Equipados com colchonetes e sacos de dormir, cerca de sete mil jovens italianos estão a caminho do Rio de Janeiro para participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que acontece entre os dias 23 e 28 deste mês, e também para poder encontrar o papa Francisco, o primeiro pontífice latino-americano e o primeiro oriundo, filho de imigrantes do Piemonte.
— Vou para respirar a atmosfera brasileira, para encontrar o papa e também os peregrinos de todo o mundo — declara à Comunità Emanuela Frisoni, que participa da JMJ junto com o grupo de 23 jovens da Comunidade Papa Giovanni XXIII, da cidade de Rimini, na Emília-Romanha.
Ela conta que está muito entusiasmada, pois, além de atuar como responsável pelo grupo, preparou, junto aos jovens, dois projetos artísticos que serão apresentados durante a jornada no Rio. O primeiro acontece no dia 24, às 14 horas, na Concha Acústica da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Trata-se de um show de musica étnica da banda “Asa Branca”, que nasceu em 2001 em homenagem a Luiz Gonzaga. O segundo é o espetáculo teatral sobre a figura do padre italiano Oreste Benzi, Com os sapatos sempre nos pés, que será apresentado no dia 26, no Teatro Odylo Costa Filho, também na UERJ, às 14 horas.
— Vou com um mandato: levar os conteúdos importantes para a nossa comunidade, através do teatro e do concerto, para compartilhá-los com outros peregrinos — declara emocionada Emanuela, que vai trazer a filha Martina, de 16 anos.
Para a missionária, o papa Francisco é responsável pela aproximação entre os jovens e a Igreja.
— Através dos seus discursos, quer modernizar a Igreja, simplificando-a — afirma.
Da mesma opinião é o padre Maurizio Tremolada. Ele guiará um dos grupos da Diocese de Milão para a JMJ, e revela que alguns jovens decidiram participar depois da eleição do novo pontífice.
Entre as suas expectativas, está a de conhecer a Igreja Católica no Brasil, uma instituição jovem, ao contrário do que acontece na Itália, onde as comunidades são formadas, em sua maioria, por pessoas mais velhas.
— O Brasil é um país que vive de uma forma muito forte a multirreligiosidade e o multiculturalismo. É interessante ver como eles vivem a evangelização porque poderia ser o futuro da Itália. Além disso, vamos para uma nação que sempre foi pensada como terra de missão, porém agora a coisa se reverte: é a Itália que deve ser evangelizada — ressalta Tremolada.
Da Diocese de Milão participam 225 pessoas. Trata-se de um número menor se comparado aos 6700 da última JMJ, realizada em Madri, em 2011, admite Andrea Ferrario, responsável pelo serviço jovem da Diocese de Milão.
— Isso ocorre devido à distância e ao custo da passagem e também porque muitos jovens estão ocupados em outras atividades relacionadas ao verão em oratório. Alguns rapazes se autofinanciaram através de espetáculos teatrais e obras de artesanato.
Dos 225 peregrinos, 64 jovens chegarão a São Paulo uma semana antes e serão hospedados na Paróquia de Nossa Senhora das Graças. Esse evento se insere no âmbito da “Semana Missionária”, de 16 a 20 de julho, quando serão organizadas atividades culturais, sociais e espirituais.
Na hora de tomar os contatos e organizar a viagem, o idioma não parece ser um obstáculo. Andrea explica que conseguiram se comunicar com os responsáveis da paróquia paulista escrevendo um pouco em italiano e um pouco em português.
Os jovens de Milão da JMJ têm entre 17 e 30 anos. Todos fazem parte de grupos juvenis da paróquia.
— Para os que não irão ao Rio de Janeiro, já estão sendo organizados outros encontros em nível regional, para que eles também possam assistir à vigília com o papa — explica dom Maurizio.
No dia 27, data da vigília de orações com o pontífice, os jovens dormirão ao ar livre, no Campus Fidei, em Guaratiba. No dia seguinte, o papa argentino encerrará o evento com uma missa.
