{mosimage}Referência no setor de calçados e roupas, Itália participa de grandes eventos de moda no Brasil para promover a exportação e selar parcerias
Elegância, apresentação de tendências e foco no bem-estar. Essas são algumas características do panorama fashion do Couromoda e do Prêt-à-Porter, eventos que aconteceram no início de janeiro em São Paulo. Ambos apresentaram novidades da coleção do Outono/Inverno 2013 e garantiram grandes negócios. Realizadas pelo Grupo Couromoda, as duas feiras movimentaram a capital paulista e injetaram mais de R$ 100 milhões na economia da cidade através de gastos com hotéis, restaurantes e serviços de lazer. Direcionados a profissionais dos setores de confecção, calçados e acessórios, os salões receberam 110 mil visitantes entre lojistas, industriais e importadores de 60 países.
A Itália, que coincidentemente tem o formato geográfico de bota, também é famosa por seus calçados de alta qualidade e acabamento perfeito. O país marcou presença na Couromoda através do Marche Shoe Group, consórcio de exportação que trouxe 10 fabricantes italianas de sapato. A São Paulo Prêt-à-Porter expôs confecções de roupas do Belpaese através da parceria firmada com a Ente Moda Itália. O presidente do Grupo Couromoda, Francisco Santos, salientou que os eventos foram importantes para os lojistas que adquiriram peças exclusivas e para os fornecedores que garantiram os lucros pelos seis primeiros meses.
— Como as duas feiras aconteceram simultaneamente, oferecemos ao varejo uma visão completa da moda da temporada, com racionalização dos custos de viagem e milhares de opções para os compradores. Tudo isso na melhor data para o lojista definir suas compras: duas semanas após as grandes vendas de final de ano, hora de repor estoques e começar uma nova estação — ressaltou Santos.
O Made in Italy que atesta a qualidade e autenticidade italianas foi apresentado pelo Marche Shoe Group na Couromoda. Esse consórcio de exportação organiza a participação de empresas italianas em feiras internacionais, missões e workshops nos mercados externos. O consórcio trouxe para o Brasil produtos de 10 empresas do setor de calçados, dentre elas a Baby Ketty com seus sapatos infantis; as marcas Bagatto, Vittorio Virgili e Dino Bigioni, especializadas em calçados masculinos, vendidos hoje nos principais mercados da Europa, África, Oriente Médio e Estados Unidos; as empresas Fabi e Mac Dugan, que vestem pés femininos e masculinos; a Icone e a Forte, que utilizam o estilo contemporâneo em seus calçados; a Galmen de Alessandro Melchiorri, com seus calçados artesanais; e Guido Sgariglia, com suas obras-primas travestidas em sapatos e acessórios com cristais Swarovski.
De acordo com Francisco Santos, essa foi a primeira participação de associados do Marche Shoe Group na Couromoda, acertada com o presidente do consórcio italiano Arturo Venazi, durante encontro em Milão. Santos lembra que esse tipo de acordo estreita ainda mais o comércio de artigos de couro entre Itália e Brasil. Ele acrescenta que dados do Sistema Moda Itália (SMI), comprovam que o país é um grande fornecedor de sapatos: nos primeiros nove meses de 2012, as exportações italianas para o Brasil cresceram 37,2%. Francisco acrescenta que por causa desse fator é importante rever políticas de importação para que consumidores brasileiros tenham cada vez mais acesso a produtos italianos.
— Os negócios de calçados entre os dois países sofrem dificuldades devido à crise europeia, mas seguem ativos, tendo em vista a importância do mercado italiano no contexto mundial. A importação de sapatos italianos para o Brasil cresceu de 80 mil pares (US$ 12,7 milhões) em 2011 para 113 mil pares (US$ 14 milhões) em 2012. Já as exportações brasileiras para a Itália praticamente caíram pela metade: de três milhões de pares em 2011 (US$ 67,8 milhões), recuaram para 1,3 milhões de pares (US$ 16 milhões) em 2012. O sapato italiano paga taxa de importação de 35%, somada a impostos internos para entrar no Brasil — enfatizou o representante da Couromoda.
