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Home > O Dom da comunicação

O Dom da comunicação

25 de abril de 2013 - Por Comunità Italiana
{mosimage}O ítalo-brasileiro Dom Orani João Tempesta assume, no dia  19 de abril, a Arquidiocese do Rio de Janeiro defendendo a “unidade  na diversidade”. É dessa forma que acredita ser possível combater as divisões existentes na Igreja Católica diante do enfrentamento de  problemas sociais como o recente abuso sexual seguido do aborto  de uma menina de 9 anos, em Pernambuco. Aos 58 anos, ele chega à capital fluminense vindo da  Arquidiocese de Belém, no Pará. O bispo nascido em  São José do Rio Pardo, interior paulista, é presidente  da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e  Comunicação Social da Confederação Nacional dos  Bispos do Brasi (CNBB). Para ele, a  evangelização deve penetrar diferentes  mídias, como o Youtube, canal em que o  Vaticano se lançou no início deste ano.  De Roma, onde participava de um seminário  sobre Comunicação, Dom Orani concedeu uma  entrevista exclusiva à Comunità, por e-mail:  — É impossível trabalhar hoje na  evangelização sem utilizar a mídia e, em especial,  as assim chamadas novas mídias — afirma.
 
 

ComunitàItaliana – Como  o senhor recebeu a notícia da nomeação para  Arquidiocese do Rio  de Janeiro?
Dom Orani – Com surpresa e, ao mesmo tempo, muito respeito  e responsabilidade pela missão que Deus, através das mediações  da Igreja, me confia. Conheço o Rio de Janeiro como todas as  pessoas do Brasil conhecem, porém pretendo conhecer agora em profundidade e, principalmente, a Igreja do Rio de Janeiro, sua  missão e sua história.

CI – Que problemas acredita que  serão os mais desafiantes no Rio?
DO –
Só mesmo conhecendo profundamente.  A imprensa destacou muito, em perguntas, a  questão da violência, que não é exclusividade do Rio. Creio que  encontrarei tudo o que existe no Brasil, pois acredito que o Rio  seja um resumo do Brasil.

CI – Problemas como a falta de  segurança e garantia de direitos básicos dos cidadãos resultaram  em diversas manifestações na gestão Dom Eusébio. O senhor  acredita que a Igreja possa se aproximar da política sem que  haja um conflito?
DO – A Igreja tem suas próprias convicções e liberdade de pensamento  e de direcionamento. Porém,no trabalho social, temos  consciência de que são necessáriasparcerias e um trabalho com  todos, inclusive com os governantes,e também outras igrejas,  religiões, associações, para um trabalho mais eficaz.

CI – O que o fez seguir a vida religiosa?
DO – A vocação é, e sempre será,  um mistério. Porém, posso ver ossinais desde o início na família.  Depois, na participação na paróquia de São Roque, em São José  do Rio Pardo. Mais tarde, o dom que o Senhor colocou no profundo  do coração para deixar tudo e segui-lo no serviço aos irmãos e
irmãs. A decisão definitiva desse  passo foi dada quando estava cursando o atual ensino médio,  na época, curso colegial.

CI – Recentemente a Igreja foi muito criticada pela atuação nocaso da menina de 9 anos vítima de abuso pelo padrasto no Recife. O senhor acredita que a  postura da Igreja diante dos problemas do século 21 deva sofrer mudanças?
DO – A Igreja tem uma responsabilidade  que não depende da votaçãoda maioria e sim de princípios  que marcam a sua vida. É por issoque ela é defensora da vida em  todas as etapas e situações. Como tem a missão de evangelizar, sabe  que o mundo futuro depende muito das posições que hoje tomamos.  Acredito que neste caso a pergunta mais importante e que não foi  feita é: porque esses fatos ocorre me porque estão aumentando?

CI – Depois do fenômeno Padre  Marcelo Rossi, tornou-se públicaa existência de outras correntes  de evangelização na Igreja. Atualmente, o sucesso do Padre  Fábio de Melo tem sido apontado como canal para aproximação  com os jovens. Como o senhor avalia a influência e os avanços  desses movimentos na constituição da assembléia hoje?
DO – Cada pessoa tem seu carisma  e é muito bom ver as pessoas convictas e coerentes serem  canais de graça de Deus e conseguirem levar Jesus Cristo a todos,  em especial à juventude. Todos esses irmãos necessitam deum acompanhamento próximo  para que, na unidade da Igreja, sirvam com alegria e disponibilidade  ao povo de Deus.