Segundo o responsável pelo grupo de Milão, a novidade desta JMJ é o encontro entre os jovens judeus, muçulmanos e católicos, marcado para 21 de julho, na Pontifícia Universidade Católica (PUC), demonstrando uma abertura por parte da Igreja Católica.
Muitos peregrinos italianos estão entusiasmados e curiosos por ser a primeira vez que cruzam o Atlântico. Mas há quem já esteja no Rio, como Filippo Salvi, um voluntário de 28 anos, que se ocupa das inscrições dos grupos italianos e dos problemas nos pagamentos de todos os participantes da Jornada.
Filippo conta que a ideia que tinha do Brasil não mudou muito ao chegar ao país.
— Antes de viajar, esperava um país cheio de contrastes e com grandes desigualdades sociais, e assim foi. O que não imaginava era a grande alegria e a espera pela JMJ.
O voluntário de Roma acredita que será um grande evento, em que os jovens poderão compartilhar a “alegria de crer em Deus e encontrar a força para testemunhar a fé”.
As regiões italianas com mais peregrinos são Toscana, Puglia, Úmbria, Triveneto (Vêneto, Friuli Veneza Júlia e Trentino-Alto Ádige) e Lombardia.
Como todos os anos, os fiéis do Belpaese receberão um kit constituído por uma mochila com itens fornecidos pelo Serviço Nacional de Pastoral Juvenil. Normalmente contém um chapéu, o manual do peregrino, uma toalha para colocar no chão durante a grande vigília, a bandeira italiana, uma lâmpada e uma capa de chuva. Porém, alguns objetos mudam, dependendo das características do país anfitrião. Em 2008, em Sydney, para aquecer os peregrinos, continha um poncho e um cachecol. Já em Madrid, em 2011, incluía um chapéu para se proteger do calor intenso. Este ano, é provável que contenha um par de óculos de sol para enfrentar o forte sol do Rio de Janeiro.
Jornada terá “Casa Italia” em Copacabana e festa italiana no Maracanã
Os peregrinos italianos serão hospedados em estruturas comunitárias, como igrejas, salões, ginásios, escolas, auditórios e casas de famílias.
Para os momentos de catequese que unem palestras, fóruns e momentos de oração foram selecionados 273 locais espalhados em 10 regiões do Rio de Janeiro, e dioceses vizinhas, chamadas de subsedes, como Niterói, Nova Iguaçu e Duque de Caxias.
Os locais da catequese serão 133 sedes em língua portuguesa e 50 em espanhol. As outras línguas principais do evento estarão distribuídas da seguinte forma: 25 locais em inglês, 15 em italiano, 15 em francês, oito em alemão e cinco em polonês. Ao todo, haverá catequese em cerca de 20 idiomas, inclusive em árabe, croata, dinamarquês, esloveno, grego, tcheco e russo.
Além disso, de acordo com a Conferência Episcopal Italiana (CEI), será instalada, em Copacabana, na paróquia São Paulo Apóstolo, a Casa Itália — uma espécie de quartel-general para orientar os italianos do Serviço Nacional Pastoral juvenil, onde estarão voluntários para dar suporte aos vários grupos.
Uma festa italiana está programada para acontecer no dia 24 de julho, as 16 horas, no Maracanãzinho, aberta a toda a comunidade. Os organizadores da delegação italiana ainda não divulgaram os nomes dos artistas italianos que vão participar.
Os protagonistas da festa que animarão a cena cantando músicas italianas são Zero Assoluto, Ron, Francesco Renga e Chiara. O show será transmitido ao vivo para Itália através da rádio e televisão italianas (RAI).
Através da parceria com a Tim, os missionários italianos no Brasil têm à disposição um número gratuito para necessidade de informações da rede diplomática no país: 0800 704 8354, o qual poderão chamar de qualquer telefone brasileiro — público, fixo ou celular. Ou então podem ligar de algum telefone estrangeiro para o número: 041 31 3211 8921 ou +55 31 3211 8921, para obter informações e assistência em língua italiana. O número gratuito estará ativo de 17 a 29 de julho, de 8h às 20h, e de 23 a 29 de julho, por 24h.