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Home > O aperto da bota

O aperto da bota

13 de fevereiro de 2012 - Por Comunità Italiana
{mosimage}Categorias profissionais como caminhoneiros, taxistas, advogados e até padeiros protagonizam manifestações em toda a Itália como resposta ao pacote de medidas decretadas pelo premier Monti, que visa modernizar o país e dar mais espaço aos jovens

No princípio foi o verbo. Agora é a ação. Nomeado ao cargo de primeiro-ministro para tirar a Itália das trevas da crise econômica, o professor Mario Monti conta com o apoio da maioria dos parlamentares e de grande parte da população. Mas as reformas estão provocando diversos protestos no país. Enquanto o plano de austeridade de 63 bilhões de euros era feito só de palavras, todos concordavam. Quando a teoria passou para a prática, começaram os protestos. Desde o início, Monti explicou que preferia adotar as medidas com decreto para acelerar a aprovação no parlamento.
Depois do decreto Salva Itália, o governo lançou a “fase dois”, que propõe medidas de crescimento com os decretos Simplifica Itália e Liberaliza Itália. 
O governo, formado por 16 ministros tecnocratas, pretende acabar com a burocracia e fazer a economia do país decolar para afastar o risco de recessão. Segundo as estimativas, o peso burocrático e a ineficiência da administração pública custam para as pequenas e médias empresas italianas cerca de 23 bilhões de euros por ano. 
Já o projeto de lei para liberalizar a economia italiana tem como principal objetivo fazer o PIB, a soma das riquezas produzidas pela nação, crescer dois pontos ao ano. 
— Considera-se que a economia italiana está bloqueada, e liberalizar os principais setores pode elevar o potencial de crescimento a 2%, enquanto o crescimento do PIB anual não superou a média de 1% nos dez últimos anos — explicou o economista Giuliano Nico, professor do Mip, a escola de comércio da Universidade Politécnica de Milão.

Modernizar a velha Itália
O governo Monti quer suprimir obstáculos que freiam o crescimento de um país em recessão, apesar da oposição dos setores mais atingidos. A proposta é a modernização da atividade econômica visando o incremento da concorrência, e também a simplificação do mercado de trabalho. Além disso, a União Europeia já havia alertado a Itália para o fato de que a abertura da concorrência é imprescindível. O atual primeiro-ministro foi comissário europeu da concorrência. Ele entende do assunto e fez deste tema uma das suas grandes prioridades de governo, citando o “desarmamento multilateral de todas as corporações” para abrir espaço aos jovens. 
Monti ressaltou a necessidade de “reduzir as proteções”, das quais é beneficiária “cada categoria na Itália, mais que em outros países”.
Com as novas medidas, os estudantes de profissões liberais poderão trabalhar dois anos antes de se formarem. O decreto prevê, entre outras novidades que, quem tiver menos de 35 anos vai gastar apenas um euro para abrir uma empresa no regime fiscal simplificado.
A associação de consumidores Adiconsum calculou que a queda dos preços provocada pela inevitável abertura à concorrência de muitos setores significará para as famílias italianas uma economia de mais de mil euros por ano.
Os planos do governo italiano são ambiciosos e corajosos, pois pedem sacrifícios que acarretam impopularidade: um risco que até então nenhum político teve coragem de enfrentar. 
As mudanças atingem várias profissões e diversos setores da economia: táxis, farmácias, transportes públicos locais, distribuidores de gasolina, de gás, seguradoras, bancos e profissionais liberais. As medidas previstas incluem o aumento do número das licenças de táxi e do número de farmácias, a liberdade de escolha dos fornecedores para alguns postos de gasolina e a abolição das tarifas mínimas de advogados ou notários.
Segundo a associação dos consumidores Cittadinanzattiva, a Itália detém o primado europeu da menor quantidade de táxis por habitante nas grandes cidades: em Florença a relação é de um para 613 habitantes; em Roma, de um para 457 habitantes; em Nápoles, de um para 422 habitantes e; em Milão, de um para 286 habitantes.
 
