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O destino da Telecom

15 de outubro de 2013 - Por Comunità Italiana
O destino da Telecom

5Venda do maior conglomerado italiano de telecomunicações à Telefônica espanhola deixa italianos em estado de choque e uma incógnita sobre o futuro da Tim Brasil

As multinacionais estrangeiras fazem suas compras na Itália. Enquanto o circuito franco-holandês Air France-KLM toma o espaço da Alitalia, a principal empresa italiana de telecomunicações se torna espanhola: Telecom Itália, de fato, agora pertence aos ibéricos da Telefônica. Os espanhóis, que já detinham 46% da Telco, a holding que controla 22,4% da Telecom Itália, alcançarão, progressivamente, os 70%. Em uma primeira fase, firmaram o aumento do capital de 324 milhões de euros, que servirá para reembolsar os débitos da controladora com data limite em novembro. Isto comportará uma redistribuição das ações, fazendo com que controlem 66% da Telco, dos quais apenas 46,2% com direito a voto, enquanto a Generali ficará com 19,32%, dos quais 30,6% com direito a voto. A Telefônica, em seguida, procederá a um novo aumento do capital para um valor de 117 milhões de euros, chegando à compra de 70% da Telco.
O verdadeiro objetivo do grupo espanhol, muito além das declarações de fachada, não parece ser o mercado italiano, e sim a América do Sul — mais precisamente a Tim Brasil, que detém grande potencial de crescimento e representa o patrimônio mais atrativo da Telecom Itália. Através da Tim Brasil, querem consolidar a própria presença no mercado brasileiro. Mas existem complexos equilíbrios e jogos de poder, sujeitos a negociações prévias. No horizonte, contudo, existe um obstáculo para superar a Vivo, a maior operadora ativa no Brasil: já controlada pela Telefônica, após a aquisição da Telecom, está pronta para avançar o sinal vermelho da lei contra o monopólio. Eloquentes foram as declarações do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, que explicou claramente que a Telefônica não poderá controlar contemporaneamente Vivo e Tim, pois aconteceria uma concentração excessiva, não permitida pelas leis nacionais em matéria de concorrência. Bernardo acrescentou que, se a decisão final fosse a venda da Tim Brasil, esta deveria acontecer em um ano. O provável, a essa altura, seria a divisão da empresa.
Segundo os rumores mais confiáveis, Tim Brasil poderia terminar no centro de uma repartição entre a própria Telefônica, o grupo AmericaMovil e Oi-Brasil. O valor estimado da fatia brasileira estaria em torno dos 8 bilhões de euros, mas no cenário atual resultaria difícil maximizar a venda do patrimônio mais precioso para Telecom.
A venda da Tim Brasil é amplamente apoiada na Itália: a ideia é que uma operação assim, além de permitir fazer uma reserva, reforça o patrimônio, contribuindo para evitar o downgrade das agências. E consentiria ao grupo liberar economias que poderiam ser investidas na Itália. Por outro lado, contudo, há quem ache que uma eventual concessão das atividades na América do Sul, ou seja, o carro-chefe da gestão, não somente limitaria o crescimento do grupo, mas muito provavelmente, não seria nem mesmo capaz de evitar o downgrade, pois os tempos técnicos necessários para levar a cabo a operação podem ser muito longos. A única saída, que parece ser aceita pelo presidente de Telecom, Franco Bernabè, parece ser a recapitalização.

Itália assiste à perda de uma empresa símbolo do país e dez mil empregos correm risco
A Itália está em choque: a perda de uma das empresas símbolo teve um forte impacto na opinião pública, já com a moral prejudicada devido à crise. Bernabè ressaltou à opinião pública que “a Telefônica se tornará acionista de referência de uma sociedade que ficará cotada com cerca de 85% do capital no mercado, incluindo as ações de poupança”.
O presidente da República não escondeu sua inquietude e desejou encontrar-se com Bernabè, chamado à comissão de obras públicas do Senado. O vice-ministro do Desenvolvimento, Antonio Catricalà, foi explícito ao expressar seu desapontamento com as formas através das quais a operação foi conduzida.
— Ninguém nos advertiu, se o tivessem feito teria sido melhor — foi a indireta de Catricalà aos sócios.
O premier também se manifestou sobre o assunto.
— Observaremos, avaliaremos e vigiaremos a questão dos empregos. É esta a nossa primeira preocupação, mas não podemos esquecer que Telecom é uma sociedade privada — disse Enrico Letta.
Correm risco, em Roma, 12 mil empregos, e os funcionários da empresa, através dos sindicatos, exigiram clareza e garantias para o futuro. Entre os trabalhadores, ainda é viva a lembrança dos tempos da privatização, quando a Telecom herdou a velha Sipcerca de 25 mil empregados e iniciou a redução progressiva de sua força de trabalho. Mas se a defesa dos padrões de trabalho é uma prioridade, isto é, ao menos, o controle da rede telefônica.
— A venda aos espanhóis da Telefônica nos coloca sérios problemas de segurança nacional. A rede Telecom é a estrutura mais delicada do país, através da qual passam todas as comunicações dos cidadãos italianos, compreendidas aquelas mais reservadas — avisou Giacomo Stucchi, presidente do Copasir, o comitê de controle dos serviços secretos.
As comunicações nacionais e o tratamento de dados sensíveis não podem terminar, de repente, nas mãos dos portadores dos interesses estrangeiros, pensam muitos. Entre 2009e 2011, as autoridades judiciárias italianas autorizaram quase 400 mil interceptações telefônicas — quase todas da rede gerenciada pela Telecom. Letta se expressou com extrema clareza, dizendo que “a rede é um patrimônio estratégico e por isso deve ser defendida”.
Depois que Letta ditou a ordem, o governo rapidamente arregaçou as mangas, movendo-se em uma via dupla: por um lado, se prepara para o lançar um regulamento “golden power”, ou seja, com poder de veto e de controle do Estado, sobre as operações da Telecom que se referem à linha; por outro lado, se volta para a separação do núcleo dos negócios da empresa, instituindo uma nova sociedade que veta os depósitos na poupança e empréstimos no papel de acionista de referência. A adoção de um regulamento pode acontecer diretamente através de um decreto do premier, sem precisar passar pela avaliação parlamentar. Se assim se verificasse, o “golden power” permitiria ao governo impor níveis adequados de modernização e manutenção, a partir do momento que o setor é estratégico para a segurança nacional. Mas o jogo parece mais intrincado, ainda que o vice-ministro Catricalà tenha explicado que a separação “pode-se fazer, também, por lei”, por meio de uma norma que impede a sociedade de gerenciar, contemporaneamente, o serviço telefônico e a linha, o que lançaria a possibilidade do nascimento de uma nova empresa. A Itália, em tempos de crise, se sente mais fraca e exposta e agora corre o risco de abrir uma nova transação ligada ao controle da Alitalia. O país, que não aceita se tornar um supermercado para estrangeiros, tem medo de ver-se mais pobre e deparar-se sem bases para um novo futuro.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.