Crise econômica não impede aumento do fluxo turístico italiano em direção ao Brasil e visitantes começam a explorar metas menos tradicionais, como Brasília e Mato Grosso do Sul
A Itália ocupa o quinto lugar em número de turistas que visitam o Brasil. Além disso, se não considerarmos os visitantes da América Latina, que por razões óbvias de proximidade apresentam fluxos mais elevados, apareceria em um absoluto segundo lugar. Os dados da Embratur, revelados no ano passado, mostram que da Itália, em 2013, chegaram 233.243 pessoas ao Brasil. A tendência marca um aumento em relação ao ano anterior, quando os visitantes italianos não passaram de 230.114. Somente a Alemanha, entre os países não americanos, conseguiu fazer melhor, com 236.505 visitantes. Enquanto a realidade alemã segue sendo a mais sólida e robusta do panorama europeu, o aumento do fluxo turístico da Itália — um dos países mais atingidos pela crise econômica, obrigado a fazer as contas mesmo com o colapso do próprio turismo interno — surpreende.
O fascínio que o país exerce sobre o povo italiano é mesmo intransponível. Aposta-se, aliás, que os dados de 2014 registrarão mais crescimento na onda da grande atenção que as mídias italianas reservaram ao Brasil devido à Copa do Mundo, quando televisões e jornais foram invadidos por reportagens, documentários, serviços jornalísticos e propagandas que colocaram em evidência as muitas atrações e as incomparáveis belezas brasileiras. O fluxo de turistas explica-se também pela existência de uma forte comunidade ítalo-brasileira e pela intensificação dos interesses comerciais que unem os dois países.
Queda do turismo no Nordeste e aumento no Sudeste e Centro-Oeste
No plano do turismo, registram-se as maiores novidades: os italianos estão reajustando os destinos de viagem. As metas históricas mostram uma leve queda: sinal negativo para os estados da Bahia, do Ceará e, sobretudo, do Amazonas e do Rio Grande do Norte. Por outro lado, há mais visitantes nas metrópoles do Rio de Janeiro e de São Paulo — um fenômeno que certamente se relaciona com o aumento das viagens de negócios.
O turismo também começa a premiar os itinerários alternativos e as localidades menos conhecidas: aumenta a presença italiana na capital, Brasília, autêntica joia da arquitetura moderna, mas também no Mato Grosso do Sul, que hospeda cerca de 400 mil hectares de plantações florestais e numerosas espécies de animais. São ainda muito apreciados o estado do Pará e sua capital Belém; os atóis encantados de Santa Catarina e particularmente a capital Florianópolis, que se localiza numa ilha com mais de cem praias e; o Paraná, na fronteira com a Argentina, com as sugestivas cascatas do Iguaçu, que representam um espetáculo natural único no mundo. Resumindo: os italianos apertam o cinto, mas não deixam de viajar. Ao mesmo tempo, tornam-se mais exigentes e seletivos na escolha do destino e desejam explorar novos horizontes, lançando-se à descoberta de um Brasil mais remoto.
O aumento do interesse pelos destinos brasileiros foi, sem dúvida, favorecido pelo boom econômico, que permitiu tornar mais habitáveis e estruturadas muitas áreas do país, mas também pelo ótimo trabalho desenvolvido pelas instituições nacionais na divulgação do território. Não é uma coincidência que o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC), entidade que reúne os maiores empreendedores do turismo mundial, tenha classificado o Brasil em sexto lugar no ranking global da economia do setor: uma posição de extrema importância, obtida através do confronto com outros 183 países, com base em muitos indicadores, como a incidência do turismo no PIB, a criação de trabalho no setor e a geração de renda com o turismo internacional.