Ele explica que esse valor é aplicado igualmente aos demais fornecedores internacionais.
— Existe a expectativa de que possamos vir a ter, num futuro não definido, um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, o que possibilitará um intercâmbio maior — complementa.
O presidente da EMI, Antonio Gavazzeni, também falou sobre as altas taxas de importação que prejudicam as parcerias e o investimento externo no Brasil.
— O mercado brasileiro ainda é altamente protegido, caracterizado por impostos aduaneiros elevados. Em contrapartida, demonstra um grande potencial para o produto italiano. Estamos confiantes que, a médio prazo, haverá mudanças significativas nas políticas protecionistas e que a evolução delas vai premiar as empresas e marcas que se estabelecem no mercado brasileiro. No Prêt-à-Porter, as nossas empresas mantiveram encontros com representantes de distribuição multimarca de altíssimo nível, bastante interessados em nossas coleções e em um produto com imagem diferenciada — avaliou Gavazzeni.
Grupo Couromoda mantém parcerias com as italianas Anci, Micam e EMI
O Ente Moda Itália, juntamente com o Sistema Moda Itália, apresentou no São Paulo Prêt-à-Porter pela segunda vez o projeto promocional Italian Fashion, patrocinado pelo Ministério italiano do Desenvolvimento Econômico, para facilitar a presença do setor têxtil no mercado brasileiro e sul-americano. O projeto trouxe para o salão de negócios, a empresa Mastro Moda, confecção que produz roupas masculinas e femininas em tecidos naturais; e a Max Martini, fabricante de camisas e jeans para homens, mulheres e crianças. O presidente do Grupo Couromoda lembrou que a instituição representada por ele sempre teve ótimo relacionamento com associações e feiras italianas que comercializam moda.
— A Couromoda tem uma parceria de longa data com a Associação Italiana da Indústria de Calçados (Anci) e com a Micam, a mais importante feira de calçados do mundo, realizada em Milão. Há mais de 20 anos visitamos a Micam, onde coordenamos a presença de grupos de empresas brasileiras no evento ou promovemos a participação isolada da Couromoda. Nos últimos três anos, estreitamos também nossa parceria com o EMI, que tem trazido empresas italianas de confecções para participar da São Paulo Prêt-à-Porter, buscando não apenas as vendas diretas, mas acordos de distribuição e cooperação. E com o Instituto Italiano para o Comércio Exterior (ICE) sempre tivemos um excelente relacionamento — lembrou Francisco.
O EMI é muito importante para o mercado, tendo em vista que promove as conhecidas feiras de moda Pitti Donna, Pitto Uomo e Pitt Bimbo, em Florença, ressalta Francisco. Além disso, no ano passado, o Instituto Europeo di Design (IED) realizou palestras no Prêt-à-Porter e este ano apoiou o evento.
Na Couromoda, Fabio Aromatici, diretor geral da Micam, e Roberto Foresti, diretor de atividades internacionais da Fiera Milano, anunciaram que a primeira edição da Micam fora da Itália está marcada para acontecer entre os dias 9 e 11 de abril, em Shanghai, na China. O projeto, que pretende levar para a Ásia as coleções dos grandes produtores de calçados do mundo, é uma iniciativa da Anci, da Fiera Milano e da Hannover Milano Fairs Shanghai. A feira contará com expositores da Itália, Brasil, França, Portugal, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Ucrânia e Turquia, que vão expor produtos na faixa de preço entre médio a alto e artigos de luxo.
— Não escolheremos as empresas por seu país de origem, mas pelo produto que fabricam. Por essa razão, empresas chinesas serão aceitas, desde que tenham um produto com alto valor agregado — explica Aromatici.
O coordenador de projetos da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) Cristiano Korbes destaca que o evento será importante para a indústria brasileira, que tem potencial para atingir o grande mercado da classe média chinesa, formada por 300 milhões de pessoas. Ele ressaltou que o trabalho de transformação é feito em relação ao produto brasileiro e não segundo a faixa de preço. De acordo com Korbes, o mais importante é que as empresas brasileiras tenham estratégias de produção, busquem o equilíbrio na relação custo-benefício e firmem parcerias duradouras com empresas estrangeiras.