{mosimage}Entidades públicas e privadas se reúnem no Rio em busca de soluções renováveis para o desenvolvimento econômico. Experiência italiana teve destaque durante o The Italian Way
Novas soluções para o estabelecimento de uma economia sustentável estiveram em debate durante o Global Green Business Rio, evento prestigiado por representantes de governos, empresas e entidades internacionais, de 1º a 3 de junho, no centro financeiro do Rio de Janeiro, na sede da Firjan.
O tema ganha cada vez mais força, impulsionado pela necessidade de revitalização e planejamento urbano na cidade que sediará os Jogos Olímpicos de 2016, lembrou, na abertura, o presidente do Conselho Empresarial de Meio Ambiente da Firjan, Isaac Plachta. Ele chamou atenção para a escrita de “uma nova história com novos conceitos”, graças a pessoas e ações que mudam comportamentos e causam impactos locais e gerais, a partir de ideais simples ou geniais.
Diante do diretor-geral do Ministério do Meio Ambiente da Itália, Corrado Clini, do Embaixador italiano no Brasil, Gherardo La Francesca; do presidente do ICE, Giovanni Sacchi e do diretor da agência Rio Negócios, Marcelo Haddad, que representava o Prefeito da cidade, foram apresentados alguns dos projetos “verdes” colocados em prática por administrações públicas e privadas italianas, sobretudo com o uso de energia renovável em setores diferentes da economia, como construção civil, transporte e arquitetura.
— Nossas empresas possuem muitos recursos e experiências na economia verde para atuar nos preparativos pra os jogos no Rio — defendeu Corrado Clini.
A iniciativa de mostrar ao público brasileiro as experiências italianas de sucesso partiu da Câmara de Comércio e Indústria Ítalo-brasileira do Rio de Janeiro, cujo diretor, Pietro Petraglia, esteve presente.
O chairman do Grupo Brasilinvest e diretor do Fórum das Américas, Mario Garnero, destacou a presença de empresas italianas no local.
— Sou paulista, mas reconheço que o país está sendo puxado pelo Rio. O evento abre um leque de oportunidades para que se busquem parcerias com os italianos — afirmou.
Desafios
A parceria Rio-Londres também foi citada pelo embaixador britânico Alan Charlton, presente no auditório no primeiro dia do encontro.
— As Olimpíadas de 2012, em Londres, serão os jogos mais sustentáveis do planeta. Estamos trabalhando com o Rio de Janeiro com o mesmo objetivo para 2016 — afirmou.
Os problemas habitacionais enfrentados pelas populações das grandes cidades foram destacados pelo diretor-geral da ONU-Habitat para a América Latina, Alain Grimard. As mudanças climáticas e a economia informal existente em larga escala nos países em desenvolvimento agravam a situação, lembrou Grimard, que pediu medidas urgentes para reduzir a emissão de gases poluentes.
Conciliar a preservação da Floresta Amazônica com as necessidades de crescimento econômico é o “desafio” do Amapá, afirmou o governador do estado Camilo Capiberibe.
— Que a Amazônia se transforme em uma oportunidade de riqueza para as populações locais e para o capital. Para realizar esse projeto ambicioso, precisamos da cooperação do governo federal e da iniciativa privada. Queremos, sim, a exploração dos nossos minérios — anunciou.
Italian Way
Durante o seminário batizado de The Italian Way, na tarde do dia 2 de junho, o diretor da Sogesid, Vincenzo Assenza, explicou ao público o tipo de trabalho desenvolvido pela empresa no suporte ambiental ao governo italiano em locais como a Sicília, sobretudo no tratamento hídrico de lagoas e praias, por causa da poluição causada pelas indústrias.
— Atuamos para evitar que a poluição terrestre chegue ao mar, com barreiras físicas e hidráulicas, onde são tratadas as águas poluídas.
A técnica pode se levada para outros países — resumiu.
A assessora de meio ambiente do Comune de Parma, Cristina Sassi, mostrou, em detalhes, o projeto de sucesso que transformou a cidade em modelo de “ecocity”, antes classificada como uma das piores do país em planejamento urbano sustentável. A expansão da rede de ciclovias, a chamada bioedilizia e o incremento do transporte coletivo que prioriza o trajeto casa-escola-trabalho fazem de Parma, hoje, a primeira cidade ecourbana da Itália, explicou Sassi.
Casos de projetos de eficiência energética implantados nas vilas olímpicas de Pequim, em 2008, foram relatados por sociedades especializadas como o Consorzio Venezia Nuova, a Favero & Milan Engineering, a Arendi, a Iguzzini e a D'appolonia.
O embaixador Gherardo La Francesca apostava na criatividade italiana como parceira do Brasil.
— A parceria estratégica já estava prevista no acordo assinado por Lula e Berlusconi, em abril de 2010. Na Itália, há uma grande quantidade de pequenas empresas que podem oferecer soluções a cidades brasileiras. Cada cidade tem problemas diferentes. Isso exige flexibilidade e soluções sob medida — explicou à Comunità.
