se de um trabalho artesanal que a estilista Rejane Cadore aprendeu com a sua avó italiana, que fazia patchwork tridimensional geométrico, encaixando os tecidos.
— A cultura em casa era italiana e também a comida: comíamos massa e muita polenta, porque somos do Vêneto. Quando tinha nove anos, o meu pai me disse que eu tinha de aprender um trabalho manual — conta.
Daquele dia em diante, Rejane nunca mais parou. E desenvolveu uma técnica própria. O patchwork lhe permitiu fazer novas criações, com vestidos inspirados nas cores da região do Cerrado e nas formas geométricas de Brasília.
Gaúcha da cidade de Uruguaiana, mora na capital federal há vários anos. A sua paixão pela moda começou em 2005, quando venceu o concurso Capital Fashion Week, em Brasília, levando às passarelas um trabalho de patchwork e artesanato.
— De trezentas e poucas pessoas, fomos dez selecionados. Comecei a moda em patchwork nessa época, mas já uso essa técnica há quase 20 anos — conta.
O ano de sua revelação foi 2005, quando foi selecionada como novo talento para a primeira edição do Capital Fashion Week.
— Fiz um desfile conceitual, inspirado nas flores e nos animais do Cerrado. Usei cores mais escuras: amarelo, verde, marrom. E também fiz vestidos inspirados nos monumentos de Brasília, como a Catedral.
Um dos modelos, o vestido catedral, ainda é utilizado como um ícone para a propaganda do evento.
No ano seguinte, Rejane Cadore fez uma coleção inspirada nos símbolos indígenas, como o triângulo — que representa o jacaré. Entre outros trabalhos, fez uma coleção dedicada aos animais típicos do Brasil, como a arara e o tucano e, no ano passado, fez uma linha especial para a Copa do Mundo. Ela também participou de um projeto da universidade do Instituto de Educação Superior de Brasília, onde criou um vestido todo feito em jornais: uma verdadeira peça sustentável.
— Recortei livros e revistas, fiz tiras dobráveis e as fixei em um corpo, também em papel — detalha Rejane.
Sardenha, a outra paixão
Além da moda, a estilista tem outra paixão muito forte, ligada ao Belpaese. Rejane vai à Itália a cada três meses em busca de inspiração. Ela fez uma coleção chamada quattro mori, dedicada ao símbolo da Sardenha.
— Quando eu tinha 17 anos, me disseram que minha última encarnação foi em 917 e que eu era uma costureira e estilista que vivia na ilha da Sardenha. Eu não sabia onde era a Sardenha. Em 2005, depois do Capital Fashion Week, fui à Itália para estudar fashion designer no Instituto Marangoni, em Milão. Acabei conhecendo a ilha e me apaixonei pela terra. Criei coleções em homenagem à região, as quais, todos os anos, vendo na Itália, e fazem o maior sucesso — revela a ítalo-brasileira.
Esse amor pela região levou Rejane a tatuar o símbolo dos quattro mori no ombro direito.
— A Sardenha é mística e o meu sonho é viver lá, continuando a desenvolver as minhas criações. Aquele mar, aquele céu… inspiram vestidos diferentes. Aqui em Brasília, onde moro há dez anos, me inspiro muito na natureza e nas curvas dos monumentos brasilienses.
Entre os próximos projetos, está a retomada dos estudos de modelagem tridimensional e levar para a alta moda o seu patchwork.
— Essa técnica é milenar: desenvolve coisas diferentes com a criatividade. É uma técnica americana que no Brasil está sendo difundida através da reciclagem de tecidos. Com pedaços de tecidos, pode-se fazer um vestido bonito com um design único. É uma moda sustentável, pois consegue-se trabalhar patchwork com plástico e papel, respeitando o meio ambiente — avalia.
A estilista também se preocupa com o trabalho das mulheres que têm filhos.
— As minhas colaboradoras aqui no Brasil não precisam sair de casa para trabalhar. Elas são autônomas. Assim, dou oportunidade para as costureiras ficarem em casa e cuidarem dos filhos.