Fortalecer as relações comerciais e diversificar os nichos de mercado entre Minas e Itália é a meta de Valentino Rizzioli, o novo presidente da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira do estado. Engenheiro de formação, foi enviado ao Brasil como o primeiro executivo da Fiat para participar da empreitada de expansão da empresa que, na época, expandia seus negócios pelo mundo. Ele, que é o atual presidente da Case New Holland do Brasil e vice-presidente executivo da Fiat, explica que sua proposta de trabalho inclui a ampliação dos acordos de cooperação bilateral, a atração de investimentos para Minas Gerais e a internacionalização das empresas locais. O foco no atendimento às demandas específicas dos associados, que hoje é um grupo seleto, ainda que diverso em portes e perfis, também será mantido.
As relações econômicas entre ambos os países avançaram em um ritmo extraordinário nos últimos anos. Minas se destaca no cenário nacional como um dos estados brasileiros onde há uma notável presença de empresas italianas, além de ser o primeiro no ranking de faturamento italiano no Brasil. A relação comercial apresenta um cenário bastante favorável, principalmente em setores de logística e de fabricação de peças automotivas. Há muito espaço para as áreas de serviços de alta qualificação, como o desenvolvimento de novos produtos e automação.
— Existem muitas oportunidades em setores tradicionais na Itália que são nichos de mercados potenciais ainda pouco explorados em Minas, como as tecnologias de packaging e a indústria de food processing, além das áreas de fármacos, cosméticos e da indústria da beleza (make up) — enfatiza.
Se por um lado existe uma crise na Europa, por outro, existe uma oportunidade de mudança para as empresas italianas buscarem novos mercados no exterior.
— De fato, os setores mais propensos à exportação estão apresentando resultados superiores em comparação àquelas que estão focadas no mercado interno italiano — observa.
A Câmara tem recebido muitas demandas autônomas de empresas italianas interessadas em prospectar negócios com importadores e distribuidores e, assim, tornarem presentes seus produtos no mercado mineiro. A Itália também tem intensificado o intercâmbio bilateral. Um exemplo foi a missão empresarial multisetorial organizada pela Câmara de Comércio da cidade de Pádua, que Belo Horizonte recebeu em outubro, bem como a presença de desks comerciais para as empresas das regiões de Friuli Venezia Giulia e do Piemonte dentro da entidade.
Novo presidente quer levar mais empresas brasileiras às feiras italianas
Rizzioli destaca que a Câmara tem um papel fundamental na concretização de ações em prol do desenvolvimento empresarial entre Minas Gerais e a Itália e no avanço dos acordos de cooperação entre os dois países. Além disso, cria condições para ações inovadoras no sentido de melhorar a rede de contatos entre os associados por meio de eventos, feiras e missões internacionais, o que contribui para a diversificação dos negócios.
— Por sermos uma instituição reconhecida pelo governo da Itália, trabalhamos em rede com as demais Câmaras italianas bilaterais presentes em todo o mundo, o que, consequentemente, multiplica a nossa capacidade de projetar e estender as chances dos nossos associados na prospecção de novos negócios nas principais economias do mundo. Além disso, fazemos parte da Eurocâmara de Minas Gerais, o que permite aos nossos associados criar sinergia e aumentar a rede de relacionamentos — detalha Rizzioli, que também quer divulgar mais no Brasil as feiras internacionais italianas, coordenar visitas e envolver associados de diversos setores, aumentando as exportações.
Um dos focos de Rizzioli é o projeto Desks, que deve ser incrementado. Atualmente há representantes do Piemonte, Lombardia, Vêneto e Campânia.
— O projeto Desks visa assistir as empresas italianas e mineiras interessadas no processo de internacionalização, com suporte na elaboração de análise de investimentos, joint ventures e acordos comerciais. Também tem como finalidade a promoção de acordos entre universidades no campo da pesquisa e do desenvolvimento, intercâmbio de estudantes e transferência de know how para o Brasil. Nosso objetivo é expandir a nossa presença em outras regiões na Itália — finaliza o novo presidente da entidade.