CI –
O senhor concorda que a  Igreja passa por um momento de crise nas vocações?
DO – Na minha experiência acho  que sucede exatamente o contrário.Apesar de toda propaganda  contra a Igreja Católica e apesarda divulgação de fatos isolados  como se fossem comuns e uma regra, vejo muitos jovens pedirem  o ingresso na vida consagrada e sacerdotal. O que é necessário  é um acompanhamento personalizado, pois hoje o jovem ao  entrar traz consigo muito mais questionamentos que no passado.  Hoje, existem outros tipos de pessoas consagradas que estão  assumindo um belo trabalho na Igreja enquanto que as antigas  formas de consagração passampor um amadurecimento e redescoberta do carisma.

CI – “Para que todos sejam um” é  o lema de seu episcopado. O queo senhor acredita que seja necessário  para que essa seja uma máxima entre os católicos?
DO – É para todos os cristãos, pois  é uma palavra exigente de Jesus no Evangelho. Para que o mundo  creia. Ele nos pede a unidade, que não significa uniformidade,  mas unidade na diversidade, no respeito às diferenças, mas acolhendo- nos e aceitando-nos uns aos outros.

CI – O senhor preside a Comissão  Episcopal para a Cultura, Educaçãoe Comunicação Social. Que  trabalhos foram realizados comêxito até aqui e quais os planos da  comissão para os próximos anos?

DO – Esta é uma resposta que exigiria  muitas páginas, pois somoscinco bispos dessa comissão que  realiza uma diversidade de trabalhotanto aqui no Brasil como nos  seus relacionamentos com o CELAM(América Latina) e com os  Pontifícios Conselhos. É uma comissãode fronteira e de diálogo  com a sociedade, além do trabalhocom os grupos e meios da igreja  católica. Acredito que são muitosos êxitos e o plano bienal da CNBB  aponta ainda mais trabalhos paraos últimos dois anos que ainda  nos restam para essa missão.

CI – O senhor esteve em Roma para um seminário sobre Comunicação  no mês passado e, no iníciodo ano, a Igreja lançou seu  canal no Youtube. Como a Igrejapercebe as novas tecnologias e  de que forma sua passagem pelo Rio de Janeiro pretende privilegiar  essa área?
DO – O encontro em Roma foi para os bispos  responsáveis pelosetor comunicação  das conferências episcopais  e estivemos em quase 90 conferências representadas dos cinco  continentes. A presença da Igreja não se resume nos meios de comunicação, mas é uma preocupação  de trabalhar o processo de comunicação do ser humano que  é muito mais amplo. A presençano Youtube demonstra a presença  em todos os novos e modernos meios. É impossível trabalhar hoje  na evangelização sem utilizara mídia e, em especial, as assim  chamadas novas mídias.

CI – Além desse compromisso, a passagem por Roma teve algum envolvimento com sua posse?
DO – Esse encontro do Pontifício  Conselho de Comunicações já estava agendado desde o ano passado,  por isso nada teve a vercom a minha nomeação. Porém, aproveitamos para conversar com alguns amigos em Roma sobrea minha missão.

CI – O senhor tem ascendência  italiana?
DO –
Meu pai veio da Itália com  meus avós e seus irmãos, quandotinha 5 anos. Na Itália temos muitos  familiares, porém distantes,pois meus avós vieram ao Brasil  com toda a família. Eles são daRegião de Abruzzo, entre L’Aquila  e Rieti. Algumas vezes encontrei familiares na Itália e até celebrei  em um encontro da família, numdesses anos. Normalmente, quando  vou à Itália, a visita é maisa Roma onde tenho as reuniões  e os trabalhos. Porém, é um paísque sempre nos reserva belos locais  para visitar e nunca terminamosde admirar as suas belezas.

CI – Como percebe a participação  da comunidade italiana na igreja do Brasil?
DO – A Igreja do Brasil deve muitas  características aos imigrantes  italianos que, vindo para cá,  trouxeram a sua religiosidade e  seu entusiasmo católico. No passado, os italianos foram presenças  marcantes nesse trabalho.  Hoje, muitos dos seus descendentes estão presentes na Igreja  e trazem no coração o exemplo  de seus antepassados. Muitas  devoções e santos e muitas maneiras  de celebrar se deve a comunidadeitaliana.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.