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Muito além da Tela

16 de setembro de 2014 - Por Comunità Italiana
Muito além da Tela

Muito além da TelaComo uma cidade de dois mil habitantes se transforma através do cinema que invade ruas, becos e espaços ao céu aberto na região do Molise e cria um movimento de resistência cultural saboroso

A pequena cidade pode ser vista da estrada, longe, apoiada no topo de uma colina. Casacalenda, na província de Campobasso, tem pouco mais de dois mil habitantes que se multiplicam quando acontece o Film Festival Molise Cinema. Um único binário ferroviário da histórica estação de trem não dá conta de tantos cinéfilos disfarçados de turistas e vice-versa. Eles acabam chegando de carro, descortinando a cada curva as belezas desta região sujeita a muito sol, pouca chuva e terremotos, como em quase toda a Itália.
Lá de cima, do alto da cidade, em dias claros e sem neblina, podem ser admiradas as ilhas Tremiti, que parecem flutuar como nuvens sob o mar Adriático. Lá embaixo também está o lago artificial de Liscione, consequência da represa sobre o rio Biferno. Ela foi construída para abastecer as populações com água potável e irrigar a terra. A obra tem ainda uma complexa rede de viadutos que faz parte da malha rodoviária local.
Mas Casacalenda transborda de cultura, irrigada desde a primeira edição do festival de cinema da cidade, em 2003. De lá para cá, a sétima arte se transformou num encontro anual no mês de agosto e, quase diário, com a reabertura do Teatro Comunale, ou melhor, do cinema municipal, o “Nuovo Cinema Roma”, ocorrida em 2009 – depois seria rebatizado de Cinema Teatro K – e que era o objetivo primário da quermesse Molise Cinema, comemorada na sua sétima edição.
“Uma pequena, grande conquista, que faz do festival, não apenas um evento de verão mas, sim, um projeto de longa duração, que vai além do Molise e que tem a ver com cem, mil salas de cinema que podem ser reabertas nas pequenas cidades italianas. E representa ainda uma forma de resistência cultural diante da desintegração das identidades civil e coletiva, ao desaparecimento de locais públicos para o encontro da comunidade, à degeneração individualista do tecido social, à deriva baixa de tanta, tanta televisão”,  escrevem a dez mãos os sócios – entre eles o diretor artístico do festival, Federico Pommier Vincelli – da Associação Molise Cinema, responsável pelo evento. Sem dúvida, a história do Nuovo Cinema Roma teve um final feliz, sendo uma exceção que deveria se transformar em regra.
Porém, um cinema não basta para projetar uma programação composta de mais de cento e cinquenta filmes de longa e curta metragens, além de documentários. E eis que a sétima arte invade ruas, becos e espaços ao céu aberto, encantando ainda mais a magia cinematográfica da imagem em movimento. Telas e telões se espalham em pontos centrais do antigo burgo, que tem a forma de um bumerangue apoiado sobre a colina. Uma serpentina de pessoas caminham lentamente sob a luz dos lampiões entre os quatro locais de projeção: Cine Caradonio, Cinema Teatro, Arena e Cinestelle recebem as obras selecionadas e seus autores e produtores, atores e atrizes, técnicos que dão vida a um festival de resistência, uma barricada contra a mediocridade, uma trincheira escavada na certeza de estar do lado do certo, de onde se disparam mensagens de esperança aos quatro cantos do mundo. De onde tantos chegaram, afinal? Os organizadores receberam e tiveram o duro trabalho de selecionar cerca de cinco mil títulos de quase meia centena de países, obras que narram arquétipos universais como o amor, a imigração, as guerras, a solidão, a crise, a relação entre as diferentes gerações, a memória, a primeira infância, enfim, temas tratados nesta décima-segunda edição. Algumas das nações representadas são França, Itália, Rússia,  Brasil (com o curta, de 15 minutos, “A Tenista”, de Daniel Barosa, com Bianca Melo, Renata De Paula, Gabriel Godoy), Estados Unidos, México, Espanha, Suíça, Arzebaijão, Inglaterra, Alemanha, Canadá, Cingapura e Geórgia.
Em plena crise cultural e econômica, numa região ao sul da Itália onde os problemas grandes normalmente se transformam em enormes, o evento deste ano, mais uma vez, serve de exemplo de tenacidade. E, não por acaso, a imagem do catálogo traz a foto da atriz Claudia Cardinale, um olhar intenso, corajoso e meridional.
— Primeiro porque o nosso festival quer provocar reflexão, emoção e diversão. Segundo porque, apesar das dificuldades, a vida cultural italiana consegue manter-se em alto nível de qualidade e apostamos em novas linguagens e novos autores. Terceiro porque o nosso evento é fortemente radicado no nosso território e pretende ser para o Molise e para o Sul (com letra maiúscula) uma injeção de esperança e de ambição, num contexto de medo e de desconfiança do futuro — explica Federico Pommer Vincelli.
Mais claro do que isso somente as luzes das histórias projetadas. E que trazem narrativas nas quais o espectador tenta se identificar, em qualquer modo, com os personagens e as situações. E como as 90 cadeiras do Cinema Teatro K – normalmente lotadas nos fins de semana na cidade, graças a uma programação inteligente durante oito meses por ano e a adesão de boa parte das duas mil almas que habitam ali – são poucas, a elas se juntam outras centenas espalhadas pelas ruas, cada uma se transformando num passaporte para o “Cinema Paradiso” de  cada um dos espectadores, sem nostalgia do passado e em sintonia com o futuro.
E como virtude chama virtude, o encerramento do Molise Cinema coincide com a continuação do Cinema na Adega, ou seja, Cinema in Cantina, uma iniciativa do Movimento Turismo Vino Molise, onde os filmes são projetados dentro das cantinas do território. Cin Cin, em meio a 8 noitadas cinematográficas distribuídas ao longo dos meses de julho e agosto. Cinema e enogastronomia, onde uma receita vista durante o filme é reproduzida para os cinéfilos-comensais.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.