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Mural brasileiro

19 de maio de 2016 - Por Comunità Italiana
Mural brasileiro

Mural brasileiroArtistas paulistanos inauguram painel no centro cultural Pirelli Hangar Bicocca, um dos maiores espaços de arte contemporânea da Itália e da Europa

Os gêmeos Gustavo e Otávio Pandolfo desembarcaram em Milão a bordo de um trem, no Hangar Bicocca, um dos maiores espaços de arte contemporânea da Europa, equiparado à famosa Tate Gallery de Londres. Os dois artistas paulistanos desenharam um trem nas duas paredes externas do Cubo, uma estrutura com 25 metros de altura, o equivalente a um prédio de oito andares. A obra de arte foi a criação de um vagão de trem. Bem aderente à realidade, pois ali, num passado não muito distante, funcionava a antiga fábrica Ansaldo de turbinas e locomotivas. O espaço gigantesco foi incluído no projeto Efêmero. O nome já diz tudo e nada ali vai ser para sempre ou eterno. A obra de OSGEMEOS vai ficar exposta ao público e às intempéries durante um ano. Depois, deverá ser substituída por outro trabalho.
— Talvez fique até um pouco mais. Mas isso não nos preocupa. Uma vez que finalizamos uma obra já pensamos na próxima — afirma a dupla, na sombra do trem que parece saltar da parede.
Durante 20 dias, os dois brasileiros ficaram nas alturas, pendurados como alpinistas ou sobre pedestais, armados em dois guindastes. Debaixo de chuva ou de sol, em plena virada do inverno para a primavera, quando o clima é imprevisível e sem clemência alguma, com os desavisados sobre as variações bruscas e sem avisos prévios da meteorologia, eles trabalharam duro para pintar a frente de uma locomotiva do metrô de Milão, além de “pichar” o nome da mãe deles na parede lateral, concreta do Cubo, mas imaginária no vagão da obra dos artistas. O resultado foi um gigantesco mural, com cerca de mil metros quadrados de imaginação livre e muita criatividade. Pode ser visto à distância, numa bela, colorida e clara interferência no paisagismo urbano da cidade.
— Quando estamos pintando, nos abstraímos completamente, não ouvimos nada nem nos importamos com o vento. Vivemos em uma espécie de transe artístico, numa liberdade absoluta — afirmam em coro à Comunità.
 
Com 1500 tubos de spray, artistas coloriram as paredes antes cobertas pelo cinza e preto do smog
O Hangar fica a cinco minutos a pé da estação de trem de Greco Pirelli, bem ao lado do centro de pesquisa da fábrica Pirelli. Para chegar até ele, o visitante caminha por uma longa calçada retilínea, que acompanha um muro totalmente coberto de desenhos de writers, grafiteiros ou pichadores, todos autorizados pela prefeitura. Já do outro lado da rua, os muros dos prédios estão pichados por vândalos que deixam suas marcas e assinaturas em locais proibidos pelas autoridades. Antes de prosseguir a pé, chega-se até as imediações pelo metrô ou pela ferrovia, o transporte mais prático. O trem, ao se aproximar da estação nos trilhos em direção a Milão, passa pela gigantesca parede do Cubo do Hangar.
A parte frontal retrata um grafiteiro em ação, agarrado na dianteira da locomotiva em movimento. A fachada lateral traz o nome da mãe dos gêmeos, dona Margherita, bastante estilizada e com a dedicatória Love you mom. A homenagem foi uma surpresa, somente revelada através de uma fotografia entregue em mãos, pelos filhos, no retorno ao Brasil.
— Olha, se esta matéria for publicada online antes da nossa volta, não faça menção ao nome dela para não estragar a surpresa — pediram eles.
Entre a apresentação do projeto e a realização do mural, OSGEMEOS consumiram dois meses.
— Logo que vimos o local onde iríamos pintar, notamos que se parecia com um vagão. Era a nossa ideia inicial, pois o espaço fica ao lado da linha do trem. Claro que o nosso trabalho absorve também elementos que estão ao nosso redor — revelam.
Muitas vezes, a realidade atropela, literalmente, a fantasia e a criatividade. Os dois brasileiros estavam trabalhando no mural quando souberam que, durante a noite, um jovem morreu enquanto atravessava as linhas férreas para pichar alguns vagões estacionados num binário abandonado. O rapaz tinha nome e sobrenome, mas assinava seus rabiscos clandestinos como Slav. A dupla de artistas não pensou duas vezes em incluir no mural um broche que recordasse a vítima.
— Conhecemos bem este tipo de problema e respeitamos muito a necessidade que cada um tem de se expressar como queira. Quisemos realizar esta homenagem para ele, que nem conhecíamos — contam os brasileiros.
Perguntados se a figura no mural estaria subindo, descendo ou sendo atropelado, responderam que “seria preciso perguntar ao personagem”.
Eles gastaram 1500 tubos de spray e coloriram as paredes que estavam sujas de smog, cobertas de cinza e preto. A obra é uma realidade aumentada e verdadeira de cenas do cotidiano de cidades como Milão e São Paulo, com tantos writers que, conscientes ou inconscientes, buscam um lugar ao sol, ao custo de pesadas multas ou, pior e mais grave, ao custo das próprias vidas, na flor da idade. Um fato dramático que volta e meia ganha as páginas policiais dos jornais e que acaba servindo para embalar os sonhos e as esperanças de quem, num momento de distração ou ousadia extrema, paga com a abreviação inesperada da existência.
A cultura das pichações não pertence aos OSGEMEOS, ainda que existam tantos pontos em comuns. Eles transitam de uma escultura a uma pintura, de um mural a uma instalação e, desde os quatro anos de idade, desenham, desenham e desenham, incentivados pela família. Cada tentativa de rotular cai num breve esquecimento.
— A street art é apenas um aspecto do nosso trabalho; fazemos muitas outras atividades no mundo da arte, como pintura e escultura. Este é o nosso universo lúdico, e é isso que queremos transmitir — afirma o dueto mais que afinado.
— Como resolvemos as nossas divergências? Isso não ocorre porque concordamos em tudo, sempre — dizem, despedindo-se com um sorriso.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.