O diretor do Ministério italiano do Meio Ambiente, Corrado Clini, afirmou que as negociações no Rio de Janeiro começam agora.
— Temos forte colaboração no setor de bioenergia, com a USP e as secretarias de agricultura e meio ambiente do estado de São Paulo. Agora, começamos nossos contatos com a prefeitura e o governo do Rio para colaborar com o setor das fontes renováveis em elétrica e iluminação, em vista dos jogos, como fizemos em Pequim, em 2008 — contou à Comunità.
Livro verde é lançado
Com alterações climáticas que mobilizam chefes de Estado, o aquecimento global já não é mais o protagonista dos assuntos referentes ao meio ambiente. O que fazer para amenizar seus efeitos e prolongar a vida dos recursos naturais que é a questão — não apenas para ser discutida, mas para gerar iniciativas concretas, reunidas em um livro que conta detalhes de 100 projetos de sucesso testados na última década e que contribuíram para a preservação do ecossistema através da Economia Verde.
O Bright Green Book ou Livro Verde do Século 21 foi apresentado ao público em 3 de junho, último dia do Rio Global Green Business, com a presença de personalidades e representantes empresariais nacionais e do exterior. Dentre eles, o Embaixador da ONU no Brasil, Jorge Chediek, e o ex-governador da Toscana, Claudio Martini. Quem marcou presença também foi o secretário estadual do Meio Ambiente, Carlos Minc.
— No estado do Rio, criamos a Secretaria Especial de Economia Verde. Mas, não adianta termos um discurso ecológico e darmos subsídios às empresas de carvão. As secretarias devem falar a mesma língua. É necessário olhar para trás e fazer um balanço. A febre planetária está aumentando. Nosso esforço tem que ser redobrado — alertou Minc.
O livro foi realizado em parceria com a Agência Brasileira de Investimentos Climáticos, a ONU-Habitat, o Ministério das Relações Exteriores, a Prefeitura do Rio de Janeiro e o Banco do Nordeste. Para Robson Oliveira, presidente do EUBRA e organizador do evento, “a Economia Verde movimenta, hoje, bilhões de dólares mundialmente, com expectativas de atingir um trilhão de dólares anuais a partir de 2014, mudando totalmente o panorama econômico vigente, com a inclusão de países como a China, Coréia e África do Sul”.
Embaixada pioneira
Um dos projetos apresentados, contemplado na publicação, foi a Embaixada Verde. A iniciativa italiana tem como objetivo utilizar a luz solar. Todavia, esbarra em obstáculos financeiros para ser ampliado.
— A Embaixada criou um centro de pesquisa. Estamos experimentando uma maneira de aplicar a energia total, com um sistema de troca de energia. É importante entender como uma planta solar pode ter sustentabilidade econômica. Essa planta foi desenvolvida sem orçamento especial. Mas, as baterias são muito caras ainda. A gente tem esperança de que possa dar uma pequena contribuição para enfrentarmos os grandes desafios que o Brasil tem na questão ambiental — afirmou o Embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca.
Réquiem para um sonho
Há anos o advogado italiano Giancarlo Cignozzi esteve no Brasil acompanhado de um amigo psicoterapeuta. Na viagem, visitou aldeias indígenas e participou de um ritual. Lá, Carlo teve um sonho que mudou sua vida.
— Nesse sonho vi pássaros coloridos, cantando, sobrevoando vinhedos. As uvas pulsavam como corações. E então, o xamã falava pra mim: o teu futuro é a música e o vinho.
Giancarlo decidou abandonar a carreira em Direito e dedicou-se ao estudo das uvas aliado à musicoterapia. Hoje, cuida do vinhedo Paradiso di Frassina, em Montalcino. Através de pesquisa da Universidade de Pisa, ele descobriu que a música clássica, particularmente as obras de Mozart, torna os frutos mais robustos e saborosos, e que os insetos fogem ao entrarem em contato com a música. Não se reproduzem, não proliferam – o que livra as plantações das pragas e diminui os custos de produção. Nada de produtos químicos para melhorar a qualidade da fruta ou extirpar erva daninha.
As experiências com a música são antigas. O japonês Masaru Emoto escreveu o livro Mensagens da Água, onde publicou fotografias de estruturas dos cristais da água. As imagens mostram formações mais suaves e harmônicas quando a água entra em contato com palavras positivas e músicas eruditas. Quando exposta ao heavy-metal e a expressões negativas, a estrutura dos cristais fica com aspecto ruim. Exatamente como comprovou a pesquisa italiana.
— Com música do Mozart, os cristais são lindos. Na universidade, os pesquisadores disseram que, para fazer bem às uvas, a música tem que ser soft, como um mantra — explica — explica Giancarlo.
Aniversário socioambiental
Em 10 de julho completam-se 22 anos da criação do Fundo Nacional do Meio Ambiente. Resguardado pela Lei nº 7797, sua missão é financiar a Política Nacional do Meio Ambiente. Até hoje foram mais de 1400 projetos concretizados. O FNMA é referência pelo processo transparente e democrático na seleção de projetos. Dezessete representantes de governo e da sociedade civil compõem o conselho deliberativo.