Corporações em pé de guerra e prateleiras vazias
As corporações mais atingidas estão em pé de guerra contra estas medidas. Os taxistas multiplicaram as greves em janeiro. Apesar das concessões obtidas pelos sindicatos, vão continuar os protestos.
— Endividei-me por 30 anos para pagar minha licença — justificou um taxista de Milão para explicar a frontal oposição ao aumento do número de táxis no mercado.
Sobre as farmácias, o limite de uma para cada três mil habitantes desaparece. Com isso, cinco mil novos estabelecimentos deverão abrir e definir o horário de funcionamento, assim como os plantões e as promoções dos remédios. Os médicos serão obrigados a receitar medicamentos genéricos.
Acaba também a tabela de honorários para advogados e cartorários, com exceção das liquidações judiciais e de processos ligados ao governo. Os advogados protestaram em diversas cidades italianas na ocasião da abertura do ano judiciário em 28 de janeiro. Naquele dia, em Nápoles, durante a cerimônia oficial no Castel Capuano, usando becas, os doutores entraram no nobre Salão dos Bustos com as bocas tapadas por esparadrapos como mordaças. A ocasião também serviu para recordar que, no país, quase 9 milhões de causas judiciais estão pendentes, das quais 5,5 milhões são causas civis e 3,4 milhões, penais.  
Outra categoria que protestou foi a dos caminhoneiros. A manifestação começou na Sicília e acabou contagiando todas as regiões. Durante quase uma semana, no final de janeiro, faltaram frutas, verduras e alimentos frescos em muitos supermercados. Eles são contrários ao aumento do preço dos pedágios, das taxas e do preço dos combustíveis. Neste campo, o governo já propõe uma solução: para baixar o preço da gasolina, acaba o contrato de exclusividade de uma companhia petrolífera com seus distribuidores. 

O pão nosso de cada dia
O decreto da simplificação mexe até com os padeiros. Na Itália, por incrível que pareça, era proibido vender pão fresco nos domingos e feriados. Alguns supermercados não respeitavam esta norma e nunca ninguém chamou a polícia para repreendê-los. O paradoxo é que, ao invés de celebrar esta decisão do governo, os padeiros protestaram com frases como “deixem-nos dormir pelo menos uma noite”. Eles argumentam que varam a madrugada trabalhando para fazer o pãozinho quente de manhã. 
“A questão dos padeiros e a fragilidade dos seus argumentos, contrários à liberalização, é a fotografia desta Itália de 2012, onde se protesta a prescindir, quase como se fosse impossível se subtrair da retórica do lamento”, comentou o jornalista Dario Di Vico em artigo de opinião publicado no Corriere della Sera.

Combater o parasita 
social: o sonegador  
O governo Monti quer se livrar de uma das principais pragas que afligem a economia da Itália: os sonegadores. As operações de fiscalização foram intensificadas, principalmente em lugares símbolos de riqueza, com o objetivo de transmitir a mensagem de guilhotinar a sonegação dos impostos. Os controles feitos durante as badaladas de final de ano em Cortina D’Ampezzo são exemplos. Recentemente, 600 agentes realizaram uma blitz em Milão e autuaram os comerciantes que sonegavam impostos. Segundo os dados desta operação, 30% dos fiscalizados não declaravam corretamente as entradas. Isso significa que, de cada três comerciantes milaneses, um não declara corretamente o que ganha.
A  União Europeia, em agosto do ano passado, fez um estudo sobre a sonegação das taxas nos 27 países do bloco. A Itália ficou no pódio dos sonegadores. Segundo o instituto italiano de estatísticas Istat, 120 bilhões de euros são sonegados a cada ano, sendo que o valor da economia submersa italiana é ainda maior: 275 bilhões de euros.   

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.