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Motivação além das fronteiras

Em tempos de crise econômica e política que atingem a população e causam depressão pela falta de esperança é comum escutarmos de pessoas próximas e de todo gênero e classe dizerem que vão sair do país em busca de dias melhores. Notícias e índices que mostram números negativos e um cenário desalentador fazem com que os planos das famílias mudem. O pior é que além da efetiva queda no desenvolvimento a nação se torna alvo de especulações que mexem com mercado, bolsas e bolsos e ficamos sob o julgamento das agências de rating, ou de classificação de risco de crédito.
A Itália passou por este ciclo de enorme fragilidade – e ainda não se recuperou plenamente – num passado recente, em que viu taxas de desemprego subirem, empresas fecharem as portas e ações ruírem da noite para o dia. Mas, ainda na busca pela estabilidade, uma das maiores preocupações italianas sempre foi a da fuga de seus jovens talentos e mentes brilhantes que migram para outros países.
Talvez pela enorme diferença demográfica ou mesmo por desatenção, não observamos por aqui este sentimento social de perda de valores. Uma consciência que a península itálica tem no gene por ter visto seus cidadãos, sempre inquietos, atravessarem terras e mares numa procura constante por campos férteis ao longo da história de guerras e conquistas.
Mas para o orgulho do país, a Itália, que tem mais de dois milhões de estudantes universitários, dá muitos nomes de sucesso em muitas áreas pelo mundo. Um deles é Luca Maestri. Aos 53 anos, dois deles à frente da gigante Apple no cargo de vice-presidente, responsável por uma fortuna de 200 bilhões de dólares e com salário superior ao do chefe da empresa de tecnologia, Tim Cook, ele é reconhecido por ter dobrado o faturamento da sociedade e por ter as finanças impressas em seu DNA.
Numa palestra para estudantes no início de maio, ocorrida no lotado cinema Odeon da capital das artes, Florença, Maestri tranquilizou a todos ao dizer que, na verdade, “trabalhar em uma outra nação é uma oportunidade que faz bem ao país. Não é simplesmente uma fuga, mas uma escolha de vida e cada italiano que fez estrada no exterior, antes ou depois, retorna com idéias, projetos, entusiasmo. Eu cheguei a decisão de sair do país, olhando para dentro de mim mesmo, interrogando-me sobre quais seriam os meus interesses e, sobretudo, as minhas paixões. Como aconselho que façam, porque entre sucesso e paixão existe uma forte correlação. Se existe esta força as possibilidades se amplificam graças também à determinação e ao espírito de sacrifício, mas também à inteligência emotiva útil para ler os eventos e entender no que se dedicar no momento certo”. Diante dessa afirmação surge ainda uma indagação a qual Maestri prontamente responde. “Se você permanecesse na Itália o sucesso seria o mesmo?”:
– O mundo se tornou global e existem muitas realidades por aqui de sucesso em setores como o design, a moda, a culinária que é imbatível. Todos podem chegar onde querem com idéias justas e vencedoras. A idéia vencedora da Apple, por exemplo, foi transmitida por Steve Jobs ao exigir o melhor produto do mercado, independente dos resultados, mas objetivando sim a máxima satisfação do cliente e com total atenção aos detalhes.
Quanto ao papel das publicações e da comunicação, ele afirma que terão novas metamorfoses, mas nunca morrerão. Sobretudo se contarem com jovens preparados e críticos.
Que o Brasil é um gigante com infinitas potencialidades todos sabemos. Está na hora de tutelar e dar mais atenção aos jovens brasileiros através da educação e de incentivos, dentro ou fora das nossas fronteiras, para que uma nova força motivacional surja e seja capaz de encontrar as justas vocações desta terra para que possamos ver mudanças de verdade.
Boa leitura!