Um projeto de construção civil de mais de meio bilhão de dólares no Brasil que, pelos materiais utilizados, se tornará uma vitrine das excelências do made in Italy, e que propõe uma síntese arquitetônica inédita naquela latitude. Trata-se de um hospital, clínicas, um hotel, um shopping center e um centro de negócios que serão reunidos sob um único teto para criar uma espécie de “new town” dentro da intricada rede urbana da jovem capital Goiânia.
Quem idealizou o projeto e o modelo de negócio foi a equipe de Klinamen, sociedade de consultoria fundada em 2011 por Daniele Militello, que tem experiência na área de medicina, em Nova York, e como diretor artístico em Roma. Com a nova marca, faz agora sua grande estreia no palco da arquitetura em nível internacional. O projeto, rebatizado de Orion pelos quatro construtores sócios da joint-venture (Fr, Artefato Engenharia, Tropical e Urbanismo e Joule Engenharia), será apresentado em um pavilhão de 1.200 metros quadrados em Goiânia nos próximos dias, enquanto a primeira pedra será colocada em outubro com o fim das obras previsto para daqui a 36 meses.
O projeto é destinado a se destacar no skyline de uma cidade e tornar-se o centro nervoso da vida cotidiana. Nas três torres do complexo, a mais alta das quais terá 45 andares e uma praça para a decolagem e aterrissagem de helicópteros, serão instaladas 356 salas para clínicas, 14 salas cirúrgicas e 140 leitos, enquanto no setor comercial estão previstos um shopping center com 62 lojas e um hotel anexo com 260 quartos.
Os construtores preveem que Orion dará trabalho de forma direta para 800 pessoas e para outras três mil, considerando as atividades induzidas, enquanto o fluxo diário de visitantes deverá superar o número de dez mil.
— Operar no Brasil tem um gostinho particular, pois é uma economia em forte crescimento, onde é possível experimentar novos modelos arquitetônicos e fazer confluir em um mesmo lugar, como no clinâmen de Epicuro, elementos diferentes, que na aparência não se pertencem, mas da união dos quais podem nascer novas fórmulas vencedoras. É uma abordagem que também seguimos na seleção do pessoal: queríamos um time internacional, mas também com uma forte presença de pessoas do lugar, de modo a formarmos juntos algo de novo e de fortemente criativo — explica Daniele Militello ao jornal italiano Sole 24 Ore.
Aquilo que distingue em particular o projeto Orion é a vontade de fazer uma cabeça de ponte de penetração comercial do made in Italy.
— Nestes meses de preparação, nos demos conta das importantes barreiras protecionistas, colocadas para as importações dos produtos italianos no Brasil com frequência por causa das excessivas margens de lucro aplicadas pelos grandes operadores do setor. Nós trabalhamos com a atenção na criação de um inteiro segmento, que nos permite abater estes custos e de fazer chegar aos nossos clientes os produtos italianos com preços competitivos, percurso que as pequenas empresas sozinhas não conseguiam fazer — explica Militello.
Algumas das empresas já inseridas no segmento são a Sicis de Ravenna, que produz mármores e mosaicos de alta qualidade para pavimentos e revestimentos, e a Plh, que produz sistemas de controle para domótica, uma nova linha de produtos de luxo. A Gewiss de Bergamo fornecerá o suporte para o protocolo de automação Konnex, até agora utilizado somente na Europa e Estados Unidos, mas praticamente desconhecido na América do Sul. Contribuíram para o projeto também o Gruppo Ceramiche Florim, as Rubinetterie Signorini, a Nic Design e a Rexa Design. No futuro, o complexo Orion poderia se tornar só o primeiro de uma série: a ideia de fundo dos construtores é, de fato, aquela de realizar, aplicando o mesmo modelo de negócio integrado, complexos arquitetônicos polivalentes também em todas as outras capitais dos 26 estados da confederação do Brasil, mas ficando bem atentos para não impor em todo lugar fórmulas padronizadas. Neste caso, será seguida a mesma abordagem adotada em Goiânia, com a análise das exigências da comunidade local e projetos que procurem dar-lhes a melhor resposta possível.
(Il Sole 24 Ore)