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Home > O cronista das malocas

O cronista das malocas

16 de agosto de 2011 - Por Comunità Italiana

{mosimage}Um dos maiores nomes da música popular brasileira, Adoniran Barbosa ganha álbum em sua homenagem

Em comemoração ao centenário de nascimento do sambista Adoniran Barbosa, completados em 2010, o produtor musical Thiago Marques Luiz organizou o álbum Adoniran 100 Anos, que em julho passado ganhou o Prêmio da Música Brasileira Vale de 2011, na categoria projeto especial. 

— Não esperava receber esse prêmio, já fui indicado outras vezes e nunca ganhei, então fiquei muito feliz. É um reconhecimento do trabalho que não é só para mim, mas para uma equipe imensa de cantores, músicos, pessoas que ajudaram no projeto de diversas maneiras.

O produtor conta que convidou mais de 30 artistas de diferentes gerações e estilos. Ele chamou para o projeto nomes consagrados, como Cauby Peixoto, Dominguinhos, Zélia Duncan e Arnaldo Antunes, além de novos talentos como Diogo Poças e Verônica Ferriani. Participantes ativos da trajetória do sambista, os Demônios da Garoa também gravaram para o álbum.

— Acredito que, dentro do repertório de um compositor genial como o Adoniran, cabem todas as tribos. Todos podem dar sua contribuição e fazer uma leitura própria da obra de Adoniran — disse.

Adoniran 100 Anos é composto por sucessos como Trem das Onze, Saudosa Maloca e Samba do Arnesto, e canções que foram pouco gravadas, como Nóis Não Usa as Bleuque Tais, Mãe Eu Juro e Jabá Sintético. Luiz disse que sua intenção foi mesclar as composições mais famosas com outras menos conhecidas, e que quis “introduzir novidades”, mas que também colocou “músicas que as pessoas esperam ouvir”.

Origem italiana

Filho de imigrantes italianos, João Rubinato nasceu na cidade de Valinhos em 6 de agosto de 1910. Ainda jovem abandonou a escola e foi trabalhar com o pai na companhia ferroviária São Paulo Railway, no interior do estado, carregando lenha e paralelepípedos e entregando marmitas. No início da década de 1930, mudou-se com a família para a capital paulista, onde trabalhou como vendedor de tecidos em uma loja da Rua 25 de Março.

Aventurou-se pela primeira vez no mundo da música em 1934, participando de programas de calouros em rádios paulistanas. No ano seguinte, após muita insistência, foi contratado pela Rádio São Paulo para trabalhar nas transmissões de Carnaval da emissora.  Ao longo da década de 1940, João Rubinato tornou-se conhecido por estrelar diversos programas de humor e produções dramáticas na Rádio Record.

Em 1945, faz suas primeiras participações no cinema, nas chanchadas Pif-Paf e Caídos do Céu, rodadas no Rio de Janeiro pela produtora cinematográfica Cinédia.

Foi na década de 1950 que lançou algumas das canções que mais tarde entrariam para a história da música brasileira. Na época, porém, as composições alcançaram pouco ou nenhum sucesso. Somente em 1955, com a regravação de um de seus sambas pelo grupo Demônios da Garoa, João ficou conhecido como compositor. O disco foi um sucesso de vendas e ele se tornou o compositor do momento.

Continuou atuando com êxito como humorista na Rádio Record, no programa Histórias das Malocas, onde interpretava o personagem Charutinho. Com o sucesso, o programa foi levado à televisão e seu elenco fazia também apresentações circenses. Na década de 1970, participou de novelas como Ovelha Negra e Mulheres de Areia, na TV Tupi.

Este ano, João Rubinato completaria 101 anos. Morreu em 1983, aos 73 anos de idade, mas deixou de herança centenas de canções que falam principalmente sobre a São Paulo dos meados do século XX. Ainda na década de 1930, culpou seu nome, “italiano demais para cantar samba”, pelas dificuldades no início da carreira. Foi então na pele de Adoniran Barbosa que João Rubinato se tornaria um dos maiores sambistas do Brasil.  

Múltiplos talentos

Com atuações no rádio, televisão e cinema, Adoniran pode ser considerado o primeiro artista multimídia do Brasil. Com muita criatividade e um grande poder de improvisação, Adoniran desempenhou um papel importante na história do rádio brasileiro, ao criar personagens que caíram nas graças do público da época. Falando a mesma língua dos mais pobres, ele deu vida aos hilários personagens Barbosinha Mal-Educado da Silva, Zé Conversa e Charutinho.

No cinema, além das comédias e chanchadas rodadas na Cinédia, Adoniran participou do filme O Cangaceiro, em 1953. Dirigido por Lima Barreto, o filme ganhou o Prêmio Internacional de Filmes de Aventura no Festival de Cannes. Seu desempenho no longa foi muito elogiado e rendeu novos papeis na produtora Vera Cruz. Filmou Esquina da Ilusão e Candinho, com Mazzaropi.

Adoniran só ficou realmente conhecido como compositor depois que a canção Saudosa Maloca foi gravada pelo grupo Demônios da Garoa. A  partir daí, não parou mais de emplacar sucessos nas rádios brasileiras. Gravada em 1965, Trem das Onze tornou-se uma verdadeira febre nos salões e clubes do Rio de Janeiro. Em plena terra do samba, a canção paulista venceu o concurso oficial de músicas do carnaval carioca.

No ano seguinte, a versão italiana de Trem das Onze, intitulada Figlio Unico, foi lançada na Europa pelo cantor Riccardo del Turco. Alcançou o oitavo posto nas paradas da Itália e foi o 60º disco mais vendido no país naquele ano, com 94 mil cópias.

Somente em 1974, aos 64 anos de idade, foi que Adoniran Barbosa gravou seu primeiro LP, reunindo 12 composições de uma obra até então toda dispersa. Com produção musical do amigo João Carlos Botezelli, mais conhecido no meio artístico como Pelão, o álbum foi lançado pela gravadora Odeon.

Paixão por São Paulo

Assim como falou do Jaçanã em Trem das Onze e Pincharam a Estação no Chão, Adoniran Barbosa usou diversos bairros e pontos da cidade de São Paulo como tema e personagens de seus sambas. Cantou a Vila Mariana, o Cambuci e o Ipiranga em Bazares, a avenida São João em Iracema, a avenida 23 de Maio em Triste Margarida e o Brás em Samba do Arnesto.

Em seu inventário musical da capital paulista, estão ainda Rua dos Gusmões, Viaduto Santa Ifigênia e Praça da Sé, lançada por ocasião da reforma do marco zero da capital. Adoniran tanto cantou a cidade, que seu nome acabou batizando o sambódromo paulista.

Mas foi o Bexiga — destino de grande parte dos imigrantes italianos que se mudaram para São Paulo — o bairro que se tornou sua musa inspiradora, onde até hoje uma estátua de Adoniran decora a praça Dom Orione. Outro reduto de imigrantes vindos da Itália, a Móoca também foi cantada nos versos de Adoniran. Apesar de considerar seu nome de batismo italiano demais para um sambista, o compositor nunca deixou de lado suas raízes. Seus pais, Fernando Rubinato e Emma Richini, vieram da cidade de Cavarzere, na região do Vêneto, no final do século XIX, para fugir da pobreza e tentar uma nova vida no Brasil.

Por meio de sua música, Adoniran foi um dos mais talentosos cronistas da cidade de São Paulo, ao retratar os costumes e o cotidiano das camadas mais pobres da população. Em seus sambas, reproduziu a fala inculta dos imigrantes e paulistanos que viviam nos bairros mais simples de São Paulo, com expressões que misturavam várias línguas, como “mezza notte o’clock”, de Um Samba no Bexiga e os verbos errados de Samba do Arnesto.

Já em Samba Italiano, Adoniran compôs uma letra totalmente em italiano. Mesmo com a barreira da língua, a canção não deixou de fazer sucesso no Brasil.

Thiago Marques Luiz acredita que tanto o álbum Adoniran 100 Anos quanto as demais homenagens ao centenário do sambista não têm o papel de resgatar a memória de Adoniran Barbosa ou de apresentá-lo às novas gerações.

— Ele nunca foi um artista esquecido. Não tem lugar onde não se cante Trem das Onze e Saudosa Maloca. Adoniran sempre esteve na moda — concluiu.    

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.